VDR e densidade óssea

Acredita-se que existam fortes determinantes genéticos associados ao pico de massa óssea, renovação óssea e perda óssea. É bem reconhecido que a ação do estrogênio está favoravelmente associada à manutenção da densidade mineral óssea (DMO) após a menopausa e na prevenção subsequente de fraturas. Os genótipos do receptor de andrógeno foram fortemente associados aos quintis da DMO. Os receptores de andrógeno estão presentes em baixa densidade nos osteoblastos, embora uma influência direta nos osteoclastos não tenha sido demonstrada.

A osteocalcina é o componente proteico não-colágeno mais abundante do osso. Acredita-se que a osteocalcina regule a atividade da 1,25-di-hidroxivitamina D. LRP5, proteína 5 relacionada ao receptor de lipoproteína de baixa densidade, é um determinante para a densidade mineral óssea, mostrou uma associação significativa com a DMO.

Polimorfismos do receptor de vitamina D (VDR) foram fortemente associados à densidade mineral óssea (DMO) em alguns estudos, mas não em outros. A proteína morfogenética óssea 2 (BMP-2) desempenha um papel na diferenciação dos osteoblastos. A variação do gene BMP-2 foi previamente associada à osteoporose em várias populações pequenas, mas não foi confirmada de forma confiável em estudos maiores. Portanto, é importante visualizar os fatores de risco genéticos para problemas de densidade mineral óssea como parte de um quadro geral que inclui estilo de vida e dieta.

Quando ativo, o receptor nuclear de vitamina D (VDR) afeta a transcrição de pelo menos 913 genes e impacta processos que vão desde o metabolismo do cálcio à expressão de peptídios antimicrobianos. O VDR é uma espécie de sistema de controle. Pacientes com doenças inflamatórias crônicas e autoimunes costumam ter deficiência de vitamina D. A reposição ativa genes que aliviam os sintomas destas doenças.

Gene VDR

O gene VDR fornece instruções para a produção de uma proteína chamada receptor de vitamina D (VDR), que permite que o corpo responda adequadamente à vitamina D.

Essa vitamina pode ser adquirida de alimentos na dieta ou produzida no corpo com a ajuda da luz solar. A vitamina D está envolvida na manutenção do equilíbrio adequado de vários minerais no corpo, incluindo cálcio e fosfato, que são essenciais para a formação normal de ossos e dentes. Um dos principais papéis da vitamina D é controlar a absorção de cálcio e fosfato dos intestinos para a corrente sanguínea. A vitamina D também está envolvida em vários processos não relacionados à formação óssea.

O VDR se liga (se liga) à forma ativa da vitamina D, conhecida como calcitriol. Essa interação permite que o VDR faça parceria com outra proteína chamada receptor de retinoide X (RXR). O complexo resultante de proteínas então se liga a regiões específicas do DNA, conhecidas como elementos de resposta à vitamina D, e regula a atividade dos genes responsivos à vitamina D. Ao ligar ou desligar esses genes, o VDR ajuda a controlar a absorção de cálcio e fosfato e outros processos.

Uma variante VDR FokI está envolvida com a regulação do açúcar no sangue. Certas mutações VDR se opõem às mutações COMT na regulação dos níveis de dopamina.

Uma mutação VDR TaqI++ significa que uma pessoa é menos sensível a mudanças de humor ao tomar níveis de suplemento do grupo metil. Uma mutação VDR Taq1 pode resultar em comportamentos opostos a certas mutações COMT.

O receptor de vitamina D desempenha um papel importante na regulação do ciclo capilar. A perda de VDR está associada à perda de cabelo em animais experimentais. Os glicocorticoides são conhecidos por diminuir a expressão de VDR, que é expressa na maioria dos tecidos do corpo e regula o transporte intestinal de cálcio, ferro e outros minerais. A variante VDR BsmI tem sido associada à baixa densidade mineral óssea e à osteoporose.

Mutações no gene VDR causam raquitismo dependente de vitamina D tipo 2 (VDDR2), também conhecido como raquitismo hereditário resistente à vitamina D. Esse distúrbio do desenvolvimento ósseo é caracterizado por baixos níveis de cálcio (hipocalcemia) e fosfato (hipofosfatemia) no sangue, o que leva a ossos moles e fracos (raquitismo) que são propensos a fraturas. Uma característica comum dessa condição são pernas arqueadas.

