Suplementação de triptofano ou 5HTP?

O aminoácido triptofano é o precursor da serotonina. Por isso, alimentos ricos em triptofano como amendoim, castanha de caju, carne de frango, ovo, ervilha, pescada, amêndoa e abacate são importantes para a saúde mental. Além deste triptofano da dieta, o aminoácido também pode ser suplementado, especialmente em condições como ansiedade, depressão e fibromialgia.

Contudo, quando há inflamação, o Triptofano segue por uma rota alternativa e dá origem ao Ácido Quinolínico. Quando o Triptofano é desviado para a síntese de Ácido Quinolínico (QA), ele tem a intenção de gerar vitamina B3 ( que vai gerar NAD+ e auxiliar na disponibilidade de energia para a célula que está em um momento difícil - a inflamação).

Só que nem sempre isso acontece e quando o ácido quinolínico é formado (QA) há entrada excessiva de sódio e cálcio no neurônio, resultando em mais ansiedade e até apoptose (morte) de neurônios (Christmas, Potokar, & davies, 2011).

Desta forma , se fornecermos B3 para a célula, a reação fica inibida ( porque já teremos o produto final dela. Então temos aí um feedback negativo). Além da B3, a cúrcuma também tem o papel de inibir a IDO.

Outra opção é suplementar o 5HTP pois ele escapa da IDO. Assim, a partir dele é mais fácil a formação de serotonina. Claro, há muito mais no tratamento de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais. Aprenda mais no curso de psiconutrição.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Como a serotonina melhora o humor

A figura abaixo representa a neurotransmissão serotoninérgica entre um neurônio pré-sináptico e um neurônio pós-sináptico. Vamos entender cada parte e como isso se relaciona com a melhora do humor.

Explicação da Figura

  1. Síntese da Serotonina (5-HT):

    • O aminoácido triptofano (Try) entra no neurônio pré-sináptico e é convertido em 5-Hidroxitriptofano (5-HTP) pela enzima triptofano hidroxilase (TPH2).

    • O 5-HTP é então convertido em serotonina (5-HT).

  2. Armazenamento e Liberação:

    • A serotonina é armazenada em vesículas e liberada na fenda sináptica quando o neurônio recebe um estímulo elétrico.

  3. Atuação nos Receptores Pós-Sinápticos:

    • A serotonina se liga a diferentes receptores no neurônio pós-sináptico, ativando diversas vias de sinalização:

      • 5-HT1A, 5-HT1B, 5-HT1D (acoplados à proteína Gi): inibem a adenilato ciclase, reduzindo AMP cíclico.

      • 5-HT2A, 5-HT2B, 5-HT2C (acoplados à proteína Gq): ativam a fosfolipase C (PLC), levando à produção de IP3 e DAG, que regulam o cálcio intracelular.

      • 5-HT3: canal iônico que permite a entrada de Na+ e Ca2+, despolarizando a célula.

      • 5-HT4, 5-HT5A: modulam outras vias intracelulares ligadas ao ATP.

  4. Recaptação e Degradação:

    • A serotonina em excesso é recaptada pelo transportador SERT e pode ser degradada pela enzima monoamina oxidase (MAO-A), formando 5-HIAA.

O que leva à melhoria do humor?

A ativação de certos receptores serotoninérgicos está ligada ao bem-estar e à regulação emocional. Alguns pontos importantes:

  • O receptor 5-HT1A está associado à redução da ansiedade e ao efeito antidepressivo.

  • O receptor 5-HT2A participa da modulação do humor e cognição.

  • O aumento da serotonina na fenda sináptica, promovido por antidepressivos como os ISRS (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina), prolonga a ativação desses receptores, ajudando a tratar depressão e ansiedade.

Após a ligação da serotonina aos seus receptores algumas coisas acontecem:

1. Alteração na Atividade Neuronal

Dependendo do receptor ativado, a serotonina pode aumentar ou reduzir a excitabilidade dos neurônios. Receptores como 5-HT1A reduzem a atividade neuronal excessiva, diminuindo sintomas de ansiedade e estresse. Outros, como 5-HT2A, modulam circuitos de aprendizado e emoções, podendo induzir neuroplasticidade.

