Jet lag social e risco de doenças crônicas: como se cuidar se você trabalha à noite

O jet lag social é a discrepância entre os horários biológicos internos de uma pessoa (seu ritmo circadiano) e os horários sociais impostos por compromissos como trabalho, escola ou vida social. Essa desregulação ocorre principalmente devido a diferenças entre o sono nos dias úteis e nos finais de semana. É a pessoa que trabalha até muito tarde (como enfermeiros, médicos, vigilantes e policiais que dão plantões noturnos) ou pessoas que vivem em festas. Uma hora o corpo cobra e instala-se o jet lag social (parecido com o jet lag de quem viaja para o exterior e troca fusos horários.

O jet lag social manifesta-se principalmente por sintomas físicos e psicológicos resultantes da desregulação do ritmo biológico interno em relação aos horários sociais.

Principais Manifestações do Jet Lag Social

🔹 Sintomas Físicos

  • Fadiga constante – Sensação de cansaço mesmo após uma noite de sono.

  • Dificuldade para acordar cedo – Sensação de “ressaca do sono” nos dias úteis.

  • Insônia ou sono irregular – Dificuldade para dormir nos horários convencionais.

  • Alterações no apetite – Aumento da fome noturna e desregulação alimentar.

  • Problemas gastrointestinais – Como azia, má digestão ou intestino desregulado.

🔹 Sintomas Cognitivos e Emocionais

  • Dificuldade de concentração e memória – Sensação de mente “lenta” ou confusa.

  • Irritabilidade e mudanças de humor – Facilidade para se sentir estressado ou ansioso.

  • Sensação de desmotivação – Menos disposição para atividades do dia a dia.

  • Maior tendência à procrastinação – Redução da produtividade e da disciplina.

Como Saber se Você Tem Jet Lag Social?

Um dos principais sinais é a diferença entre os horários de sono nos dias úteis e nos finais de semana. Por exemplo:
✅ Dorme à meia-noite e acorda às 6h durante a semana, mas nos fins de semana dorme às 3h e acorda ao meio-dia? Isso indica um desalinhamento significativo. Se essa diferença for maior que 1 hora e estiver acompanhada dos sintomas acima, pode ser um indicativo de jet lag social. além disso, o jet lag social também está associado a maior risco de doenças crônicas.

Relação entre Jet Lag Social e Doenças Crônicas

O jet lag social tem sido associado a diversos problemas de saúde, incluindo um maior risco de doenças crônicas. Alguns dos principais impactos incluem:

  1. Distúrbios metabólicos

    A alteração nos ciclos de sono e vigília pode prejudicar o metabolismo, aumentando o risco de obesidade, resistência à insulina e diabetes tipo 2.

  2. Doenças cardiovasculares

    Estudos sugerem que pessoas com jet lag social apresentam aumento da pressão arterial, níveis elevados de colesterol e maior risco de infartos e derrames.

  3. Depressão e ansiedade

    A desregulação do sono pode afetar neurotransmissores ligados ao humor, aumentando as chances de transtornos depressivos e ansiosos.

  4. Problemas gastrointestinais

    O ritmo circadiano desregulado pode afetar a digestão e aumentar o risco de síndrome do intestino irritável e outros distúrbios gastrointestinais.

  5. Maior risco de câncer

    Estudos indicam que a disrupção crônica do ritmo circadiano pode estar relacionada a um maior risco de câncer, especialmente de mama e colorretal.

Como Minimizar os Riscos?

  • Manter horários regulares de sono (inclusive nos finais de semana).

  • Evitar luz artificial intensa à noite, principalmente de telas.

  • Expor-se à luz natural pela manhã, para regular o relógio biológico.

  • Praticar atividade física regularmente.

  • Ter uma alimentação equilibrada e em horários regulares.

