Investigação laboratorial na fibromialgia

As doenças autoimunes andam de mãos dadas. Por exemplo, cerca de 40% dos pacientes com hipotireoidismo autoimune desenvolvem fibromialgia, doença que caracteriza-se por dor muscular difusa associada à alterações no sono, fadiga, memória e sintomas neuropsíquicos. É prevalente em cerca de 6% da população mundial. Muitos pesquisadores defendem que cuidar dos hormônios da tireóide é fundamental.

O hormônio tireoestimulante (TSH) é produzido no cérebro, na adenohipófise e controla a produção dos hormônios da tireoide T3 e T4. A dosagem do TSH é importante no diagnóstico não só do hipo e hipertireoidismo, mas também para controle de doenças autoimunes em geral. Estudos indicam que para pessoas com propensão a doenças autoimunes o TSH deve ser mantido abaixo de 2,5 UI/mL (ao invés de 5,6 UI/mL, como indicado para pessoas típicas). Também é importante pesquisar como andam os valores de ferritina (valores altos indicam inflamação), B12, B9 (atuam na metilação), vitamina D (regula autoimunidade), proteína C-reativa (marcador de inflamação), anticorpos (inclusive para glúten), parasitoses, IGF etc.

Doença autoimune tem cura?

Esta é a clássica pergunta de quem é recém diagnosticado com uma doença autoimune. Infelizmente ainda não há cura, mas há controle. Existem mecanismos e tratamentos extremamente eficazes que proporcionam uma significativa melhora na qualidade de vida e no quadro inflamatório de qualquer paciente. Um dos pontos é cuidar do intestino!

MICROBIOTA E FIBROMIALGIA

Acredita-se que existam gatilhos para a doença autoimunes. Estudos mostram que subprodutos do metabolismo bacteriano e fragmentos de bactérias podem causar estímulo ou inibição dos receptores dolorosos via ativação imune, e ainda efeitos secundários no sistema nervoso central pela maior produção de neurotransmissores que podem promover mais fadiga e disfunção cognitiva (piora da memória, falta de foco...).

Os autores mostram que o perfil de microbiota em pacientes com fibromialgia é diferente de outras doenças reumatológicas, o que inclusive corrobora o conhecimento atual de que os mecanismos causais são diferentes entre elas (Minerbi, & Mary-Ann Fitzcharles, 2020). Para uma microbiota boa é fundamental o consumo de alimentos antiinflamatórios, ricos em fibras, frutas e vegetais, reduzir tudo o que tiver açúcar, alto índice glicêmico, consumir menos óleos refinados e carnes gordurosas.

Biointestil ou PB8 (600mg, antes de dormir), NAC (200 mg, 3x ao dia), cloridrato de betaína (150 mg, antes do almoço e jantar) e BIOMAMPS são suplementos interessantes na fibromialgia pois melhoram microbiota, digestão e reduzem inflamação. Para ajuste de doses e individualização marque uma consulta.

COMO LIDAR COM A FADIGA?

Para muitas pessoas com doença autoimune, a fadiga é o sintoma mais debilitante. A fadiga é diferente do cansaço que sentimos após o dia de trabalho ou após uma sessão de treino na academia. É uma sensação de exaustão que persiste durante todo o tempo e que interfere no bom funcionamento geral. É um componente de diversas doenças autoimunes como fibromialgia, artrite reumatóide e síndrome de Sjogren. Preste atenção ao seu corpo, seu ritmo. Permita-se descansar. Planeje suas atividades com antecedência, priorizando o que de fato importa.

Também é importante adotar uma dieta saudável, rica em todos os nutrientes que precisa. Mas não coma demais, nem o tempo todo, pois isso pode piorar os sintomas. Eu sei que pode ser difícil, mas atividade física regular é fundamental para o controle da doença e bem estar geral. Durma mais cedo e encontre apoio. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/