Interpretação do exame genético de paciente (ao vivo com Mayra Gaiato):
É anemia ou inflamação?
A distinção entre anemia verdadeira e anemia associada a processos inflamatórios depende fundamentalmente da interpretação integrada dos marcadores hematológicos e metabólicos do ferro. A inflamação ativa eleva a hepcidina hepática, que reduz a liberação de ferro pelos macrófagos e diminui a absorção intestinal. O resultado é um quadro de ferro funcionalmente indisponível, mesmo quando os estoques totais estão preservados.
Avaliações essenciais incluem hemoglobina, VCM, RDW, ferritina, saturação de transferrina e proteína C reativa. A ferritina elevada com saturação de transferrina baixa sugere anemia de inflamação. A ferritina baixa com saturação reduzida caracteriza anemia por deficiência de ferro. O aumento isolado de RDW e a redução progressiva do VCM reforçam deficiência de ferro, enquanto valores normocíticos e normocrômicos predominam nos estados inflamatórios.
A hepcidina atua como marcador molecular central ao bloquear ferroportina. Em condições inflamatórias crônicas ocorre sequestro de ferro no sistema reticuloendotelial, limitando a eritropoese e reduzindo a resposta à eritropoietina. Na deficiência de ferro verdadeira há exaustão dos estoques medulares e queda absoluta da ferritina.
Em síntese, anemia por deficiência de ferro reflete carência real do metal. Anemia da inflamação reflete má distribuição induzida por citocinas. O diagnóstico diferencial preciso orienta terapias opostas: reposição de ferro quando há depleção verdadeira e controle do processo inflamatório quando a limitação é funcional.
Tipos de TDAH de acordo com Daniel Amen
O transtorno de déficit de atenção, com ou sem hiperatividade (TDAH) envolve alterações funcionais no córtex pré-frontal, cerebelo, giro do cíngulo anterior, lobos temporais, gânglios da base e sistema límbico profundo. Alterações nessas estruturas comprometem atenção, organização, memória, planejamento, controle inibitório, regulação emocional e processamento motivacional.
Impacto do TDAH no cotidiano
Rotinas prolongadas para tarefas simples
Bloqueio cognitivo na escrita
Reuniões escolares que descrevem crianças brilhantes, porém dispersas
Múltiplos lembretes necessários para atividades básicas
Procrastinação extrema
Atrasos recorrentes
Ambiente doméstico caoticamente desorganizado
Atenção instável em contextos sociais
Frustração parental acumulada
Comportamentos impulsivos em público
Interrupções constantes
Explosões emocionais com pouca provocação
Esse conjunto de experiências ilustra o impacto funcional real do TDAH, destacando a urgência de avaliação especializada e tratamento direcionado. No livro Healing ADHD (Curando o TDAH) o psiquiatra Daniel Amen, propõe a existência de 7 subtipos de transtorno de déficit de atenção, com ou sem hiperatividade.
Classificação dos Subtipos de TDAH
Tipo 1. TDAH Clássico
Padrão neurocognitivo caracterizado por desatenção persistente, distração fácil, desorganização funcional, inquietação motora, hiperatividade e impulsividade.
Tipo 2. TDAH Desatento
Predomínio de desatenção, distraibilidade elevada e desorganização. Frequentemente descrito como sonhador, lento, introspectivo e hipofuncional. Ausência de hiperatividade.
Tipo 3. TDAH Hiperfocado
Desatenção associada à dificuldade marcada de alternância atencional. Tendência a ciclos ruminativos, rigidez cognitiva, preocupação excessiva e comportamento opositor. Hiperatividade variável.
Tipo 4. TDAH do Lobo Temporal
Desatenção, distração, desorganização, irritabilidade, impaciência, pensamento negativo, instabilidade afetiva e possíveis dificuldades de aprendizagem. Hiperatividade variável.
Tipo 5. TDAH Límbico
Desatenção e distração acompanhadas de humor cronicamente deprimido, negatividade persistente, baixa energia, isolamento social e sentimentos recorrentes de desesperança. Hiperatividade variável.
Tipo 6. TDAH Anel de Fogo
Desatenção com elevada reatividade emocional, irritabilidade, hipersensibilidade e labilidade de humor. Tendência a comportamentos opositores. Hiperatividade variável.
Tipo 7. TDAH Ansioso
Desatenção associada à ansiedade elevada, tensão física, preocupação antecipatória, ansiedade social e sintomas somáticos relacionados ao estresse. Hiperatividade variável.
De acordo com Daniel Amen, conhecer o subtipo é fundamental para intervenções mais direcionadas e eficazes. Para chegar a esta classificação o médico avalia 4 aspectos:
Biológico: genética, nutrição, exercício, saúde geral, sono.
Psicológico: histórico de desenvolvimento, padrões de pensamento.
Social: estressores, qualidade das relações.
Espiritual: propósito, significado, motivação existencial.
Avaliação do Funcionamento Cerebral
Utilização de SPECT, EEG quantitativo e testes neuropsicológicos para análise de humor, ansiedade, habilidades sociais, atenção, memória, função executiva, velocidade de processamento, impulsividade e viés negativo. Questionários online substituem exame de imagem quando indisponível.
Conhecimento de Marcadores Fisiológicos
Monitoramento de antropometria, pressão arterial, glicemia, função tireoidiana e outros biomarcadores essenciais para desempenho cognitivo e energético. A combinação desses processos orienta um plano terapêutico preciso baseado nos quatro círculos: intervenções biológicas, psicológicas, sociais e espirituais.
Aumento da Reserva Cerebral
Priorização da saúde cerebral, eliminação de fatores tóxicos e manutenção sistemática de hábitos protetores como exercício, alimentação adequada, suplementação específica, aprendizagem contínua e manejo de estresse.
Tratamentos Comuns para Todos os Subtipos
Intervenções específicas podem melhorar marcadamente a função cerebral, evidenciadas por exames antes e depois. O objetivo do tratamento é remover barreiras, não alterar a identidade do indivíduo.
Suplementação multivitamínica e mineral completa.
Ingestão de óleo de peixe com predominância de EPA.
Eliminação de cafeína e nicotina.
Exercício diário por 30 a 45 minutos.
Limitação rigorosa de telas a 30 minutos por dia.
Alimentação com ênfase em proteínas e redução de carboidratos simples.
Interação sem gritos para evitar reforço negativo mediado por dopamina.
Triagem de dificuldades de aprendizagem, especialmente no subtipo 4.
Continuidade da busca por ajuda profissional.



