Quando usar gel de carboidrato?

Uma paciente me fez essa pergunta ontem em consulta. Também tem essa dúvida?

Se você já correu provas mais longas 🏃‍♂️ , provavelmente já ouviu falar no famoso gel de carboidrato. Mas nem todo mundo precisa!

Use: a partir de provas ou treinos acima de 60-90 minutos, quando as reservas de energia começam a cair.

Motivo do uso: O gel repõe rapidamente a energia, melhora o desempenho e ajuda a evitar a fadiga.

Forma de uso: A cada 40-60 minutos de corrida, sempre com um pouco de água para facilitar a absorção.

Atenção! O gel não substitui uma boa alimentação no dia a dia, ele é apenas um aliado estratégico durante a corrida!

Se for usar, escolha um com mistura de carboidratos simples, como frutose (absorção rápida) e maltodextrina (absorção moderada). Também existem os que tem ainda ribose, um açúcar mais voltado para recuperação muscular. Mais o mais importante é frutose e malto.

Alguns géis também têm associação com cafeína para aumentar a atenção, retardar a fadiga e melhorar a performance em provas longas.

A quantidade mais comum é de 20g, mas a depender do esforço e da necessidade de performance podem ser usadas doses maiores (30 a 60g/hora), se a atividade física tiver mais 90 minutos.

Lembrando que a maioria dos géis possuem doses muito baixas de eletrólitos, que também precisam ser repostos.

Atenção: não tome géis oferecidos em competições se nunca testou antes. Eles podem causar desconforto gastrointestinal, especialmente se tomados com pouco água.

Faça uso primeiro nos treinos (especialmente aqueles maiores que 15 km de corrida ou maiores que 2h de ciclismo ou em excessão muito intensas de Duathlon/Triathlon) e adapte as doses.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Machine Learning na Nutrição

O machine learning (ML) é um ramo da inteligência artificial que permite a computadores aprenderem a partir de dados, identificando padrões e fazendo previsões sem serem programados de forma explícita.

Na nutrição, essa tecnologia vem sendo usada para transformar a forma como entendemos a relação entre dieta, metabolismo e saúde.

Principais aplicações

  1. Predição do risco de doenças relacionadas à dieta

    Modelos de ML analisam dados de dieta, exames laboratoriais, histórico clínico, ciências ômicas para prever quem tem maior risco de desenvolver diabetes tipo 2, obesidade, doenças cardiovasculares ou câncer.

  2. Nutrição personalizada (precision nutrition)

    Ao integrar dados multiômicos (genoma, metaboloma, microbioma) e estilo de vida, algoritmos conseguem recomendar dietas personalizadas, ajustadas à resposta individual de cada pessoa a alimentos específicos.

    Exemplo: prever como a glicemia de um indivíduo vai responder a diferentes refeições, ajudando a montar planos alimentares sob medida.

  3. Subtipagem de perfis metabólicos

    Doenças como obesidade não são todas iguais. O ML permite identificar subgrupos ocultos de pacientes (ex.: obesidade mais ligada à inflamação x obesidade mais ligada a resistência à insulina).

  4. Descoberta de biomarcadores nutricionais

    Ao cruzar dados de consumo alimentar com metabolômica e proteômica, o ML ajuda a encontrar biomarcadores objetivos da dieta (como metabólitos específicos que indicam consumo de frutas, carne ou laticínios).

  5. Análise de grandes bancos de dados alimentares

    Aplicação em apps de nutrição e saúde, que coletam informações de milhões de usuários (diários alimentares, fotos de refeições, dados de wearables). O ML organiza e interpreta esses dados para recomendar escolhas alimentares mais saudáveis em tempo real.

🔹 Ferramentas e abordagens

  • Aprendizado supervisionado: usado para prever resultados conhecidos (ex.: níveis de glicose após refeição).

  • Aprendizado não supervisionado: identifica padrões ocultos, como subtipos de dietas ou perfis metabólicos.

  • Deep learning: redes neurais profundas que lidam com imagens de alimentos (apps que reconhecem a comida pela foto) e dados complexos de multiômicas.

Impacto futuro

O machine learning aplicado à nutrição abre caminho para:

  • Dietas mais eficazes e individualizadas.

