Mielinização inadequada no autismo e no TDAH

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A mielinização insuficiente, provavelmente causada pela falta de oligodendrócitos maduros, está ligada ao distúrbio do espectro do autismo, de acordo com um estudo realizado em ratos e cérebros de cádaveres humanos (Phan et al., 2020).

A mielina, a substância gordurosa que envolve e isola os axônios dos neurônios, é responsável por ajudar na rápida entrega de sinais por todo o cérebro. Pouca mielina deixa as células vulneráveis a danos (como na esclerose múltipla), enquanto muita mielina pode atrapalhar a mensagem. Oligodendrócitos (OL) são as células que controlam a mielinização. Parecem ser menos ativos no autismo, o que gera uma mielina “mais fina". isto provavelmente deve-se a mutações em alguns genes que controlam a atividade dos oligodendrócitos.

Pesquisas futuras se concentrarão na criação de organóides cerebrais que possam aumentar a produção de mielina. Um dos principais pesquisadores na área é o Dr. Alysson Renato Muotri, que trabalha na Universidade da Califórnia em San Diego. Enquanto não temos medicamentos que solucionem o problema vamos trabalhando com a estimulação precoce, a atividade física e mudanças na alimentação. Estas visam o aumento do número de sinapses e também na redução da neuroinflamação.

No Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) a desmielização também pode ser encontrada. Essas alterações podem ser devidas à desregulação da proliferação de células precursoras de oligodendrócitos. Um das causas pode ser a mutação de genes como ST3GAL3, FOXP2, MEF2C, DUSP6 e SEMA6D.

O exercício físico é uma das melhores maneiras de estimular a mielinização e manter os neurônios disparando com rapidez e eficiência. Além de melhorar as funções do sistema nervoso central, foi demonstrado que o exercício atenua o impacto negativo de uma dieta ruim no sistema nervoso central. Uma dieta rica em gordura saturada (de carnes, leites gordos, produtos industrializados) combinada com um estilo de vida sedentário pode reduzir as células formadoras de mielina, contribuindo para a desmielinização e o declínio cognitivo associado.

Em relação à dieta, estudos mostram que bactérias intestinais boas, presentes em suplementos e alimentos ricos em probióticos (como o kefir e kombucha) têm a capacidade de alterar a expressão gênica associada à remielinização. Em relação aos suplementos, deve-se atentar para o consumo de vitamina D, ômega-3, gorduras monoinsaturadas, e alimentos ricos em antioxidantes que protejam o cérebro contra à neuroinflamação (Adams et al., 2018). Em relação aos suplementos, a melatonina parece ser a mais promissora neste sentido (Gagnon & Godbout, 2018; Kasmaie et al., 2019).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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