Alterações de genes para receptores de dopamina

Os SNPs (polimorfismos de nucleotídeo único) nos receptores de dopamina são variações genéticas que podem influenciar a forma como o cérebro processa a dopamina, um neurotransmissor essencial para várias funções, incluindo motivação, recompensa, movimento e prazer. Alterações nos genes que codificam para os receptores de dopamina podem ter implicações no comportamento, nas funções cognitivas e até em distúrbios neurológicos ou psiquiátricos, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a esquizofrenia, a dependência química e a doença de Parkinson.

Receptores de Dopamina e seus SNPs

Os principais tipos de receptores de dopamina envolvidos em variabilidade genética incluem:

  1. Dopamina D1 (DRD1)

    • Envolvido na regulação da memória de trabalho e da motivação.

  2. Dopamina D2 (DRD2)

    • Tem sido relacionado com o prazer e a recompensa, e está ligado a doenças como a esquizofrenia e o vício.

3. Dopamina D3 (DRD3)

  • Associado com distúrbios no humor e na motivação.

4. Dopamina D4 (DRD4)

  • Está relacionado com a impulsividade e o comportamento em pessoas com TDAH.

5. Dopamina D5 (DRD5)

  • Menos estudado, mas importante no controle da motivação e no comportamento relacionado à recompensa.

Exemplos de SNPs e sua Significância

  1. DRD2 (C957T, rs6277)

    • Um SNP no gene DRD2 pode afetar a quantidade e a atividade dos receptores de dopamina D2 no cérebro.

      • O SNP rs6277 refere-se a uma variação no gene DRD2 onde o nucleotídeo pode ser C (citosina), T (timina) ou G (guanina). Os alelos mais relevantes associados a esse SNP são o alelo T e o alelo G, com a variante T geralmente sendo mais discutida em relação ao impacto nos receptores de dopamina.

        1. Alelo T - é o de menor expressão do receptor D2. Tem sido associado a uma menor expressão do receptor D2 no cérebro. Isso implica em menos receptores disponíveis para se ligar à dopamina, o que pode afetar a maneira como o cérebro processa este neurotransmissor. Indivíduos com o alelo T podem ter maior vulnerabilidade ao desenvolvimento de comportamentos compulsivos e dependências de substâncias, já que a redução na atividade do receptor D2 pode diminuir a sensação de recompensa e motivação, levando à busca por estímulos externos que substituam essa sensação de prazer.

          O alelo T também foi associado a uma predisposição maior para transtornos psiquiátricos como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão, devido ao desequilíbrio na regulação dopaminérgica no sistema nervoso central.

          Efeitos no controle da alimentação: Estudos também sugerem que a variante T pode estar associada a uma maior tendência à obesidade e ao comportamento alimentar impulsivo, devido à disfunção nos circuitos de recompensa.

        2. Alelo G (Guanina): Alelo de maior expressão do receptor D2. Está associado a uma maior expressão do receptor D2, o que significa mais receptores disponíveis para a ligação com a dopamina. Isso pode resultar em uma maior sensibilidade ao prazer e recompensa.

          Indivíduos com o alelo G tendem a ter um sistema dopaminérgico mais equilibrado, o que pode diminuir a propensão a desenvolver dependências ou comportamentos compulsivos.

          Maior regulação emocional e comportamento mais equilibrado: Com mais receptores D2 disponíveis, esses indivíduos podem apresentar menor propensão a distúrbios emocionais e menor risco para transtornos psiquiátricos associados à disfunção dopaminérgica.

          Esse alelo também está associado a uma melhor resposta à recompensa, resultando em maior motivação e persistência em alcançar objetivos.

  2. DRD4 (7-repeat allele, rs1800955)

    • O DRD4 tem um polimorfismo associado a uma repetição do elemento "C" no gene que pode influenciar o comportamento impulsivo e a tendência ao TDAH.

    • Significância: O alelo de 7 repetições está frequentemente associado a características como maior impulsividade, maior busca por novidades e problemas de atenção.

  3. COMT (Val158Met, rs4680)

    • Embora não seja um gene de receptor de dopamina, a COMT é uma enzima que degrada a dopamina no cérebro, e seu polimorfismo Val158Met pode influenciar os níveis de dopamina na região pré-frontal, afetando funções cognitivas e comportamento.

    • Significância: Indivíduos com a variante Met podem ter maior concentração de dopamina na região pré-frontal, o que pode afetar habilidades de tomada de decisão, emoções e estresse.

