Via paracelular e via leaky gut

As expressões "via do poro" e "via do leak intestinal" são geralmente usadas em contextos relacionados à barreira intestinal e à permeabilidade intestinal, especialmente na área de saúde intestinal, imunologia e doenças inflamatórias. Vamos explorar as duas:

🔹 Via do Poro (Paracelular)

Refere-se à via paracelular, ou seja, o transporte de substâncias entre as células epiteliais do intestino, através de "poros" formados pelas junções de oclusão (tight junctions).

  • Normalmente regulada para permitir passagem de íons, água e pequenas moléculas.

  • Disfunção dessa via pode levar à entrada de substâncias não desejadas, como antígenos e toxinas.

  • Essa alteração está relacionada a condições como:

    • Síndrome do intestino irritável (SII)

    • Doença celíaca

    • Doença inflamatória intestinal (DII)

🔹 Via do Leak (Vazamento)

Essa via refere-se a um aumento anormal da permeabilidade intestinal, permitindo que moléculas maiores (ex: proteínas, lipopolissacarídeos) passem pela mucosa intestinal.

  • Está associada a um "leaky gut" (intestino permeável).

  • Pode ocorrer por:

    • Inflamação crônica

    • Disbiose intestinal

    • Estresse, má alimentação

    • Uso prolongado de AINEs ou antibióticos

  • Contribui para:

    • Ativação imune sistêmica

    • Reações alérgicas e autoimunes

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Vacinas e autismo

A crença de que vacinas causam autismo vem principalmente de um estudo falso e desmentido que ganhou muita atenção na década de 1990.

Em 1998, o médico britânico Andrew Wakefield publicou um artigo na revista médica The Lancet, sugerindo uma ligação entre a vacina tríplice viral (MMR: sarampo, caxumba e rubéola) e o autismo. O estudo era baseado em apenas 12 crianças e usava métodos científicos muito falhos. Depois, descobriu-se que Wakefield tinha conflitos de interesse financeiros e havia manipulado dados. O artigo foi desmentido oficialmente pela revista em 2010, e Wakefield teve sua licença médica cassada.

Mas, como o autismo geralmente é diagnosticado na mesma idade em que as crianças recebem vacinas, muitas pessoas ainda associam uma coisa à outra. Seria ótimo se a tese estivesse certa e esta fosse a causa. O problema teria sido resolvido. Contudo, Mais de 20 estudos grandes e confiáveis com centenas de milhares de crianças não encontraram nenhuma ligação entre vacinas e autismo.

Na verdade, muitos argumentam que na verdade as vacinas seriam protetoras. Que ao prevenirem doenças infecciosas, as vacinas infantis poderiam atuar como fatores protetores indiretos contra problemas de saúde mental no futuro.

Essa proteção ocorre por meio da redução de inflamações crônicas, prevenção de internações traumáticas e melhoria no funcionamento imunológico, fatores que, segundo evidências, estão ligados ao risco de desenvolvimento de condições como ansiedade, depressão e TDAH.

Estudos longitudinais revisados sugerem que crianças com esquemas vacinais completos tendem a apresentar menores taxas de transtornos comportamentais e emocionais. O trabalho de Kim e colaboradores (2020) também destaca que campanhas antivacina podem ter implicações não apenas físicas, mas também psicológicas no desenvolvimento infantil.

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O que gera o autismo regressivo?

Essa foi a pergunta de uma mãe semana passada durante a consulta. A regressão no desenvolvimento acontece quando uma criança aparentemente típica perde habilidades sociais, de linguagem ou motoras e depois é diagnosticada com autismo. Costuma ocorrer entre 1 e 2 anos, um período crucial para o desenvolvimento da linguagem, socialização e interação com o ambiente.

Mas por que acontece?

A pesquisa atual sugere uma interação entre vulnerabilidades genéticas e fatores ambientais precoces.

1. Fatores genéticos

O autismo tem forte base genética, com centenas de genes associados. Crianças podem carregar mutações genéticas ou variantes que não causam sintomas sozinhas, mas que aumentam a sensibilidade a outros fatores. Em casos de regressão, é possível que essas variantes estejam ligadas a desregulação do sistema imunológico ou sináptico.

2. Fatores neurobiológicos

Diferenças em processamento cerebral e conectividade neuronal já estão presentes antes do nascimento ou nos primeiros meses de vida. O cérebro da criança pode passar por uma “fase crítica” em que qualquer insulto ambiental pode desencadear a perda de habilidades já adquiridas.

3. Inflamação e sistema imunológico

Alguns estudos sugerem que inflamações cerebrais ou autoimunidade podem ter papel na regressão. Infecções virais, exposição pré-natal a estresse ou problemas no parto podem ativar o sistema imune de forma anormal. Em alguns casos, há indícios de respostas imunológicas exageradas que afetam o desenvolvimento neurológico.

4. Fatores ambientais e epigenéticos

Poluição do ar, pesticidas, desnutrição pré-natal, estresse materno extremo ou uso de certos medicamentos durante a gravidez podem influenciar o risco. Esses fatores não “criam” autismo sozinhos, mas podem modificar a expressão dos genes, criando uma combinação perigosa para uma criança vulnerável.

Disfunção mitocondrial

Mitocôndrias são nossas usinas de energia fornecem combustível para o corpo funcional. Estudos mostram qu 5 a 10% das crianças com TEA possuem doenças mitocondriais. Em crianças com TEA regressivo é mais comum a disfunção mitocondrial (até 39%). Os fatores 1 a 4 contribuem para a disfunção mitocondrial.

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