Th17 e a Via da Quinurenina: Entendendo a Neuroinflamação

A relação entre células Th17 e a via da quinurenina é fundamental para compreender a inflamação no sistema nervoso e como terapias complementares podem atuar.

O que é a via da quinurenina?

É o principal caminho metabólico do triptofano, aminoácido essencial do nosso corpo. Produz metabólitos importantes, como quinurenina, quinolinato, ácido quinolínico e picolinato.

A via é ativada pela enzima IDO1, que aumenta em resposta a citocinas inflamatórias, como IFN-γ. Os metabólitos podem ser neurotóxicos ou neuroprotetores, dependendo do equilíbrio no organismo.

Como Th17 interage com essa via?

Citocinas como IL-6, IL-1β e IL-23 estimulam a diferenciação de Th17. Th17 produz IL-17, que aumenta a inflamação, compromete a barreira hematoencefálica e contribui para danos à mielina e aos axônios.

  • Th17 é pro-inflamatória, atuando em doenças autoimunes e neurodegenerativas. No SNC, Th17 contribui para:

    • Quebra da barreira hematoencefálica

    • Recrutamento de neutrófilos

    • Ativação da microglia

    • Danos à mielina e axônios, como na esclerose múltipla.

Modulação pela via da quinurenina

  • Baixo triptofano: A via da quinurenina consome triptofano, podendo inibir a proliferação de Th17.

  • Metabólitos reguladores:

    • Quinurenina e ácido quinolínico atuam sobre receptores como AHR, modulando Th17.

    • Kynurenic acid tem efeito anti-inflamatório.

    • Quinolinic acid pode ser neurotóxico, aumentando a inflamação.

  • Equilíbrio crítico: Uma via bem regulada diminui Th17 e protege o sistema nervoso; desregulada, pode agravar doenças neurodegenerativas.

Modulação da via da quinurenina

  • Suplementos e nutrientes: Substâncias como N-acetilcisteína, resveratrol, probióticos e triptofano podem favorecer a produção de metabólitos neuroprotetores e reduzir a ativação de Th17.

  • Medicação:

    • Agonistas de RORγt: Aumentam resposta imunológica em casos como câncer.

    • Antagonistas de RORγt: Reduzem Th17 em doenças autoimunes ou neurodegenerativas.

    • Medicamentos moduladores: Minociclina e dextrometorfano ajudam na neuroinflamação.

Referência: Vojdani A, Lambert J, Kellermann G. The Role of Th17 in Neuroimmune Disorders: A Target for CAM Therapy. Part III. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, 2011.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Integração metabólica em resposta à deficiência de serotonina

O artigo Metabolomics Approach Reveals Integrated Metabolic Network Associated with Serotonin Deficiency (Weng et al., 2015) utilizou uma abordagem metabolômica para identificar biomarcadores e vias metabólicas alteradas associadas à deficiência de serotonina induzida em camundongos por inibidores farmacológicos e alteração genética.

Identificação de biomarcadores:

  • pCPA: 21 biomarcadores alterados.

  • Tph2-/-: 17 biomarcadores alterados.

  • Alterações metabólicas observadas:

    • Aminoácidos: Alterações nos níveis de aminoácidos essenciais e não essenciais.

    • Metabolismo energético: Diminuição nos níveis de intermediários do ciclo de Krebs e ATP.

    • Purinas: Redução nos níveis de nucleotídeos purínicos.

    • Lipídios: Alterações nos perfis de ácidos graxos e lipídios complexos.

    • Microbiota intestinal: Indicações de alterações no metabolismo relacionadas à microbiota.

  • Estresse oxidativo:

    • Aumento nos níveis de espécies reativas de oxigênio (ROS) e produtos de peroxidação lipídica, sugerindo um estado pró-oxidante.

Vermelho: metabólitos que aumentam na deficiência de serotonina (ou marcadores alterados).

Azul: metabólitos reduzidos.

Preto: conexões enzimáticas ou caminhos principais.

Setas verdes: indica fluxos metabólicos que ligam serotonina a outras vias (lipídios, microbiota).

Integração das Vias Metabólicas

O estudo propõe uma rede metabólica integrada associada à deficiência de serotonina, destacando:

  • Interconexões entre vias: Como o metabolismo de aminoácidos influencia o metabolismo energético e lipídico.

  • Impacto no ciclo de Krebs: Diminuição na produção de energia celular.

  • Alterações na sinalização celular: Possíveis implicações na função neuronal e comunicação celular.

Implicações Clínicas

As alterações metabólicas observadas podem contribuir para condições como depressão e esquizofrenia. A deficiência de serotonina pode estar associada a processos patológicos em doenças como Alzheimer e Parkinson. A identificação de novos biomarcadores pode auxiliar no desenvolvimento de terapias direcionadas (Weng et al., 2015).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/