    • Organizar a rotina para cozinhar

    • Levar marmita para o trabalho

    • Selecionar comidas saudáveis que possam ser entregues

    • Evitar beliscar, comer apenas quando há fome

    • Evitar alimentos ricos em carboidratos simples à noite pois é o horário de maior resistência insulínica

    • Evitar pular o café da manhã pois dessincroniza ainda mais o ritmo biológico

    • Evitar alimentos ricos em gorduras à noite

    • Evitar cafeína após 14h

  • Usar cronobióticos, substância que ajuda a regular ou sincronizar o ritmo circadiano do organismo.

    • Melatonina e alimentos contendo fitomelatonina como cerejas, banana, uvas, nozes.

    • Fontes de triptofano (precursor da melatonina e serotonina): leite, ovos, aveia, queijo, grão-de-bico.

    • Alimentos ricos em magnésio: ajudam na qualidade do sono (amêndoas, espinafre, abacate) e suplementação adequada.

    • Fonte de B6: frango, peru, peixes, banana, batata e batata doce, grão de bico, sementes

    • Fontes de zinco: carne vermelha, frutos do mar, sementes de abóbora e gergelim

    • Fontes de B12: Carnes, peixes, ovos, laticínios

    • Fontes de ômega-3: peixes gordurosos (salmão, sardinha, atum, cavala), sementes de linhaça e chia, nozes, óleo de linhaça e óleo de peixe, algas marinhas (DHA).

Polifenóis de resveratrol, proantocianidinas, epigalocatequina 3-galato, ácido chicórico, quercetina, curcuminóides também ajudam a melhorar a qualidade da microbiota (que também sofre com a desregulação do ciclo circadiano) e a ressincronizar os ritmos biológicos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Ritmos Circadianos em Doenças Neurodegenerativas

Os ritmos circadianos são fundamentais para a saúde humana, regulando o sono, o metabolismo, a cognição e o humor. A desregulação desses ritmos biológicos tem sido cada vez mais reconhecida como consequência e, possivelmente, como fator contribuinte para doenças neurodegenerativas como Doença de Alzheimer (DA), Doença de Parkinson (DP), Doença de Huntington (DH) e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Compreender essas conexões pode abrir caminho para novas estratégias de diagnóstico precoce, manejo dos sintomas e até mesmo intervenção terapêutica.

1. O Papel dos Ritmos Circadianos na Saúde do Cérebro

O núcleo supraquiasmático (NSQ), localizado no hipotálamo, atua como o "relógio mestre" do corpo, sincronizando os relógios periféricos dos órgãos e tecidos. Ele regula:

  • Ciclo sono-vigília (através da melatonina e do cortisol);

  • Função cognitiva (atenção, memória, função executiva);

  • Equilíbrio dos neurotransmissores (dopamina, serotonina, acetilcolina);

  • Reparação celular e desintoxicação (incluindo a eliminação do β-amiloide durante o sono profundo).

Quando a regulação circadiana é prejudicada, essas funções sofrem impacto, potencialmente acelerando a neurodegeneração.

2. Disfunção Circadiana nas Doenças Neurodegenerativas

A. Doença de Alzheimer (DA)

  • Principais disfunções:

    • Ciclo sono-vigília fragmentado (sonolência diurna excessiva, agitação noturna);

    • Redução da produção de melatonina;

    • Comprometimento na eliminação de β-amiloide e tau, proteínas associadas à progressão da doença.

  • Consequência: A desregulação circadiana piora o declínio cognitivo e pode acelerar a progressão da doença.

B. Doença de Parkinson (DP)

  • Principais disfunções:

    • A deficiência de dopamina afeta o NSQ, levando a sono fragmentado, sonolência diurna e distúrbios do sono REM;

    • Flutuações motoras estão alinhadas com alterações no ritmo circadiano.

  • Consequência: O desalinhamento circadiano pode agravar sintomas como tremores, bradicinesia e depressão.

C. Doença de Huntington (DH)

  • Principais disfunções:

    • A degeneração do NSQ leva à perda do ritmo de secreção de melatonina;

    • Distúrbios graves do sono pioram os sintomas motores e cognitivos.

  • Consequência: A desregulação circadiana acelera a progressão da neurodegeneração.

D. Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

  • Principais disfunções:

    • Fragmentação do sono e redução do sono REM;

    • Alterações no ritmo circadiano impactam metabolismo e inflamação, fatores ligados à progressão da doença.

  • Consequência: A desregulação circadiana pode exacerbar a perda de neurônios motores.

3. Mecanismos que Ligam a Disfunção Circadiana à Neurodegeneração

A. Comprometimento do Sistema Glinfático

  • O sistema glinfático remove resíduos neurotóxicos (como o β-amiloide) principalmente durante o sono profundo.

  • A desregulação circadiana reduz sua eficiência, promovendo o acúmulo de proteínas tóxicas.

B. Disfunção Mitocondrial e Estresse Oxidativo

  • O desalinhamento circadiano afeta a produção de energia celular e aumenta o dano oxidativo nos neurônios.

  • Isso acelera a morte neuronal nas doenças neurodegenerativas.

C. Neuroinflamação e Disfunção Imune

  • A desregulação circadiana leva a um estado pró-inflamatório crônico, agravando a neurodegeneração.

  • A ativação da microglia (células imunes do cérebro) depende do ritmo circadiano, e seu funcionamento alterado pode comprometer a proteção neural.

4. Abordagens Terapêuticas Baseadas no Ritmo Circadiano

A. Terapia com Luz

Luz azul (de telas, LED, dispositivos eletrônicos à noite) inibe a produção de melatonina, atrasando o relógio biológico e prejudicando o sono. Luz azul (de telas, LED, dispositivos eletrônicos à noite) inibe a produção de melatonina, atrasando o relógio biológico e prejudicando o sono. A exposição à luz brilhante pela manhã pode ajudar a restaurar ritmos circadianos em pacientes com DA e DP. Isso auxilia na regulação da produção de melatonina e melhora a qualidade do sono.

B. Cronoterapia (Administração Temporal de Medicamentos)

Ajustar a administração de medicamentos para coincidir com os ritmos biológicos naturais pode melhorar sua eficácia e reduzir efeitos colaterais.

Exemplo: Otimização do horário da levodopa na DP para melhorar a disponibilidade de dopamina.

C. Melatonina e Regulação do Sono

A suplementação de melatonina pode melhorar a qualidade do sono na DA e DP. A Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I) pode ajudar a restaurar padrões normais de sono.

D. Modificações no Estilo de Vida

Manter horários regulares de sono e vigília fortalece os ritmos circadianos.

Atividade física pela manhã para reforçar os sinais circadianos naturais.

Alimentação com horário controlado (jejum intermitente) para sincronizar o metabolismo ao relógio biológico. Parar de comer pelas 20h e voltar a alimentação 12h a 16h depois é importante. Muito indicado para pacientes obesos. Quem fica com a luz acesa até tarde (celular, TV, computador) sente mais vontade de consumir alimentos calóricos neste horário. Já quem come cedo tende a optar por alimentos mais saudáveis.

Isso é muito importante. a exposição à luz noturna aumenta or risco de sobrepeso em 13% e o risco de obesidade em 22% (Lai et al., 2020). em geral, pessoas matutinas precisam consumir 75% das calorias até meio dia, pessoas intermediárias 65% das calorias até meio dia e pessoas vespertinas e noturnas 60% das calorias até meio dia (Maukonen et al., 2019, Montarulli et al., 2021).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Resveratrol na psoríase

A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele que ocorre quando o sistema imunológico ataca por engano células saudáveis da pele, acelerando a renovação celular. Esse processo anormal faz com que as células da pele se acumulem na superfície e formem escamas e áreas vermelhas ou inflamatórias.

Causas da psoríase:

Embora a causa exata não seja completamente compreendida, sabe-se que a psoríase é uma doença autoimune e genética. Fatores como infecções, estresse, lesões na pele, mudanças hormonais e até certos medicamentos podem desencadear ou piorar a condição.

Tipos de psoríase:

  1. Psoríase em placas (psoríase vulgar): É o tipo mais comum. Caracteriza-se por áreas de pele seca, vermelha, cobertas por escamas prateadas. As áreas mais comuns são cotovelos, joelhos, couro cabeludo e parte inferior das costas.