As mutações do gene VDR que causam essa condição impedem que a proteína VDR funcione corretamente. Algumas alterações no gene VDR levam a uma versão anormalmente curta da proteína VDR; outras resultam na produção de um receptor anormal que não pode se ligar ao calcitriol, ao RXR ou ao DNA. Apesar de muito calcitriol no corpo, o VDR alterado não pode estimular a atividade genética importante para a absorção de minerais. A falta de absorção de cálcio e fosfato nos intestinos retarda a deposição desses minerais no osso em desenvolvimento (mineralização óssea), o que leva a ossos moles e fracos e outras características do VDDR2.

A hipocalcemia também causa fraqueza muscular e convulsões em alguns indivíduos afetados. A maioria das mutações do gene VDR prejudica o crescimento do cabelo, levando à alopecia; no entanto, mutações que bloqueiam a capacidade do VDR de interagir com o calcitriol não causam alopecia, indicando que o calcitriol não é necessário para o papel do receptor no desenvolvimento do cabelo.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Genética e ritmo circadiano

A rotação diária da Terra em seu eixo e a revolução anual ao redor do Sol têm efeitos significativos em nossos "ritmos biológicos". Desenvolvemos relógios circadianos moleculares endógenos para sincronizar nossos ritmos comportamentais, biológicos e metabólicos com sinais ambientais, com o objetivo de ter o melhor desempenho em um período de 24 horas. A regulação circadiana coordenada dos ciclos sono/vigília, repouso/atividade, jejum/alimentação e ciclos catabólicos/anabólicos é crucial para a saúde ideal.

Os ritmos circadianos na expressão genética sincronizam processos bioquímicos e fluxos metabólicos com o ambiente externo, permitindo que o organismo funcione efetivamente em resposta a desafios fisiológicos previsíveis. Uma perda de sincronização pode alterar a gama fisiológica de ritmos, levando a distúrbios metabólicos e doenças, ou seja, cronopatologia.

A imagem acima representa a regulação genética do ritmo circadiano, destacando genes e proteínas essenciais para a sincronização dos ciclos biológicos com estímulos ambientais, como a luz solar.

Genes da imagem:

  1. Entrada de Luz e Ativação de Genes Relógio:

    A luz solar ativa células ganglionares da retina, estimulando a expressão do gene PER2 via CREB (proteína de ligação ao elemento de resposta ao AMP cíclico). Outros genes como PER1, PER3, CRY1 e CRY2 também são regulados pela luz.

    Exposição à luz solar pela manhã (idealmente nos primeiros 30-60 minutos após acordar) ativa o gene PER2, ajustando o relógio biológico.

    Evitar luz azul à noite (de telas e lâmpadas LED) previne a supressão da melatonina, essencial para o sono e regulação dos genes circadianos.

  2. Mecanismo Molecular do Relógio Circadiano:

    No núcleo celular, os genes CLOCK e ARNTL (BMAL1) formam um heterodímero e se ligam a regiões chamadas EBOX para ativar a transcrição de genes do ciclo circadiano, como PER1, PER2, PER3, CRY1 e CRY2. Essas proteínas formam complexos que, ao longo do tempo, inibem sua própria transcrição, criando um ciclo oscilatório de aproximadamente 24 horas.

    A alimentação influencia diretamente genes como CLOCK, BMAL1, PER, CRY e ROR, regulando o metabolismo e o ciclo circadiano. Alimentos que ajudam na regulação circadiana:

  • Triptofano (precursor da melatonina)

    • Presente em: ovos, queijo, peru, banana, castanhas, cacau.

    • Favorece a síntese de melatonina e serotonina, melhorando o sono e o humor.

  • Magnésio (essencial para a função do CLOCK)

    • Fontes: amêndoas, espinafre, sementes de abóbora, cacau.

    • Modula a expressão dos genes circadianos e melhora a qualidade do sono.

  • Vitamina B6 (cofator da conversão de triptofano em serotonina e melatonina)

    • Fontes: banana, salmão, batata-doce, abacate.

    • Atua na síntese de neurotransmissores e no gene PDXK.

  • Vitamina B12 e Metilcobalamina (importante para ritmos metabólicos)

    • Fontes: carne vermelha, ovos, leite, frutos do mar.

