A Conexão Entre o Intestino e as Disautonomias: Novas Descobertas na Medicina

A medicina está em constante evolução, e novas pesquisas revelam conexões surpreendentes entre diferentes sistemas do corpo. Uma descoberta recente aponta para uma possível relação entre as bactérias intestinais e as disautonomias – distúrbios do sistema nervoso autônomo.

Embora essa linha de pesquisa ainda esteja em fase inicial, ela merece atenção, pois as bactérias intestinais podem ser moduladas por meio da dieta, suplementação e fatores ambientais, como exercícios e controle do estresse.

A Complexa Rede do Sistema Nervoso

O corpo humano possui vários sistemas nervosos interligados, que se comunicam por meio de hormônios, enzimas, bactérias intestinais, eletrólitos e fatores estressantes. Mesmo durante o sono, esses elementos continuam operando para manter as funções automáticas do organismo.

O intestino faz parte do Sistema Nervoso Entérico (SNE), que contém aproximadamente 100 milhões de neurônios, trilhões de bactérias e 3,3 milhões de genes – um volume 150 vezes maior do que o genoma humano. Impressionantemente, cerca de 99% dos genes do corpo humano provêm das bactérias intestinais, o que levou os cientistas a chamarem o intestino de "segundo cérebro".

Este sistema poderoso impacta diretamente o sistema imunológico, o metabolismo, a digestão e a fisiologia geral. Manter um equilíbrio adequado das bactérias intestinais é essencial para garantir o bom funcionamento de todo o organismo.

A Relação Entre o Intestino e a Disautonomia

A disautonomia é um termo genérico que abrange várias condições médicas que afetam o Sistema Nervoso Autônomo (SNA), responsável por funções involuntárias como:

  • Frequência cardíaca

  • Pressão arterial

  • Respiração

  • Digestão

  • Regulação da temperatura

O intestino se comunica com o Sistema Nervoso Central (SNC) – composto pelo cérebro e medula espinhal – por meio do SNA, através do nervo vago. Essa é uma via de comunicação bidirecional, o que significa que ambos os sistemas podem influenciar um ao outro.

O Papel do Nervo Vago

O nervo vago é o maior dos nervos cranianos e desempenha funções vitais no organismo:

  • Controla a frequência cardíaca

  • Regula a respiração

  • Coordena os movimentos do trato digestivo

  • Estimula secreções gástricas

  • Ativa reflexos como tosse, deglutição e vômito

Estudos indicam que um desequilíbrio na microbiota intestinal pode estar associado a doenças neurodegenerativas. A relação entre o intestino e o sistema nervoso é complexa, e alterações nesse equilíbrio podem desestabilizar todo o organismo.

A Conexão Entre SIBO e POTS

A Síndrome da Taquicardia Ortostática Postural (POTS) é uma das disautonomias mais comuns, afetando cerca de 70 milhões de pessoas no mundo. Frequentemente associada a doenças autoimunes, a POTS é caracterizada por um aumento significativo da frequência cardíaca ao ficar em pé. Seus sintomas incluem:

  • Tontura e desmaios

  • Problemas gastrointestinais (SIBO)

  • Suor excessivo e tremores

  • Fadiga e fraqueza

  • Dificuldade para dormir

Estudos recentes mostraram que pacientes com POTS frequentemente apresentam Supercrescimento Bacteriano do Intestino Delgado (SIBO), um desequilíbrio na microbiota que pode levar a doenças autoimunes e problemas neurológicos, como Alzheimer e Parkinson.

