Deficiência de vitamina A em crianças

A nutrição adequada é essencial para o crescimento e desenvolvimento saudável das crianças. Muitas vezes, ouvimos falar de nutrientes “principais” e “secundários”, mas a verdade é que todos são indispensáveis! Mesmo aqueles que atuam apenas como cofatores no metabolismo desempenham um papel essencial para o funcionamento do organismo. No entanto, alguns nutrientes são mais fáceis de serem obtidos em quantidades adequadas do que outros, o que pode levar a deficiências nutricionais.

Desafios Alimentares na Infância

Durante a infância, é comum que as crianças passem por fases de seletividade alimentar, onde preferem determinados alimentos e rejeitam outros. Essas “fases” podem resultar em uma ingestão reduzida de nutrientes essenciais. Situações como recusa a vegetais folhosos, ovos ou carnes podem contribuir para deficiências nutricionais, mesmo quando a alimentação da criança é, em geral, equilibrada.

O cenário atual mostra que as carências nutricionais são frequentes: cerca de 50% das crianças com até cinco anos apresentam algum tipo de déficit de vitaminas ou minerais. Esse dado reforça a importância da suplementação, especialmente quando há dificuldade em alcançar as quantidades necessárias por meio da alimentação.

Nutrientes Essenciais e Suplementação

Quando falamos em suplementação, é comum focarmos nos “grandes” nutrientes, como Vitamina D, Ferro, Vitamina A, B12 e Ômega 3. No entanto, esses nutrientes também dependem de outros menos falados, mas igualmente importantes, como zinco, selênio, folato e colina. Dessa forma, a melhor abordagem para garantir que cada criança receba os nutrientes adequados é por meio de uma avaliação nutricional e laboratorial personalizada.

No Brasil, pesquisas demonstram que 17,4% das crianças e 12,3% das mulheres em idade fértil apresentam níveis inadequados de vitamina A. As regiões mais afetadas são o Nordeste (19,0%) e o Sudeste (21,6%).

O Impacto da Deficiência de Vitamina A

A deficiência de vitamina A tem consequências significativas para a imunidade. Estudos mostram que ela está associada à redução da atividade das células NK (Natural Killers) e à diminuição da capacidade das células esplênicas de produzir interferon em resposta a estímulos. Além disso, essa deficiência compromete a produção de anticorpos contra polissacarídeos bacterianos e antígenos proteicos, aumentando a vulnerabilidade a infecções, como micobacterioses e esquistossomose.

Benefícios da Suplementação com Vitamina A

Evidências científicas apontam diversos benefícios da suplementação de vitamina A para crianças de 6 a 59 meses:

  • Redução do risco global de morte em 24%.

  • Redução da mortalidade por diarreia em 28%.

  • Redução da mortalidade por todas as causas em crianças HIV positivo em 45%.

Com base nesses dados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a suplementação de vitamina A para prevenir a deficiência, a xeroftalmia e a cegueira nutricional em crianças nessa faixa etária. Além disso, a suplementação deve ser parte de uma estratégia mais ampla, que inclua a diversificação alimentar com fontes ricas nesse nutriente, como batata-doce, cenoura, folhas verdes (especialmente couve), abóbora, alface, melão, pimentão e manga.

A Importância da Suplementação Pós-Parto

Além da suplementação infantil, é fundamental que as mães também sejam suplementadas após o parto. Isso contribui para garantir que a criança receba quantidades adequadas de vitamina A através da amamentação.

Toda criança deveria receber suplementação de vitamina A, assim como já ocorre com a vitamina D. No entanto, é importante que essa suplementação seja feita com produtos de qualidade, livres de excipientes prejudiciais, como corantes, adoçantes e conservantes artificiais, incluindo parabenos, que são conhecidos como disruptores endócrinos.

Garantir um aporte adequado de vitaminas e minerais desde os primeiros anos de vida é um investimento essencial para a saúde e o desenvolvimento infantil. O acompanhamento nutricional e laboratorial é a melhor forma de personalizar a suplementação e garantir que cada criança receba exatamente o que precisa para crescer com saúde e vitalidade.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dieta low fodmap e endometriose

O estudo Endometriosis in patients with irritable bowel syndrome: Specific symptomatic and demographic profile, and response to the low FODMAP diet (Endometriose em pacientes com síndrome do intestino irritável: Perfil sintomático e demográfico específico, e resposta à dieta de baixo FODMAP) analisa a relação entre endometriose e síndrome do intestino irritável (SII), destacando como esses dois distúrbios podem coexistir em alguns pacientes e como a dieta de baixo FODMAP pode influenciar os sintomas.

A pesquisa foca nos seguintes pontos principais:

  1. Perfil sintomático e demográfico:

    • O estudo observou que, entre as 160 mulheres que atendiam aos critérios de Roma para SII, 36% apresentavam endometriose concomitante. Além disso, a presença de sintomas como dispareunia (dor durante a relação sexual) (P > 0.0001), dor referida (P = 0.005), sintomas intestinais exacerbados pela menstruação (P = 0.0004) e histórico familiar de endometriose (P = 0.0003) foram associados à endometriose concomitante.

  2. Relação entre endometriose e SII:

    • A pesquisa sugere que mulheres com endometriose podem ser mais suscetíveis a desenvolver SII ou ter seus sintomas exacerbados devido à inflamação pélvica ou a alterações hormonais.

    • Muitas mulheres com endometriose experimentam sintomas gastrointestinais, o que pode dificultar o diagnóstico correto, já que os sintomas da SII podem se sobrepor aos da endometriose.

  3. Resposta à dieta de baixo FODMAP:

    • A dieta de baixo FODMAP é frequentemente usada para tratar os sintomas da SII, e o estudo investiga como ela pode beneficiar pacientes com ambas as condições (endometriose e SII).

    • No estudo, 72% das mulheres com endometriose relataram uma melhora superior a 50% nos sintomas intestinais após quatro semanas de dieta de baixo FODMAP, em comparação com 49% das mulheres que não tinham endometriose conhecida (P = 0.001, odds ratio 3.11, IC 95%, 1.5–6.2).

    • Embora a dieta de baixo FODMAP tenha mostrado eficácia na redução dos sintomas gastrointestinais, os efeitos sobre os sintomas específicos da endometriose, como dor pélvica, ainda precisam de mais investigação.

Em resumo, o estudo sugere que mulheres com endometriose e SII podem ter um perfil sintomático e demográfico único. A dieta de baixo FODMAP pode ser eficaz para aliviar os sintomas gastrointestinais associados à SII, com uma melhora significativa observada nas mulheres com endometriose. Contudo, os efeitos sobre os sintomas da endometriose em si exigem mais estudos para uma compreensão completa.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Pessoas ansiosas e deprimidas respondem menos à dieta FODMAP

A dieta com baixo teor de oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis ​​(FODMAP) é recomendada como uma estratégia de tratamento terapêutico de primeira linha para a síndrome do intestino irritável (SII). Sua aceitabilidade e eficácia para melhorar os sintomas e a qualidade de vida (QV) varia entre 50-75% dos indivíduos com SII.

Um subconjunto de indivíduos (25-50%) não responde à dieta. Em estudo com 12 participantes (89% do sexo feminino) e idade média de 30 ± 17 anos, aqueles com níveis mais elevados de sintomas psicológicos basais e percepções mais negativas da doença tiveram menor resposta à dieta. Menor ansiedade, visões positivas da doença e crenças de tratamento mais altas preveem melhor QoL e resposta de sintomas. Assim, o acompanhamento psicológico dos pacientes com alterações intestinais é muito importante.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/