    • Regula a produção de melatonina e a resposta ao ciclo circadiano.

  • Ácidos graxos ômega-3 (anti-inflamatório e modulador de genes circadianos)

    • Fontes: peixes gordurosos (salmão, sardinha), linhaça, chia.

    • Estimula genes como BMAL1 e ROR e reduz inflamações que afetam o ritmo circadiano.

  • Resveratrol e Polifenóis (favorecem a expressão de CLOCK e BMAL1)

    • Fontes: uva, vinho tinto, cacau, chá verde.

    • Melhoram a sensibilidade à insulina e ajudam no controle dos ciclos metabólicos.

    Estratégias de Estilo de Vida

    1. Jejum Intermitente e Horários Regulares de Alimentação

      • Comer sempre nos mesmos horários ajusta genes como PER1 e PER2.

      • O jejum intermitente estimula SIRT1, que interage com CLOCK e BMAL1.

    2. Exercício Físico

      • Atividade física pela manhã aumenta a expressão de BMAL1 e CLOCK, promovendo um ritmo metabólico estável.

      • Treinos noturnos intensos podem atrasar a liberação de melatonina e alterar PER2.

    3. Sono de Qualidade

      • Dormir em um ambiente escuro preserva a produção de melatonina e melhora a sincronização circadiana.

      • Evitar cafeína e refeições pesadas à noite reduz a desregulação de CLOCK e PER.

    4. Exposição ao Frio

      • Banhos frios ou exposição ao frio ativam o metabolismo de gordura marrom e regulam genes circadianos como PER1 e ROR.

    3. Regulação por Fatores Adicionais:

    RORA, RORB e RORC regulam positivamente ARNTL, enquanto NR1D1 (REV-ERB) age como um inibidor. GSK3B, um alvo do lítio, modula a estabilidade de proteínas do ciclo circadiano.

  • Vitamina D: estimula a expressão de RORs. Fontes: sol, peixes gordurosos, gema de ovo.

  • Resveratrol e Polifenóis: modulam RORs e melhoram ritmos circadianos. Fontes: cacau, chá verde, uvas.

  • DHA (Ômega-3): regula a expressão de RORA e RORB, promovendo neuroproteção. Fontes: salmão, sardinha, chia.

  • Exposição à luz solar matinal: essencial para manter a atividade circadiana correta.

    Como ativar NR1D1:

    • Exercício físico moderado: melhora a função de REV-ERBα.

    • Carboidratos complexos à noite: ajudam a regular o ciclo NR1D1-BMAL1.

    • Cafeína pela manhã: promove a ativação de NR1D1.

    4. Relação com o Metabolismo e a Saúde:

    MTNR1A e MTNR1B são receptores de melatonina, hormônio regulador do sono. Pyridoxal phosphate (Pdxk) e vitamina B6 influenciam a síntese de neurotransmissores. LDHA participa da regulação redox, conectando metabolismo energético e ritmos circadianos.

⚡ Como otimizar a sinalização de melatonina:

  • Evitar luz artificial azul após o pôr do sol.

  • Alimentos ricos em triptofano: ovos, nozes, cacau e peru.

  • Jejum noturno de pelo menos 12 horas: melhora a sensibilidade à melatonina.

  • Magnésio e zinco: aumentam a expressão de MTNR1A/B. Fontes: castanhas, sementes de abóbora.

⚡ Como modular LDHA naturalmente:

  • Treino HIIT e exercícios de resistência: aumentam a expressão de LDHA.

  • Dieta cetogênica ou baixa em carboidratos: reduz a necessidade de LDHA.

  • Evitar picos glicêmicos: excesso de açúcar pode desregular LDHA.

A desregulação desses genes pode levar a cronopatologias, como distúrbios do sono, metabolismo alterado e doenças neurológicas. O equilíbrio circadiano é essencial para a manutenção da saúde física e mental.

Pequenos ajustes no estilo de vida têm um impacto significativo na expressão genética, melhorando saúde metabólica, sono e desempenho cognitivo.

