Como avaliar intolerâncias, sensibilidades e alergias alimentares?

Você sabia que nem toda reação a alimentos é uma alergia? Muitas pessoas confundem alergia, intolerância e sensibilidade alimentar, mas cada uma dessas condições tem causas, sintomas e tratamentos diferentes.

Enquanto a alergia envolve uma resposta imediata do sistema imunológico, a intolerância está relacionada à dificuldade do organismo em digerir certos alimentos, e a sensibilidade alimentar costuma ser uma reação mais lenta e menos compreendida, que pode afetar o bem-estar de forma crônica. Entender essas diferenças é fundamental para identificar corretamente o problema e buscar o tratamento adequado, garantindo mais saúde e qualidade de vida.

Exemplos reais:

  • Alergia alimentar: Pessoa com alergia a camarão que entra em choque anafilático com uma pequena mordida.

  • Intolerância alimentar: Pessoa que toma leite e sente inchaço e diarreia por falta da enzima lactase.

  • Sensibilidade alimentar: Pessoa que come trigo e tem dor de cabeça ou fadiga no dia seguinte, sem ser celíaca.

Observações importantes:

  • Sensibilidade alimentar ainda é uma área pouco compreendida, sem exames laboratoriais validados.

  • Muitas vezes, os termos são confundidos até por profissionais, então é essencial fazer uma avaliação clínica cuidadosa.

  • Algumas condições podem coexistir: por exemplo, uma pessoa pode ter alergia a ovo e também intolerância à lactose.

A melhor forma de avaliação depende do tipo de reação que você suspeita estar tendo (alergia, intolerância ou sensibilidade). Existem várias abordagens, mas nem todas são igualmente confiáveis ou validadas cientificamente. Aqui vai um resumo das melhores práticas e testes disponíveis:

1. Avaliação clínica com profissional de saúde

Mais confiável. O primeiro passo sempre deve ser consultar um médico (alergista, gastroenterologista) ou nutricionista. Eles avaliam sintomas, histórico familiar e realizam o teste de exclusão e reintrodução de alimentos — ainda o padrão-ouro para identificar sensibilidades não alérgicas.

2. Testes laboratoriais confiáveis

Estes são úteis em alguns casos, especialmente para alergias alimentares mediadas por IgE.

A) Testes de Alergia (IgE mediada)

  • Prick test (teste cutâneo): feito por alergistas, detecta alergias imediatas.

  • Dosagem de IgE específica no sangue: detecta reações alérgicas clássicas.

⚠️ Limitado a alergias clássicas. Não detecta intolerâncias nem sensibilidades tardias.

B) Testes Genéticos

Avaliam SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms), pequenas variações no DNA que podem influenciar como nosso corpo funciona, incluindo respostas imunológicas. Embora pesquisas mostrem que alguns SNPs possam estar associados a um risco maior de desenvolver alergias, eles não conseguem diagnosticar alergias alimentares por si só.

Motivos principais:

  1. Alergias são complexas e multifatoriais

    • Envolvem múltiplos genes, fatores ambientais, exposição a alérgenos, microbiota, entre outros.

    • Um único SNP raramente é suficiente para determinar se uma pessoa terá alergia.

  2. SNPs indicam predisposição, não certeza

    • Eles podem sugerir um maior risco, mas muitas pessoas com esses SNPs não desenvolvem alergia.

    • Outros indivíduos podem ter alergia sem apresentar esses SNPs.

  3. Resposta imune depende de mecanismos celulares e moleculares complexos

    • A alergia envolve ativação de células imunológicas, produção de anticorpos IgE, liberação de histamina, etc.

    • Esses processos não são diretamente determinados apenas pela presença ou ausência de certos SNPs.

Apesar de muito populares, ainda não recomendados por entidades médicas, como a ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), devendo ser usados em conjunto com outros métodos.

Dosagem de IgG para alimentos

  • Muito comum em laboratórios privados (ex: Food Detective, ImuPro).

  • Não serve para diagnosticar sensibilidade alimentar.

  • IgG indica exposição normal a alimentos, e não uma reação adversa.

Biorressonância, testes quânticos, eletrodermais, etc.

  • São considerados pseudociência e não têm validação clínica.

4. Dieta de eliminação com acompanhamento profissional

Usada para investigar sensibilidades não alérgicas (ex: glúten, FODMAPs, laticínios). O processo é:

  1. Retirar alimentos suspeitos por 2–6 semanas.

  2. Observar melhora dos sintomas.

  3. Reintroduzir gradualmente cada item e monitorar reações.

Muito eficaz quando bem conduzido por nutricionista ou médico.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Suplementos para quem já acorda estressado

Para pessoas que relatam acordar estressadas — com sensação de ansiedade matinal, tensão muscular ou mente acelerada ao despertar — a conduta clínica e a suplementação devem priorizar:

  • Regulação do eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal)

  • Melhora da qualidade e arquitetura do sono

  • Modulação de cortisol e neurotransmissores (especialmente GABA, serotonina e dopamina)

  • Redução de marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo

Abaixo, listo os principais suplementos utilizados nesses casos, com base em evidências clínicas e aplicabilidade magistral:

1. Fosfatidilserina

  • Mecanismo: Modulador do cortisol; atua reduzindo a resposta ao estresse.

