Por que a dieta mediterrânea protege tanto?

A dieta mediterrânea ou de padrão mediterrânico tem sido associada a um menor risco de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, protegendo também contra vários tipos de câncer. As dietas mediterrâneas são bastante variadas em composição, dependendo do país que estamos falando, mas compartilham algumas características comuns.

Entre os múltiplos componentes benéficos da dieta mediterrânea, destaca-se a utilização do azeite como principal fonte de gordura na alimentação. Seus compostos fenólicos são capazes de reduzir inflamação, neutralizar radicais livres e até regular genes. Um dos biofenóis da azeitona, o hidroxitirosol, reduz o estresse oxidativo, os danos celulares, melhora o funcionamento hepática e regula genes, principalmente por meio do processo de metilação (D’Adamo et al., 2019; Bordoni et al., 2020).

A Dieta Mediterrânea (MedDiet) ajuda na prevenção de doenças cardiovasculares. Esses benefícios cardiovasculares foram atribuídos a uma série de componentes da dieta como ácidos graxos monoinsaturados, vitaminas antioxidantes e fitoquímicos. Pessoas com variação do gene TCF7L2 ) podem apresentar mais alterações em órgãos alvo como coração, pâncreas, fígado, cérebro, intestino e também no tecido adiposo. Contudo, a boa adesão à dieta mediterrânea é capaz de reduzir vários riscos à saúde destes órgãos (Corella & Ordovás, 2014).

Gene TCF7L2 rs7903146, alelo T é fator de risco para doenças cardiovasculares, esteatose, diabetes, inflamação (Corella & Ordovás, 2014).

Contudo, a alta adesão à dieta mediterrânea melhora a saúde por mecanismos como metilação e regulação da expressão de microRNAs.

Principais efeitos do azeite e / ou seus compostos fenólicos na metilação do DNA em relação a diferentes propriedades biológicas. As setas “↑” e “↓” indicam aumento e diminuição da metilação do DNA, respectivamente (Fabiani, Vella, Rosignoli, 2021).

Os efeitos dos fenóis na expressão de miRNAs têm recebido a maior parte da atenção dos últimos estudos. Esta modulação contribui para os efeitos protetores do azeite de oliva, sendo um alimento indicado na proteção contra diversas doenças.

AZEITE DE OLIVA COMO ATENUANTE DO ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo multifatorial e tecido-específico que envolve diversas alterações orgânicas. As "marcas do envelhecimento", incluem instabilidade genômica, encurtamento de telômeros, alterações epigenéticas (incluindo prejuízos na metilação), disfunção mitocondrial, perda de proteostase (forma das proteínas), detecção desregulada de nutrientes, exaustão de células-tronco e comunicação intracelular alterada. Praticamente todos esses fatores podem ser regulados por nutrientes presentes no azeite de oliva extra-virgem (del Río et al., 2016). A dieta adequada é particularmente importante em populações que possuem envelhecimento celular mais acelerado, como pessoas com trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down):

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/