Tratamento e Controle do SIBO

Testes respiratórios são usados para identificar o excesso de gases. O tratamento é feito, em caso de sintomas excessivos, com antibóticos específicos, como:

  • Rifaximina (SIBO)

  • Neomicina, no caso de crescimento metanogênico (IMO)

Outras abordagens complementares incluem:

  • Dieta com baixa ingestão de carboidratos fermentáveis (FODMAPs)

  • Uso de ervas com propriedades antimicrobianas, como berberina e óleo de orégano

  • Suplementação com enzimas digestivas para melhorar a digestão

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Sibo e resistência à levodopa em pacientes com parkinson

Pesquisas indicam que uma proporção relativamente alta de pessoas com Parkinson também pode ter SIBO, embora as estimativas variem. A prevalência de SIBO em pacientes com Parkinson pode ser mais alta do que em indivíduos da população geral, com alguns estudos indicando que entre 30% a 50% dos pacientes com Parkinson podem ter SIBO. Isso pode estar relacionado ao impacto do Parkinson no sistema digestivo, como a lentidão do trânsito gastrointestinal, que favorece o crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado.

Estudos sobre a relação entre a doença de Parkinson e o SIBO (Supercrescimento Bacteriano no Intestino Delgado) estão em andamento, e embora a prevalência exata de SIBO entre pacientes com Parkinson ainda não esteja completamente estabelecida, alguns estudos sugerem uma conexão significativa entre essas duas condições.

Prevalência de SIBO em Pacientes com Parkinson:

Pesquisas indicam que uma proporção relativamente alta de pessoas com Parkinson também pode ter SIBO, embora as estimativas variem. A prevalência de SIBO em pacientes com Parkinson pode ser mais alta do que em indivíduos da população geral, com alguns estudos indicando que entre 30% a 50% dos pacientes com Parkinson podem ter SIBO. Isso pode estar relacionado ao impacto do Parkinson no sistema digestivo, como a lentidão do trânsito gastrointestinal, que favorece o crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado.

Fatores que Contribuem para essa Relação:

  1. Motilidade gastrointestinal prejudicada: A doença de Parkinson pode afetar os músculos do trato gastrointestinal, levando a uma motilidade intestinal reduzida. Isso pode criar um ambiente propício para o supercrescimento bacteriano.

  2. Uso de medicamentos: Alguns medicamentos usados para tratar Parkinson, como os que aumentam a dopamina ou os antiparkinsonianos, podem afetar o sistema gastrointestinal e contribuir para o desenvolvimento de SIBO.

  3. Disfunção do sistema nervoso autônomo: O Parkinson pode afetar o sistema nervoso autônomo, que controla a motilidade intestinal, contribuindo para a estase alimentar e favorecendo o crescimento bacteriano no intestino delgado.

Embora os dados exatos possam variar, é importante que pacientes com Parkinson que experimentam sintomas digestivos, como distensão abdominal, gases, diarreia ou constipação, discutam com seu médico a possibilidade de SIBO e outras condições gastrointestinais associadas.

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Menor eficácia da Levodopa em pacientes com SIBO

Quando um paciente com Doença de Parkinson apresenta SIBO (Supercrescimento Bacteriano no Intestino Delgado) e disbiose e não responde adequadamente à levodopa (medicação padrão para Parkinson), isso pode ser um desafio significativo. Existem várias razões pelas quais esses fatores podem interferir no tratamento, e abordagens multidisciplinares podem ser necessárias para melhorar a resposta ao tratamento.

Como SIBO e Disbiose Podem Impactar a Resposta à Levodopa:

  1. Absorção prejudicada de medicamentos:
    SIBO e disbiose afetam o equilíbrio bacteriano intestinal e a saúde do trato gastrointestinal. Isso pode prejudicar a absorção adequada da levodopa e de outros medicamentos, uma vez que a motilidade gastrointestinal reduzida e a inflamação intestinal podem interferir na capacidade do corpo de absorver a medicação de forma eficiente.

  2. Alterações no metabolismo de medicamentos:
    O crescimento excessivo de bactérias no intestino pode alterar a metabolização de medicamentos como a levodopa. O SIBO pode resultar em alterações no pH intestinal, que podem afetar a quebra e absorção de levodopa, além de influenciar o processo de conversão da levodopa em dopamina no cérebro.