2. Liberação de Outros Neurotransmissores

A ativação dos receptores serotoninérgicos influencia a liberação de outros neurotransmissores, como:

  • Dopamina (envolvida na motivação e prazer)

  • Noradrenalina (regula energia e atenção)

  • GABA e Glutamato (modulam a excitação/inibição no cérebro)

Isso cria um efeito em cadeia que melhora o estado emocional e a capacidade de lidar com estresse.

3. Neuroplasticidade e Crescimento Neuronal

O aumento da serotonina estimula a produção de BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), uma proteína que promove o crescimento e fortalecimento das conexões neurais. Esse efeito ajuda a reverter os impactos do estresse crônico e da depressão, que reduzem a plasticidade cerebral.

4. Regulação do Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA)

A serotonina modula a resposta ao estresse, reduzindo a liberação de cortisol. Com menos cortisol circulante, o cérebro fica menos suscetível a estados de ansiedade e depressão.

5. Sensação de Bem-Estar e Redução de Sintomas Depressivos

O efeito final é uma melhora no humor, aumento da sensação de prazer e maior estabilidade emocional. Por isso, antidepressivos que aumentam a serotonina (ISRS) levam algumas semanas para funcionar, pois a neuroplasticidade e a regulação do eixo HHA levam tempo para ocorrer.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Reações que envolvem metilação

A metilação é um processo bioquímico que envolve a adição de um grupo metil (CH₃) a uma molécula, e isso pode ocorrer em várias reações no corpo humano, desempenhando papéis cruciais na regulação de processos biológicos. Vamos explorar as reações mencionadas:

Conversão de homocisteína em metionina:

A homocisteína pode ser convertida em metionina através de um processo chamado metilação, que é dependente de folato (vitamina B9) e vitamina B12. Esta reação é catalisada pela homocisteína metiltransferase (ou methionine synthase), que transfere um grupo metil da 5-metiltetrahidrofolato (forma ativa do folato) para a homocisteína, formando metionina. A metionina, por sua vez, é importante para a síntese de proteínas e de S-adenosilmetionina (SAMe), que é um importante doador de grupos metil em diversas reações bioquímicas.

Conversão de serotonina em melatonina:

A conversão de serotonina em melatonina envolve um processo de metilação, mas também uma reação de acetilação. A serotonina (5-hidroxitriptamina) é convertida em melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) por meio de duas enzimas principais:

  • Serotonina N-acetiltransferase (que adiciona o grupo acetil)

  • Hydroxyindole-O-methyltransferase (que adiciona o grupo metil).

    O grupo metil é transferido da S-adenosilmetionina (SAMe) para a serotonina, resultando na formação de melatonina, um hormônio regulador do ciclo sono-vigília.

Conversão de estronas em estradiol e estriol

Existem vários tipos de estrogênio, categoria de hormônio sexual reponsável pelo desenvolvimento e regulação dos sistema reprodutor feminino. A estrona é um tipo de estrogênio e pode ser convertida em estradiol (estrogênio principal) ou estriol (produto oxidativo de estradiol e estrona) em processos hormonais que envolvem enzimas de metilação e hidroxilação.

Embora a conversão mais comum e importante seja a de estrona em estradiol, a metilação específica do estrogênio também pode influenciar a modificação dos estrogênios, alterando sua atividade biológica. Especificamente, a metilação do estrogênio pode ser realizada por enzimas como as CYP450 (do grupo das citocromo P450), que também desempenham um papel na metabolização dos estrogênios.

Estes hormônios ligam-se e ativam receptores de estrogênio que, por sua vez, modulam a expressão de genes envolvidos na saúde óssea, cardiovascular, cerebral. Estes hormônios também são responsáveis pelo amadurecimento do corpo da mulher e atuam no preparo para a gestação.

Metilação do DNA:

A metilação do DNA é um processo epigenético crucial para a regulação da expressão gênica. Envolve a adição de um grupo metil (CH₃) à uma citosina no DNA, geralmente em regiões ricas em citosina e guanina (CpG). Esta modificação pode silenciar ou regular genes sem alterar a sequência do DNA. A DNA metiltransferase (DNMT) é a enzima responsável por adicionar o grupo metil.

A metilação do DNA está associada a processos como desenvolvimento, diferenciação celular, inativação do cromossomo X e silenciamento de genes relacionados a câncer. Aprenda mais no curso de genômica nutricional.

Esses processos estão interligados e desempenham papéis essenciais no metabolismo, regulação hormonal e controle da expressão genética. A metilação é um processo fundamental no corpo humano, com implicações significativas em muitas funções biológicas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/