Resultados Clínicos e Comportamentais

As variações genéticas nos receptores de dopamina podem ter várias implicações:

  • Comportamento impulsivo e compulsivo: SNPs no DRD4 e DRD2 estão associados a maior impulsividade e busca por recompensas imediatas, o que pode se refletir em distúrbios como TDAH, vícios e obesidade.

  • Distúrbios psiquiátricos: Polimorfismos em genes de dopamina, como o DRD2, estão frequentemente ligados a doenças como esquizofrenia, transtornos de humor e dependência química.

  • Funções cognitivas e memória de trabalho: A dopamina é essencial para funções como a atenção, memória de trabalho e o processamento de recompensas. Variantes que afetam a disponibilidade de dopamina podem prejudicar essas funções.

Modulação Nutricional

Embora a genética desempenhe um papel importante, a modulação nutricional pode ajudar a otimizar a função dopaminérgica e aliviar possíveis desequilíbrios. Algumas abordagens incluem:

  1. Alimentos ricos em tirosina:

    • A tirosina é o precursor da dopamina. Alimentos ricos em tirosina, como laticínios, carne magra, peixes, ovos, tofu e nozes, podem ajudar a aumentar a produção de dopamina.

  2. Ácidos graxos ômega-3:

    • Os ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes gordurosos (salmão, sardinha), sementes de chia, linhaça e nozes, são importantes para a saúde cerebral e podem ajudar a melhorar a transmissão dopaminérgica.

  3. Vitaminas do Complexo B:

    • Vitaminas B6, B9 (ácido fólico) e B12 são importantes para a produção e regulação da dopamina. Deficiências podem afetar a função dopaminérgica. Alimentos como folhas verdes, grãos integrais, carnes magras e leguminosas são ricos nessas vitaminas.

  4. Antioxidantes:

    • Alimentos ricos em antioxidantes (como frutas vermelhas, chá verde, e vegetais) podem proteger os neurônios dopaminérgicos contra danos e estresse oxidativo, mantendo a saúde cerebral.

  5. Probióticos e a saúde intestinal:

    • Há pesquisas indicando que a microbiota intestinal pode influenciar os níveis de dopamina no cérebro. Alimentos fermentados, como iogurte, kefir, chucrute e kimchi, podem ajudar a equilibrar a microbiota e, potencialmente, modular a função dopaminérgica.

  6. Suplementação com L-tirosina:

    • Para indivíduos com variações genéticas que afetam a dopamina, a suplementação com L-tirosina pode ser benéfica, pois ela fornece o bloco de construção necessário para a produção de dopamina.

  7. Evitar alimentos processados e ricos em açúcar:

    • Dietas ricas em açúcar e alimentos ultraprocessados podem causar um pico de dopamina seguido de um declínio rápido, o que pode afetar negativamente a regulação dopaminérgica e contribuir para distúrbios de humor e comportamento.

Os SNPs nos receptores de dopamina têm uma forte influência na função cerebral, comportamento e predisposição a distúrbios psiquiátricos e neurológicos. Embora a genética seja um fator importante, a modulação nutricional, incluindo a ingestão adequada de precursores da dopamina, antioxidantes e ácidos graxos essenciais, pode ajudar a otimizar a função dopaminérgica e melhorar a saúde mental e cognitiva. No entanto, em casos de desequilíbrios significativos, é importante buscar a orientação de um profissional de saúde para estratégias personalizadas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Neurônios inibitórios e excitatórios

Os neurônios inibitórios e excitatórios são os principais tipos funcionais de células neuronais no cérebro, responsáveis por equilibrar a atividade neural. Eles desempenham papéis complementares no sistema nervoso, regulando a sinalização elétrica e química entre as células nervosas.

1. Neurônios Excitatórios

Esses neurônios aumentam a probabilidade de que outros neurônios gerem um potencial de ação, transmitindo o sinal elétrico adiante.

Características

  • Neurotransmissor Principal: Glutamato.

  • Efeito: Depolarizam a membrana pós-sináptica, tornando-a mais positiva e facilitando a geração de potenciais de ação.

  • Função:

    • Facilitar a comunicação entre diferentes áreas do cérebro.

    • Impulsionar processos como memória, aprendizado e sensações.

    • Estimular respostas motoras e comportamentais.

  • Distribuição: Constituem cerca de 80% dos neurônios do córtex cerebral.

Exemplo

  • Células piramidais:

    • Encontradas no córtex cerebral.

    • São os principais neurônios excitatórios responsáveis pela transmissão de sinais entre áreas do cérebro.