  3. Inflamação intestinal:
    A disbiose e o SIBO geralmente causam inflamação no trato gastrointestinal, o que pode afetar a função nervosa e intestinal, contribuindo para uma pior resposta ao tratamento. A inflamação crônica também pode interferir na função do sistema nervoso autônomo, que regula muitos processos digestivos e a motilidade intestinal.

  4. Interações com microbiota e dopamina:
    A microbiota intestinal tem um papel importante na modulação da dopamina, um neurotransmissor crucial para a Doença de Parkinson. Disbiose pode alterar o equilíbrio da microbiota e afetar a produção de dopamina no sistema nervoso central e intestino, levando a um quadro de resistência ao tratamento com levodopa.

Abordagens para Melhorar a Resposta ao Tratamento:

  1. Tratamento do SIBO e da Disbiose:

    • Antibióticos específicos: O tratamento de SIBO geralmente envolve o uso de antibióticos como rifaximina ou metronidazol, que ajudam a reduzir o crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado. Esses antibióticos devem ser administrados sob a supervisão de um médico.

    • Probióticos: Embora seja importante em muitos casos, o uso de probióticos deve ser cuidadosamente monitorado em pacientes com SIBO, pois certos tipos de probióticos podem piorar o problema em algumas pessoas. Probióticos específicos podem ser introduzidos gradualmente, conforme a necessidade.

    • Dieta de baixo FODMAP: Seguir uma dieta que limita alimentos ricos em FODMAPs pode ser benéfico para reduzir a fermentação intestinal e controlar o SIBO. Alguns alimentos como cebolas, alho, leguminosas, trigo e laticínios devem ser evitados.

    • Goma guar ou outros agentes espessantes: Agentes que ajudam na absorção e na motilidade gastrointestinal, como a goma guar, podem ser úteis para melhorar a digestão e a absorção de medicamentos.

  2. Ajustes no tratamento com levodopa:

    • Ajuste da dosagem: A levodopa pode precisar ser ajustada em relação ao horário de administração e à dosagem. Muitas vezes, a absorção de levodopa pode ser melhorada se a medicação for tomada em jejum ou em horários específicos, longe das refeições.

    • Uso de inibidores da COMT (como entacapona ou tolcapona): Inibidores da COMT ajudam a aumentar a disponibilidade de levodopa no cérebro ao reduzir sua degradação. Isso pode ser útil quando o paciente não responde bem ao tratamento convencional.

    • Terapia com gel de levodopa/carbidopa: Para pacientes com dificuldades de absorção, o gel de levodopa/carbidopa (administração contínua via sonda nasogástrica) pode ser uma opção mais eficaz.

  3. Apoio Nutricional e Suplementação:

    • Apoio nutricional adequado: Garantir que a dieta seja equilibrada, com boas fontes de proteína, micronutrientes e fibras de baixo FODMAP, pode melhorar a absorção de nutrientes e medicamentos.

    • Suplementos de dopamina precursora: Embora a levodopa seja o principal tratamento, em alguns casos, o uso de precusores de dopamina como L-tyrosina pode ser explorado como parte do tratamento.

  4. Tratamento da motilidade gastrointestinal:

    • Procinéticos: Medicamentos que ajudam a melhorar a motilidade intestinal, como prucaloprida ou domperidona, podem ser usados para melhorar a motilidade do intestino e a absorção da levodopa.

    • Exercícios físicos: Incentivar exercícios físicos moderados pode ajudar a melhorar a função intestinal e a motilidade gastrointestinal, além de aliviar alguns dos sintomas motores da Doença de Parkinson.

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Disruptores Endócrinos: O Perigo Invisível para a Nossa Saúde

Os disruptores endócrinos (DEs) são substâncias químicas que interferem no funcionamento do sistema hormonal, podendo mimetizar, bloquear ou alterar a produção, transporte e eliminação de hormônios essenciais para o organismo. Essa disrupção pode levar a uma série de efeitos adversos na saúde, principalmente no desenvolvimento fetal, crescimento, metabolismo e reprodução.