  2. Psoríase guttata: Pequenas manchas vermelhas, em forma de gota, aparecem geralmente após uma infecção bacteriana, como faringite estreptocócica.

  3. Psoríase inversa: Manchas vermelhas e brilhantes aparecem em áreas de dobras da pele, como axilas, virilha, parte interna dos joelhos e cotovelos. É mais comum em pessoas com sobrepeso.

  4. Psoríase pustulosa: Apresenta pústulas (bolhas cheias de pus) e inflamação, geralmente nas mãos e pés.

  5. Psoríase eritrodérmica: Forma rara e grave que afeta grandes áreas da pele e causa descamação e vermelhidão intensas. Pode ser acompanhada de febre e dor.

Sintomas da psoríase:

  • Manchas vermelhas e inflamação: A pele afetada se torna vermelha e inflamada, coberta por escamas esbranquiçadas ou prateadas.

  • Coceira: A área afetada pode coçar ou doer.

  • Ressecamento e rachaduras: A pele pode ficar muito seca e rachar, podendo até sangrar.

  • Alterações nas unhas: As unhas podem se tornar espessas, quebradiças ou apresentar pontos ou sulcos.

  • Artrite psoriática: Algumas pessoas com psoríase também desenvolvem artrite psoriática, que causa dor e inchaço nas articulações.

Fatores que desencadeiam a psoríase:

  • Infecções: Como faringite estreptocócica ou infecções fúngicas.

  • Estresse emocional: Pode piorar a condição.

  • Lesões na pele: Como cortes, queimaduras ou picadas de insetos.

  • Mudanças hormonais: Como as que ocorrem durante a puberdade ou a menopausa.

  • Medicamentos: Alguns medicamentos, como betabloqueadores e lítio, podem desencadear a psoríase.

Tratamento para a psoríase:

Embora não exista cura para a psoríase, há várias opções de tratamento para controlar os sintomas:

  1. Tratamentos tópicos: Cremes e pomadas contendo corticosteroides, análogos de vitamina D, ou alcatrão podem ser eficazes.

  2. Fototerapia: Exposição controlada à luz ultravioleta (UV) para reduzir a inflamação da pele.

  3. Medicamentos sistêmicos: Para casos graves, medicamentos orais ou injetáveis, como imunossupressores ou biológicos, podem ser necessários.

  4. Mudanças no estilo de vida: Evitar fatores desencadeantes, como estresse excessivo ou álcool, e manter a pele hidratada pode ajudar a controlar a condição.

  5. Dieta antiinflamatória, incluindo suplementação, como a de resveratrol.

O resveratrol é um antioxidante natural encontrado em algumas plantas, como uvas (principalmente na casca), amendoins e frutas vermelhas. Ele tem sido estudado por suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, e pode ser benéfico para pessoas com psoríase.

Resveratrol e Psoríase:

O resveratrol pode ajudar a acalmar o sistema imunológico e reduzir a inflamação associada à psoríase, além de proteger as células da pele contra danos causados pelo estresse oxidativo. Alguns estudos sugerem que o resveratrol pode:

  • Reduzir a inflamação: Por suas propriedades anti-inflamatórias, pode ajudar a reduzir a inflamação nas lesões de psoríase.

  • Proteger contra o estresse oxidativo: O resveratrol age como um antioxidante potente, neutralizando radicais livres que podem agravar a inflamação e os danos nas células da pele.

  • Melhorar a função imunológica: Ele pode contribuir para a modulação da resposta imunológica, ajudando a equilibrar a resposta do sistema imunológico na psoríase, evitando o agravamento das lesões.

Como tomar:

O resveratrol está disponível em suplementos, geralmente em forma de cápsulas ou comprimidos. A dosagem pode variar dependendo do produto, mas é importante seguir as orientações do fabricante ou de um profissional de saúde.

Esta não é a única estratégia na psoríase. O ideal é ir rodiziando os suplementos pois o sistema imune gosta de surpresas. Precisa de ajuda? Marque aqui sua consulta de nutrição online.

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