  • Aplicação: Indicado para pacientes com sintomas matinais de hipercortisolismo (acordar com taquicardia, suor frio, irritabilidade).

2. Ashwagandha (Withania somnifera) – Sensoril® ou KSM-66®

  • Mecanismo: Adaptógeno que regula o eixo HPA, reduz cortisol e melhora sono e humor.

  • Aplicação: Especialmente útil quando há estresse crônico com fadiga ou humor deprimido ao acordar.

3. L-Teanina

  • Mecanismo: Estimula GABA e ondas alfa cerebrais, promove relaxamento sem sedação.

  • Uso comum: Redução de ansiedade matinal, melhora do foco sem agitação.

4. Magnésio (Dimalato, Glicina ou Treonato)

  • Mecanismo: Cofator em neurotransmissores relaxantes (GABA, serotonina), relaxa musculatura.

  • Aplicação: Quando há tensão muscular matinal, cefaleia tensional ou câimbras.

5. Rhodiola rosea

  • Mecanismo: Adaptógeno que melhora resposta ao estresse e fadiga mental. Um dos meus suplementos favoritos. Funciona muito bem!

  • Uso ideal: Em casos de estresse + cansaço pela manhã.

6. GABA ou GABA moduladores (ex: Lactium®)

  • GABA (direto): pouco absorvível via oral, mas pode ter efeito em doses altas (250–500 mg).

  • Lactium® (peptídeo bioativo do leite): Estimula receptores GABA-A naturalmente.

  • Uso: Ansiedade leve a moderada, estresse com insônia ou bruxismo noturno.

7. 5-HTP (5-hidroxitriptofano)

  • Mecanismo: Precursor direto da serotonina.

  • Cuidados: Evitar com ISRS ou antidepressivos serotoninérgicos.

  • Uso ideal: Quando há sintomas de depressão matinal, baixa motivação, irritabilidade.

8. Complexo B (especialmente B6, B9, B12)

  • Mecanismo: Cofatores na síntese de neurotransmissores.

  • Uso: Modulação do humor, suporte neurológico, redução da fadiga mental.

Aprenda estratégias e conheça formulações no curso PSICONUTRIÇÃO

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Ansiless® no TDAH

Ansiless® é um composto comercial da Galena, indicado para ansiedade, estresse e insônia leve. É composto por extrato padronizado de:

  • Lactium® (caseína hidrolisada) – peptídeo bioativo com efeito calmante.

  • Magnésio quelado – potencializa o efeito relaxante.

  • Vitamina B6 – atua na produção de serotonina e GABA.

Viabilidade farmacotécnica:

  • Forma farmacêutica: cápsulas (adultos), sachês ou soluções (infantil).

  • Compatibilidade físico-química: boa estabilidade com ativos compatíveis em cápsulas.

  • Solubilidade: Lactium® é hidrossolúvel, mas seu uso é mais comum em pó para cápsula.

  • Palatabilidade: em soluções ou sachês infantis, pode haver gosto residual leitoso.

Veículos e orientações:

Conservação: Local fresco e seco, frasco âmbar.
Validade: 90 dias, conforme Boas Práticas da Anfarmag.

2. Outras Formulações para TDAH (Adulto e Infantil)

Além de Ansiless, há compostos nutracêuticos com evidência complementar no suporte a pacientes com TDAH. Abaixo, sugestões segmentadas:

Outros suplementos interessantes no TDAH :

1. Óleo de Peixe (DHA/EPA)

  • Melhora foco e comportamento.

  • Uso: cápsulas mastigáveis ou xarope oleoso.

2. Ferro + Zinco + Magnésio + Vitamina B6

  • Deficiências desses minerais estão associadas ao agravamento do TDAH. Veja fórmulas sugeridas no curso Nutrição no TDAH

3. L-Tirosina + Fosfatidilserina

  • Atua na síntese de dopamina e acetilcolina.

  • Opção: tirosina com rhodiola e teacrine®

  • Veja sugestões de fórmulas no curso Nutrição no TDAH

4. Citicolina + Fosfatidilserina + Acetil L-Carnitina

  • Estímulo cognitivo sem aumento de ansiedade.

  • Boa opção para TDAH com predomínio desatento.

Aprenda muito mais no curso Nutrição no TDAH

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/