  • Prevenção proativa de doenças.

  • Melhor adesão do paciente (com planos ajustados ao seu metabolismo real).

  • Avanços na nutrição de precisão e na medicina personalizada. Aprenda mais aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Aplicações da multiômica na nutrição

A nutrição, historicamente, foi pautada em recomendações gerais para populações. Entretanto, avanços recentes na biologia molecular e na ciência de dados abriram caminho para a nutrição de precisão, na qual intervenções alimentares são adaptadas às características únicas de cada indivíduo.

Nesse contexto, a integração multiômica – que combina informações do genoma, epigenoma, transcriptoma, proteoma, metaboloma, lipidoma e microbioma – vem transformando a forma como compreendemos a relação entre dieta, saúde e doença. Aprenda mais aqui.

1. Genômica nutricional

A análise do genoma permite identificar variantes genéticas que influenciam a resposta a nutrientes. Por exemplo, polimorfismos em genes do metabolismo lipídico ou da intolerância à lactose ajudam a orientar recomendações dietéticas personalizadas.

2. Epigenômica e transcriptômica

A alimentação modula o epigenoma (como a metilação do DNA) e a expressão gênica. Nutrientes como folato, vitamina B12 ou compostos bioativos de vegetais podem alterar esses padrões, afetando processos como inflamação, envelhecimento e risco de câncer. O uso integrado de epigenômica e transcriptômica permite mapear como diferentes padrões alimentares “reprogramam” o metabolismo celular.

3. Proteômica e metabolômica nutricional

O proteoma e o metaboloma refletem diretamente o estado funcional do organismo. Alterações nos perfis de proteínas inflamatórias ou metabólitos energéticos (como aminoácidos, ácidos graxos de cadeia curta, ácidos biliares) mostram como o corpo responde a dietas específicas. A metabolômica, em especial, é útil para detectar biomarcadores de adesão dietética (por exemplo, consumo de frutas, vegetais, carne vermelha) e para monitorar o impacto de nutrientes na saúde metabólica.

4. Lipidômica

Os lipídios não apenas fornecem energia, mas também atuam como moléculas sinalizadoras. A lipidômica nutricional investiga como diferentes fontes de gordura (ômega-3, ômega-6, saturadas, trans) modulam vias inflamatórias e cardiovasculares. Isso possibilita delinear intervenções específicas para prevenção de doenças crônicas.

5. Microbioma intestinal e oral

A dieta é um dos principais moduladores do microbioma, e a integração de dados multiômicos mostra como diferentes padrões alimentares remodelam comunidades bacterianas e seus metabólitos (ex.: butirato, propionato). Esse eixo microbioma–metaboloma é crucial para compreender a saúde intestinal, obesidade, diabetes tipo 2 e até a saúde mental.

6. Exposoma, estilo de vida e dados digitais

Além das camadas moleculares, o conceito de exposoma inclui fatores ambientais e comportamentais, como poluição, estresse, sono e atividade física. Aliado ao uso de wearables (sensores corporais que monitoram glicemia, gasto energético, sono), é possível capturar dados em tempo real que enriquecem a personalização nutricional.

7. Integração e aplicações clínicas

Combinando todas essas dimensões em modelos de machine learning e deep learning, é possível:

  • Prever risco individual de doenças relacionadas à dieta (obesidade, diabetes, cardiovasculares).

  • Subtipar fenótipos metabólicos: por exemplo, diferentes tipos de obesidade com mecanismos distintos.

  • Descobrir novos biomarcadores nutricionais, úteis para monitoramento dietético.

  • Avaliar resposta a intervenções, ajustando planos alimentares de forma dinâmica.

A multiômica aplicada à nutrição inaugura uma nova era, na qual a alimentação deixa de ser uma recomendação generalista e passa a ser um instrumento terapêutico personalizado, capaz de prevenir doenças, otimizar desempenho metabólico e promover longevidade saudável. Essa abordagem integrativa conecta dieta, genética, microbiota e ambiente, permitindo compreender o ser humano como um sistema biológico complexo em constante interação com o que consome.

Aprenda mais aqui.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/