Importância da Vitamina B12 em Transtornos Neuropsiquiátricos

A vitamina B12, essencial para o funcionamento adequado do sistema nervoso, tem sido amplamente estudada por sua relação com a saúde mental e cognitiva. Uma deficiência dessa vitamina pode trazer sérias consequências neurológicas e neuropsiquiátricas — e muitas vezes passa despercebida.

Deficiência de Vitamina B12: Um Problema Subestimado

Um estudo retrospectivo no sul da Índia constatou que, de 259 pacientes com deficiência de vitamina B12, 60 apresentavam sintomas neuropsiquiátricos. Estes incluíam distúrbios comportamentais, perda de memória e distúrbios sensório-motores. O estudo destacou que a deficiência de vitamina B12 é frequentemente negligenciada e pode exacerbar o declínio cognitivo e os fatores de risco vascular em doenças neuropsiquiátricas [1].

Contudo, quando o paciente já possui o diagnóstico de demência, como na doença de Alzheimer, a suplementação não é eficaz. Pelo menos este foi o resultado de revisão que examinou ensaios clínicos sobre os efeitos da suplementação de vitamina B12 na função cognitiva em idosos e indivíduos com demência [2].

Outra revisão sistemática mostrou que a suplementação de vitamina B12 em pacientes com doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson só melhorou a cognição dos pacientes com deficiência preexistente [3]. A deficiência de vitamina B12 é tipicamente definida como níveis séricos abaixo de 220 pmol/L. A deficiência grave é caracterizada por níveis abaixo de 150 pmol/L, o que está associado a comprometimento cognitivo significativo [1] [3]. Contudo, muitos profissionais de saúde sugerem que níveis ideais estão na faixa dos 600 a 800 pmol/L.

Mecanismos de Ação

A vitamina B12 desempenha um papel crucial no catabolismo de monoaminas, que estão envolvidas em transtornos neuropsiquiátricos. A deficiência pode levar ao aumento dos níveis de homocisteína, contribuindo para a comorbidade vascular em doenças cerebrovasculares [1] [4].

A vitamina B12 tem sido explorada por seu potencial no tratamento da dor, demonstrando benefícios na regeneração nervosa e na inibição das vias de sinalização da dor. Pode servir como tratamento adjuvante para condições dolorosas [5].

Forma de administração da vitamina B12

A suplementação de B12 pode ser feita via oral, sublingual e parenteral (injeções). Todas as formas de tratamento são eficazes para corrigir a deficiência bioquímica [6] [3].

Resumo

A deficiência de vitamina B12 está associada a vários transtornos neuropsiquiátricos, incluindo declínio cognitivo e demência. Embora a suplementação possa corrigir deficiências bioquímicas, ela apenas melhora a cognição em pacientes com deficiências existentes. Os mecanismos envolvem o catabolismo de monoaminas e a regulação da homocisteína.

Referências

1) TG Issac et al. Vitamin B12 deficiency: an important reversible co-morbidity in neuropsychiatric manifestations. Indian journal of psychological medicine (2015). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25722508/

2) R Malouf et al. Vitamin B12 for cognition. The Cochrane database of systematic reviews (2003). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12918012/

3) E Moore et al. Cognitive impairment and vitamin B12: a review. International psychogeriatrics (2012). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22221769/

4) H Silver et al. Vitamin B12 levels are low in hospitalized psychiatric patients. The Israel journal of psychiatry and related sciences (2000). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10857271/

5) S Buesing et al. Vitamin B12 as a Treatment for Pain. Pain physician (2019). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30700078/

6) et al. Vitamin B12 and cognitive function: an evidence-based analysis. Ontario health technology assessment series (2014). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24379897/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Impacto da disfunção mitocondrial no Transtorno Afetivo Bipolar

O comprometimento da função mitocondrial afeta o metabolismo energético neuronal, estabelecendo uma conexão direta com o desenvolvimento de transtornos mentais.

