Genes e ambiente aumentam o risco de esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado)

O fígado é um órgão essencial para o equilíbrio de gorduras, carboidratos e até hormônios em nosso corpo. Armazena vitaminas, minerais e glicogênio. Sintetiza lipoproteínas, bile e várias proteínas. Converte amônia à uréia. Elimina substâncias tóxicas, dentre tantas outras funções. Por isso, quando o fígado não funciona bem não há como a pessoa ter saúde completa.

Uma doença cada vez mais comum é a esteatose hepática não alcoólica. Nela, há um acúmulo de gorduras no fígado, devido à uma combinação entre genética (polimorfismos de UCP2, PNPLA3, TM6SF2) e alto consumo de calorias, gordura, frutose, resistência à insulina, diabetes, dentre outros fatores.

Neste vídeo explico o metabolismo da frutose e sua interação com o fígado. A frutose pode ativar fatores de transcrição como SREBP1c e ChREBP que facilitam o acúmulo de gordura no fígado. A figura abaixo mostra mecanismos moleculares desencadeados pelo consumo excessivo de frutose e que aumentam o risco de síndrome metabólica, resistência à insulina e obesidade.

Fazem parte da terapêutica nutricional:

  • Redução do consumo de frutose, presente em grande quantidade em alimentos que contenham açúcar (sacarose) de qualquer tipo (branco, demerara, cristal, mascavo), mel, xarope de milho, xarope de frutose, cereais, mel, sorbital e produtos caseiros ou industrializados feitos com eles, como refrigerantes, sucos de caixinha, doces, bolos, comidas rápidas, fast food . Lembre que mesmo comidas salgadas como hamburgueres, molho de tomate, pizzas podem conter açúcar. Leia os rótulos.

  • Adote a dieta antiinflamatória e aumente o consumo de fibras solúveis, presentes em verduras, aveia e leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, soja, grão de bico).

  • Consuma frutas com baixo teor de frutose como morango, amora, mirtilo, framboesa, kiwi, pêssego, abacate, limão, lima. Laranja e toranja com bagaço também são ótimas opções por serem ricas em fibras e também vitamina C, que diminui a inflamação do fígado;

  • Inclua fontes de carotenóides na dieta. Alimentos como batata doce, cenoura, espinafre, abóbora, melão, alface, pimentão, pêssego, brócolis, vagem, possuem altos níveis de carotenóides, antioxidantes que associam-se a redução significativa da esteatose hepática não alcoólica (Christensen, Lawler, Mares, 2019).

  • Trate o intestino. Uma microbiota ruim, cheia de bactérias patogênicas aumenta a quantidade de toxinas e inflamação no corpo, o que está ligado à esteatose. Trate a disbiose intestinal para melhorar a saúde do fígado e de todo o corpo (Ji et al., 2019).

  • Converse com seu nutricionista sobre a suplementação de fitoterápicos ou alimentos que ajudam a tratar a esteatose, como silimarina, Cynara cardunculus, curcumina, berberina, canela, acetilcarnitina, são alguns dos compostos que podemos utilizar para o tratamento da esteatose. Discuto mais no curso de fitoterapia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/