Neurotransmissão serotoninergica cai na menopausa

Durante a menopausa, a queda acentuada do estrogênio afeta diretamente a produção e o funcionamento da serotonina, neurotransmissor essencial para o humor, sono e controle do apetite. O estrogênio participa de várias etapas desse processo, e sua redução altera profundamente o equilíbrio neuroquímico.

O primeiro impacto ocorre na síntese da serotonina. O estrogênio estimula a enzima triptofano-hidroxilase, responsável por transformar o triptofano em 5-HTP, que é o precursor imediato da serotonina. Quando os níveis de estrogênio caem, essa conversão se torna menos eficiente, e a produção de serotonina diminui.

Além disso, o metabolismo do triptofano muda. Normalmente, o estrogênio favorece que ele siga pela via serotoninérgica. Na sua ausência, o triptofano é desviado para a via do quinurenato, reduzindo ainda mais o material disponível para formar serotonina.

Outro ponto é o controle sobre a liberação e recaptação do neurotransmissor. O estrogênio regula transportadores e receptores, como o SERT. Quando ele falta, há menor liberação e maior recaptação, o que significa menos serotonina disponível nas sinapses.

Também ocorre uma redução da sensibilidade dos receptores serotoninérgicos, especialmente os do tipo 5-HT1A. Sem a ação moduladora do estrogênio, esses receptores ficam menos expressos e menos responsivos, prejudicando a transmissão do sinal.

Essas alterações explicam muitos sintomas típicos da menopausa — irritabilidade, tristeza, ansiedade, distúrbios do sono e até compulsão alimentar — todos ligados à queda da atividade serotoninérgica.

Para restaurar esse equilíbrio, é fundamental garantir nutrientes que sustentam a síntese e a ação da serotonina:

  • 5-HTP e vitamina B6, cofatores diretos na produção;

  • Metilfolato, vitamina D, ferro e magnésio, que participam de reações enzimáticas e do metabolismo energético;

  • Ômega-3 e antioxidantes (vitamina E, coenzima Q10, ácido alfa-lipóico, astaxantina), que mantêm a flexibilidade das membranas neuronais e favorecem a sinalização entre neurônios;

  • Beterraba e outros doadores de óxido nítrico, que melhoram a oxigenação cerebral.

Para reduzir a recaptação de serotonina, algumas substâncias naturais como açafrão (saffron) e rhodiola atuam como inibidores leves da enzima MAO, prolongando a ação da serotonina nas sinapses.

Por fim, a saúde dos receptores de membrana depende de compostos como ômega-3, citicolina, inositol e antioxidantes, que preservam a estrutura e a funcionalidade das membranas neuronais.

Manter esses mecanismos em equilíbrio é essencial para o bem-estar emocional e cognitivo durante a menopausa. Podemos avaliar vários mecanismos importantes por meio de abordagens multiômicas:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Reversão da síndrome metabólica

Pesquisadores da UFSCar e da College London analisaram dados de 3.952 britânicos com mais de 50 anos ao longo de oito anos. Os resultados mostraram que pessoas com obesidade abdominal e dinapenia (fraqueza muscular) têm 234% mais chance de desenvolver síndrome metabólica em comparação com aquelas sem essas condições. O risco é quase o dobro em relação a quem tem apenas obesidade, que apresenta um aumento de 126%.

A síndrome metabólica inclui cinco condições principais:

  • Obesidade abdominal

  • Aumento de triglicérides

  • Hiperglicemia

  • Redução do colesterol HDL

  • Pressão arterial elevada

Esses fatores elevam substancialmente o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e outros problemas graves de saúde. Segundo os pesquisadores, a prática regular de exercícios aeróbicos e de resistência é essencial para manter a força muscular e evitar a infiltração de gordura no músculo, o que compromete o metabolismo e aumenta a resistência à insulina. Manter-se ativo ajuda a prevenir a perda de força e complicações típicas do envelhecimento. A combinação de obesidade abdominal e fraqueza muscular aumenta em 85% o risco de morte por doenças cardiovasculares.

COMO REVERTER A SÍNDROME METABÓLICA?

Muitas estratégias vêm sendo estudadas para a reversão da síndrome metabólica, obesidade e diabetes. Dentre elas, destacam-se:

1) Dieta cetogênica

2) Dietas de baixa caloria (DBC) e restrição de carboidratos (RC) também são identificadas como métodos eficazes para a reversão do DM2 [1].

3) Outras abordagens incluem modificações intensivas no estilo de vida, medicamentos como agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), agonistas duplos do polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP)/GLP-1 e inibidores do cotransportador de sódio-glicose 2 (SGLT2) [2] [3].

4) A cirurgia bariátrica tem sido recomendada para o tratamento do Diabetes Tipo 2 (DM2) desde 2016 por um grupo de consenso internacional sobre diabetes [1].

Para o Diabetes Mellitus Tipo 2 de início na juventude (DM2I), modificações no estilo de vida, medicamentos ou mesmo intervenções cirúrgicas são consideradas para remissão ou reversão, especialmente para pacientes com células β pancreáticas produtoras de insulina bem funcionais, resistência à insulina e obesidade [4].

1) SJ Hallberg et al. Reversing Type 2 Diabetes: A Narrative Review of the Evidence. Nutrients (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30939855/

2) JH Ko et al. Type 2 Diabetes Remission with Significant Weight Loss: Definition and Evidence-Based Interventions. Journal of obesity & metabolic syndrome (2022). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35618657/

3) Arpan et al. Achieving Diabetes Remission: Current Guidelines and Emerging Pharmacotherapies in India. The Journal of the Association of Physicians of India (2025). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/41100333/

4) Q Jia et al. Reassessing type 2 diabetes in adolescents and its management strategies based on insulin resistance. Frontiers in endocrinology (2024). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38962677/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Vai fazer reposição hormonal? Então comece a desinflamar!

Quando existe um processo inflamatório ativo, a reposição hormonal pode trazer riscos importantes, porque os hormônios sexuais, especialmente os estrogênios, interagem diretamente com o sistema imunológico e com mediadores inflamatórios. Essa interação pode amplificar reações metabólicas e vasculares indesejadas.

A inflamação por si só já aumenta a coagulação e reduz a fibrinólise. Quando o estrogênio é introduzido nesse contexto, o risco de trombose ou de eventos cardiovasculares cresce ainda mais. Além disso, a inflamação crônica danifica o endotélio, e o estrogênio, que normalmente teria efeito protetor, pode acabar intensificando a instabilidade das placas e a reatividade vascular.

O fígado também sofre durante estados inflamatórios. O metabolismo hepático de lipídios e hormônios se altera, o que torna a resposta à reposição imprevisível. Isso pode levar ao aumento dos triglicerídeos, resistência à insulina e sobrecarga hepática.

No sistema imune, o estrogênio pode aumentar a produção de citocinas pró-inflamatórias, como IL-6 e TNF-α. Em mulheres com inflamação, essa ação pode piorar sintomas como dores articulares, fadiga e manifestações autoimunes.

Por isso, antes de iniciar qualquer reposição hormonal, é indispensável investigar e controlar marcadores inflamatórios, como PCR, ferritina e homocisteína, além de tratar a causa base do processo inflamatório. Exames multiômicos também são muito interessantes:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/