Diagnóstico da diabetes gestacional

A diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma das complicações metabólicas mais comuns durante a gravidez. Durante a gestação, a demanda por insulina é aumentada devido à resistência progressiva à insulina para assegurar o crescimento e desenvolvimento fetal adequado. Infelizmente, a incidência de diabetes gestacional vem aumentando desde a década de 1990, muito em função da obesidade, inflamação corporal, consumo de alimentos ultraprocessados e carências nutricionais. O tratamento da diabetes gestacional é diferente dos outros tipos de diabetes uma vez que alguns medicamentos podem ser prejudiciais ao feto em crescimento. Além disso, a perda de peso não é recomendada durante a gestação (Simmons, 2019).

Quanto pior a qualidade da dieta maior o risco de diabetes na gravidez (Looman et al., 2019). Para reduzir as chances de diabetes gestacional, recomenda-se que as mulheres que desejem engravidar adotem a dieta baseada em plantas ou a dieta mediterrânea. Pistaches e azeite, fontes de gorduras monoinsaturadas parecem contribuir para a redução do risco. Cuidar do intestino também é importante. A disbiose intestinal aumenta o risco de diabetes gestacional, principalmente devido à inflamação.

O bebê precisa de glicose para seu crescimento e metabolismo energético. Assim, o consumo de carboidratos é importante. O importante é que a qualidade destes carboidratos sea boa. A mulher deve evitar açúcar e produtos ultraprocessados, dando preferência ao carboidrato de frutas, verduras, leguminosas, tubérculos. A glicose chegará ao feto facilmente. Por isso, é normal que a glicemia materna baixe. Assim, os parâmetros diagnósticos de diabetes em gestantes são diferentes daqueles adotados para a população em geral.

Diagnóstico da diabetes gestacional

Na primeira visita pré-natal todas as grávidas deverão ser submetidas ao exame de glicemia plasmática em jejum (8 a 12 horas). Um valor igual ou superior a 92 mg/dl (5,1 mmol/l) mas inferior a 126 mg/ dl (7,0 mmol/l) faz o diagnóstico de diabetes gestacional. Grávidas com valores de glicemia plasmática em jejum igual ou superior a 126 mg/dl (7,0 mmol/l) ou com um valor de glicemia plasmática ocasional superior a 200 mg/dl (11,1 mmol/l), se confirmado com um valor em jejum superior ou igual a 126 mg/dl, devem ser consideradas como tendo o diagnóstico de Diabetes Mellitus na Gravidez.

Em 2013 a Organização Mundial de Saúde passou a considerar a Diabetes Gestacional um subtipo de hiperglicemia diagnosticada pela primeira vez na gravidez em curso, diferenciando-se da Diabetes na Gravidez por apresentar valores glicêmicos intermédios entre os níveis que considera normais na gravidez e valores que excedem os limites diagnósticos para a população não grávida (Consenso “Diabetes Gestacional”, 2017).

Screen Shot 2019-08-21 at 10.18.16 PM.png

Caso o valor da glicemia seja inferior a 92 mg/dl, a grávida deve ser reavaliada entre as 24 e 28 semanas de gestação com um teste de tolerância oral com 75 g de glicose. O teste deve ser efetuado de manhã, após um jejum de pelo menos 8 horas, mas não superior a 12 horas. Deve ser precedido, nos 3 dias anteriores de uma atividade física regular e de uma dieta não restritiva contendo uma quantidade de hidratos de carbono de pelo menos 150 g. O teste consiste na ingestão de uma solução contendo 75 g de glicose diluída em 250-300 ml de água. São necessárias colheitas de sangue para determinação da glicemia plasmática às 0, 1h e 2h. Durante o teste a grávida deve manter-se em repouso.

Screen Shot 2019-08-21 at 10.26.33 PM.png

Um valor igual ou superior às glicemias expostas no quadro 1 é suficiente para o diagnóstico de Hiperglicemia na Gravidez. O teste de tolerância oral à glicose não deve ser feito com mulheres que fizeram cirurgia bariátrica porque a alteração da absorção não permite validar os resultados obtidos após a sobrecarga de glicose. Neste caso, outros métodos são utilizados.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/