Múltiplos indicadores de disfunção mitocondrial e estresse oxidativo têm sido identificados em pacientes com transtorno bipolar. Durante as fases maníacas e depressivas, há aumento nos níveis de enzimas antioxidantes (SOD, CAT, GSH-Px) e elevação da peroxidação lipídica (medida por TBA-RS), acompanhados por variações nos níveis de óxido nítrico. Ademais, alterações no desempenho da cadeia de transporte de elétrons e redução na produção de ATP sugerem que a capacidade energética neuronal pode ser comprometida (Cyrino et al., 2020).

Esses achados apontam para uma associação entre a disfunção mitocondrial e as alterações celulares subjacentes aos transtornos mentais, especificamente no contexto do transtorno bipolar. A capacidade do corpo de gerenciar o estresse oxidativo pode estar comprometida no transtorno bipolar tornando o gerenciamento nutricional uma peça importante do tratamento.

O comprometimento do gerenciamento do estresse oxidativo pode levar a danos celulares e alterações na função cerebral, incluindo neuroplasticidade, mudanças em neurotransmissores, maior apoptose de neurônios, ativação de processos neuroinflamatórios e mudanças na sinalização de cálcio.

Podemos avaliar a função mitocondrial no transtorno bipolar por meio de testes metabolômicos. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Fonte de beta-glucanas

Beta-glucano ou beta-glucanas são polissacarídeos (carboidratos complexos) formados por D-glucopiranose conectada por ligações glicosídicas beta-1,3/1,6 ou beta-1,3/1,4. O beta-glucano é considerado uma fibra alimentar com alta solubilidade, alta estabilidade e alta viscosidade, comumente usada como suplementos e também na produção de alimentos funcionais.

Descobertas pelo Dr. Pillemer e posteriormente extraído e isolado pelo Dr. Diluzio. Possuem excelente atividade fisiológica, e o modo especial de ligação e a existência de ligações de hidrogênio intramoleculares resultam em uma estrutura molecular helicoidal, que é facilmente reconhecida pelo sistema imunológico.

Estrutura do beta-glucano de diferentes fontes.

Efeitos do Beta-Glucano

O beta-glucano pode ativar macrófagos e neutrófilos, aumentando assim o conteúdo de leucina, citocinina e anticorpos especiais, estimulando o sistema imune de forma abrangente. A regulação da ativação do sistema imunológico pelo beta-glucano é bastante complexa. Ele estimula o sistema imunológico inato como uma substância estranha e é reconhecido como padrões moleculares associados a micróbios (MAMPs), que desenvolveram receptores de reconhecimento de padrões em células imunológicas que reconhecem e interagem com MAMPs.

Também exerce diversos efeitos benéficos no intestino, tanto em termos de saúde digestiva quanto imunológica:

1. Efeito prebiótico

  • Estimula o crescimento de bactérias benéficas, como Lactobacillus e Bifidobacterium.

  • Melhora o equilíbrio da microbiota intestinal, o que favorece a saúde digestiva e imunológica.

2. Melhora da integridade da barreira intestinal

  • Fortalece a mucosa intestinal e reduz a permeabilidade (“intestino permeável”).

  • Diminui a inflamação intestinal, ajudando em condições como colite e doença inflamatória intestinal (DII).

3. Formação de ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs)

  • Ao serem fermentados pelas bactérias intestinais, os betaglucanos geram AGCCs como butirato, propionato e acetato.

  • Esses compostos nutrem as células do cólon, reduzem o pH intestinal e têm efeito anti-inflamatório.

4. Regulação do trânsito intestinal

  • Por serem fibras solúveis, os betaglucanos ajudam a formar um gel viscoso que:

    • Retarda o esvaziamento gástrico.

    • Facilita a formação de fezes mais consistentes.

    • Ajuda no alívio da constipação e no controle da diarreia.

5. Modulação imunológica

  • Interagem com receptores de células imunes no intestino (como os receptores Dectin-1 nos macrófagos).

  • Estimulam respostas imunes benéficas, tanto inatas quanto adaptativas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/