✅ Luz solar matinal ☀️
✅ Exercícios físicos regulares 🏋️‍♂️
✅ Jejum intermitente ⏳
✅ Dieta rica em magnésio, ômega-3, vitamina D e triptofano 🥑🐟🥚
✅ Evitar luz azul e cafeína à noite 📱🚫

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Produção Alimentar, escolhas individuais e Sustentabilidade

A produção alimentar desempenha um papel fundamental na segurança alimentar global, garantindo o abastecimento de alimentos para a população. No entanto, o modelo tradicional de produção tem gerado impactos ambientais significativos, como desmatamento, emissão de gases de efeito estufa, degradação do solo e desperdício de recursos hídricos. Diante desse cenário, a busca por métodos sustentáveis de produção alimentar tornou-se essencial para equilibrar a demanda crescente por alimentos e a preservação do meio ambiente.

Práticas Sustentáveis na Produção Alimentar

  1. Agricultura Orgânica: Reduz o uso de pesticidas e fertilizantes químicos, promovendo a saúde do solo e a biodiversidade.

  2. Agroecologia: Integra conhecimentos tradicionais e científicos para criar sistemas agrícolas sustentáveis e resilientes.

  3. Agricultura de Precisão: Utiliza tecnologias para otimizar o uso de insumos, reduzindo desperdício e impactos ambientais.

  4. Uso Eficiente da Água: Adoção de sistemas de irrigação inteligentes e captação de água da chuva para reduzir o consumo hídrico.

  5. Redução do Desperdício Alimentar: Implementação de estratégias para evitar perdas na cadeia produtiva e conscientizar consumidores sobre o consumo responsável.

  6. Agricultura Regenerativa: Práticas que restauram a fertilidade do solo, aumentam a biodiversidade e capturam carbono da atmosfera.

Benefícios da Produção Sustentável

  • Preservação dos Recursos Naturais: Minimiza o impacto sobre o solo, a água e os ecossistemas naturais.

  • Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa: Práticas sustentáveis contribuem para a mitigação das mudanças climáticas.

  • Alimentação Mais Saudável: Produção livre de agroquímicos reduz riscos à saúde humana.

  • Fortalecimento da Economia Local: Pequenos agricultores são beneficiados com a valorização de práticas sustentáveis.

Escolhas Individuais e Sustentabilidade

As escolhas individuais têm um impacto significativo na sustentabilidade da produção alimentar. Consumidores podem contribuir para um sistema mais sustentável ao adotar hábitos como:

  • Preferência por Produtos Locais e Orgânicos: Reduzem a pegada de carbono associada ao transporte de alimentos e incentivam a produção sustentável.

  • Diminuição do Consumo de Carne: A pecuária e a produção de alimentos de origem animal, como carnes, ovos e laticínios, estão intimamente ligadas ao desmatamento, sendo responsáveis por mais de 80% das emissões de gases do efeito estufa no Brasil, acelerando o aquecimento global e as emergências climáticas.
    Uma dieta vegana seria a mais sustentável. Mas não é simples. Talvez você ou sua família não estejam prontos. Se você não consegue eliminar os produtos de origem animal não se aflija. Reduzindo o consumo em 50% já faz toda a diferença para o planeta. É o que chamam de dieta flexitariana ou semivegetariana. O relatório da comissão EAT-Lancet, encabeçado pelo pesquisador de Harvard, o professor Dr. Walter Willett sugere uma métrica mais fácil de adaptar no dia a dia:

    • Laticínios: 0 a 250 g/dia

    • Carne de vaca, cordeiro e porco: 0 a 28 g/dia (1 porção de 110 g a cada 4 dias)

    • Carne de frango ou outras aves: 0 a 58 g/dia (1 porção de 120 g a cada 2 dias)

    • Ovos: 0 a 25 g/dia (1 unidade a cada 2 dias)

    • Peixes: 0 a 100 g/dia (1 porção de 100 g por dia)

  • Redução do Desperdício Alimentar: Planejar refeições, armazenar alimentos corretamente e aproveitar integralmente os ingredientes ajudam a evitar desperdício.

  • Uso Consciente de Recursos: Reduzir o consumo de água e energia na cozinha também contribui para a sustentabilidade.

  • Apoio a Empresas Sustentáveis: Escolher marcas e produtores comprometidos com boas práticas ambientais e sociais fortalece o mercado de alimentos sustentáveis.

A transição para uma produção alimentar mais sustentável é um desafio global que exige colaboração entre governos, setor privado e consumidores. Ao adotar práticas conscientes, é possível garantir a segurança alimentar sem comprometer os recursos das futuras gerações.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/