Onde Encontramos os Disruptores Endócrinos?

Esses compostos estão presentes em diversos produtos do dia a dia, muitas vezes sem que percebamos:

  • Plásticos: Garrafas PET, embalagens de alimentos e utensílios domésticos contêm substâncias como Bisfenol A (BPA) e ftalatos.

  • Pesticidas: Resíduos de agroquímicos em frutas, verduras e água potável.

  • Cosméticos: Produtos de beleza e higiene, como shampoos, cremes e maquiagens.

  • Alimentos: Conservantes, aditivos e embalagens podem liberar compostos prejudiciais.

  • Água: Estudos demonstram a presença de DEs em fontes de abastecimento público.

Quanto Tempo os Disruptores Endócrinos Permanecem no Corpo?

A persistência dessas substâncias no organismo depende da estrutura química do composto e da capacidade do corpo de metabolizá-lo e eliminá-lo. Inicialmente, acreditava-se que certos compostos, como os presentes nos plásticos, eram eliminados em poucos dias. No entanto, pesquisas recentes revelaram que alguns desses elementos podem se acumular até no cérebro, aumentando os riscos para a saúde a longo prazo.

Os Disruptores Endócrinos e a Exposição Fetal

A exposição a disruptores endócrinos durante a gestação é especialmente preocupante, pois pode afetar diretamente o desenvolvimento do bebê. Diversos estudos identificaram a presença desses compostos na placenta e em recém-nascidos, indicando potenciais impactos no neurodesenvolvimento infantil.

Principais Disruptores Endócrinos Detectados na Placenta e no Bebê:

  • Bisfenol A (BPA), ftalatos e pesticidas: Foram detectados no líquido amniótico, indicando exposição intrauterina. Estudos associam essa exposição a perturbações no desenvolvimento fetal.

  • Compostos Organoestânicos (Organotinas): Como a tributiltina (TBT), que pode atravessar a placenta e acumular-se nos tecidos fetais. Embora pesquisas em humanos ainda sejam limitadas, estudos em animais sugerem impactos negativos no desenvolvimento neurológico.

  • Triclosan: Presente em produtos antimicrobianos, pode interferir na regulação hormonal, afetando a homeostase dos hormônios gonadais e da tireoide, comprometendo o neurodesenvolvimento.

Efeitos no Cérebro e no Sistema Nervoso

A exposição a disruptores endócrinos pode trazer conseqüências severas para o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, incluindo:

✅ Alterações na plasticidade neuronal

✅ Déficits de memória e aprendizado

✅ Maior risco de ansiedade e hiperatividade

✅ Mudanças nos níveis de neurotransmissores, como dopamina e serotonina

Impactos na Tireoide

A tireoide é um órgão fundamental para o metabolismo e desenvolvimento. Os DEs podem afetá-la de diferentes formas:

  • Bloqueio de receptores hormonais

  • Redução nos níveis de T4

  • Comprometimento da conversão de T4 em T3 (forma ativa do hormônio tireoidiano)

Como Reduzir a Exposição aos Disruptores Endócrinos?

Embora seja difícil eliminar completamente a exposição aos DEs, algumas ações podem ajudar a minimizar os riscos:

  • Evitar plásticos com BPA e ftalatos: Opte por vidro ou aço inoxidável para armazenar alimentos e bebidas.

  • Preferir alimentos orgânicos: Reduz a exposição a pesticidas.

  • Escolher cosméticos naturais e livres de parabenos.

  • Filtrar a água: Alguns filtros removem resíduos de pesticidas e hormônios.

  • Reduzir o consumo de alimentos processados: Evite embalagens plásticas e aditivos artificiais.

Pequenas mudanças no dia a dia podem diminuir significativamente a exposição a essas substâncias prejudiciais. Você já aplica algumas dessas estratégias?

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