Um novo estudo mostrou relação entre o apetite na velhice e as taxas de mortalidade. De acordo com estudo publicado no Journal of Nutrition, Health & Aging, quanto menor é o apetite maior é a mortalidade entre idosos. Assim, levar em considerações as queixas sobre falta de apetite é muito importante no tratamento e acompanhamento destes indivíduos.
Muitas vezes, a perda de apetite é decorrente de alterações próprias do envelhecimento incluindo redução do olfato, paladar e tato, o que pode reduzir o interesse de idosos pelos alimentos. Também são comuns problemas na dentição ou deglutição. Com o passar dos anos, o trato digestório também fica mais sensível – alimentos que antes eram ingeridos com frequência passam a causar certo desconforto, como gases, dor abdominal, queimação. Diante dessas dificuldades, muitas pessoas passam a evitar determinados alimentos. Dependendo das exclusões feitas na dieta o consumo calórico, protéico, de ácidos graxos essenciais, vitaminas, minerais ou fibras pode ficar prejudicado.
Além disso, muitos idosos convivem com situações de saúde que restringem a oferta de alimentos. Por exemplo, no diabetes há redução no consumo de alimentos ricos em carboidratos, pacientes com colesterol alto podem reduzir o consumo de carnes e laticínios. Idosos com ácido úrico elevado reduzem carnes e assim por diante. As restrições podem gerar queda da imunidade ou perda da massa magra, caso suplementação adequada não seja prescrita.
Por serem mais propensos à problemas nutricionais, a falta de apetite em idosos é considerada uma questão de saúde. Outros fatores também podem estar relacionados à inapetência como baixa produção hormonal, alterações metabólicas, tratamentos específicos (como quimio ou radioterapia), uso de medicamentos e até mesmo problemas psicológicos.
Assim, recomenda-se que profissionais de saúde especialistas na área sejam consultados com o objetivo de melhor investigar as causas da inapetência. Um nutricionista também deverá ser consultado para que o cardápio seja ajustado, oferecendo alimentos ao mesmo tempo apetitosos e saudáveis.
Em determinadas situações também é recomendado suporte nutricional, por meio da suplementação de proteína ou calorias ou mesmo pela indicação de terapia nutricional enteral (conheça o curso online para mais orientações a este respeito).
Dicas
- Ter menos apetite ocasionalmente é normal, porém, se a situação se tornar corriqueira, procure um médico e um nutricionista;
- Próteses mal adaptadas e problemas dentários podem afetar a deglutição e causar desconfortos que desestimulem a alimentação. É importante observar esses sinais e consultar-se regularmente com um dentista;
- Variar o cardápio é essencial para estimular os sentidos: se o paladar está reduzido, aposte no aroma e visual da preparação para compensar essa perda. Em todos os casos é possível explorar o melhor dos alimentos para instigar o apetite;
- A oferta de pratos coloridos, além da maior diversidade de nutrientes também melhora a aceitação;
- Certos tratamentos e medicações podem causar a inapetência como efeito colateral, relate o ocorrido ao seu médico e jamais utilize medicamentos por conta própria;
- Incentivar o convívio familiar e social é essencial para que a refeição do idoso seja mais prazerosa, evite o isolamento e esteja atento à sinais de tristeza e depressão;
- Adeque a dieta: opte por alimentos palatáveis de fácil consumo. Aposte na variação de sopas, purês e vitaminas para facilitar a ingestão;
- Consulte um nutricionista, ele será capaz de auxiliar na elaboração de um cardápio nutritivo e variado. Este profissional será capaz de avaliar a necessidade de suplementação nutricional para complementar a dieta do idoso.
Para ler o artigo original publicado este mês: Shahar, D.R., B. Yu, D.K. Houston, S.B. Kritchevsky, J.-S. Lee, S.M. Rubin, D.E. Sellmeyer, F.A. Tylavsky, and T.B. Harris. " Dietary Factors in Relation to Daily Activity Energy Expenditure and Mortality among Older Adults." The Journal of Nutrition Health & Aging. May 2009; 13(5): 414-20.