2. Neurônios Inibitórios

Esses neurônios reduzem a probabilidade de que outros neurônios gerem um potencial de ação, atenuando ou bloqueando a transmissão do sinal.

Características

  • Neurotransmissor Principal: GABA (ácido gama-aminobutírico).

  • Efeito: Hiperpolarizam a membrana pós-sináptica, tornando-a mais negativa e dificultando a ativação do neurônio.

  • Função:

    • Controlar a excitabilidade neural para evitar sobrecarga do sistema.

    • Prevenir hiperatividade neural, como convulsões.

    • Modular ritmos cerebrais, como os envolvidos no sono e na atenção.

  • Distribuição: Representam cerca de 20% dos neurônios do córtex cerebral.

Exemplo

  • Células de Purkinje:

    • Encontradas no cerebelo.

    • Importantes para coordenação motora e regulação do equilíbrio.

  • Interneurônios GABAérgicos:

    • Presentes em várias áreas do cérebro, regulam circuitos locais.

3. Equilíbrio Excitatório-Inibitório

O equilíbrio entre neurônios excitatórios e inibitórios é essencial para o funcionamento normal do cérebro. Um desequilíbrio pode levar a diversas condições neurológicas e psiquiátricas:

  • Excitação excessiva:

    • Pode causar epilepsia, transtornos de ansiedade e hiperatividade.

  • Inibição excessiva:

    • Relacionada à depressão, esquizofrenia e transtornos do desenvolvimento, como o autismo.

4. Integração nos Circuitos Neurais

Os neurônios excitatórios e inibitórios não funcionam isoladamente; eles trabalham juntos em circuitos complexos:

  • Feedforward Inhibition: Quando um neurônio excitatório ativa um inibitório, que então regula a atividade de outro excitatório.

  • Feedback Inhibition: O neurônio excitatório ativa um inibitório, que por sua vez inibe o próprio excitatório original, criando um ciclo de controle.

4. Neurotransmissores com diferentes ações

Alguns neurotransmissores têm a capacidade de desempenhar tanto funções inibitórias quanto excitatórias, dependendo do tipo de receptor ao qual se ligam. Essa versatilidade é crucial para a flexibilidade funcional do sistema nervoso. Abaixo estão os principais exemplos:

1. Acetilcolina (ACh)

  • Função Excitatória: Quando se liga a receptores nicotínicos (canal iônico), geralmente em sinapses musculares e em algumas regiões do sistema nervoso central.

    • Exemplo: Estímulo da contração muscular no sistema nervoso somático.

  • Função Inibitória: Quando se liga a receptores muscarínicos (metabotrópicos), como no coração, reduzindo a frequência cardíaca.

    • Exemplo: Ação do nervo vago no controle do ritmo cardíaco.

2. Dopamina (DA)

  • Função Excitatória: Em receptores do tipo D1-like (como D1 e D5), que estimulam vias de sinalização que aumentam a excitabilidade neural.

    • Exemplo: Facilitando a motivação e recompensa em circuitos dopaminérgicos.

  • Função Inibitória: Em receptores do tipo D2-like (como D2, D3 e D4), que ativam vias inibitórias intracelulares, diminuindo a excitabilidade.

    • Exemplo: Regulação de movimentos no sistema extrapiramidal.

3. Serotonina (5-HT)

  • Função Excitatória: Quando se liga a receptores 5-HT2 (metabotrópicos), promove ativação de vias intracelulares excitatórias.

    • Exemplo: Influência na regulação do humor e aumento da atividade cortical.

  • Função Inibitória: Quando se liga a receptores 5-HT1 (metabotrópicos) ou 5-HT3 (ionotrópicos), que podem reduzir a excitabilidade neural.

    • Exemplo: Modulação do sono e inibição da dor em certas áreas do sistema nervoso.

4. Noradrenalina (NA)

  • Função Excitatória: Em receptores β-adrenérgicos (metabotrópicos), que estimulam mecanismos de ativação celular.

    • Exemplo: Aumento da frequência cardíaca e da atenção durante a resposta de luta ou fuga.

  • Função Inibitória: Em receptores α2-adrenérgicos (metabotrópicos), que têm efeito inibitório sobre a liberação de neurotransmissores e reduzem a excitabilidade.

    • Exemplo: Controle do tônus simpático e diminuição da pressão arterial.

5. GABA (Ácido Gama-Aminobutírico)

Embora seja geralmente considerado inibitório, GABA pode ter efeitos excitatórios em determinadas condições, especialmente durante o desenvolvimento.

  • Função Excitatória: Em situações em que o gradiente de cloro está invertido (como em neurônios imaturos), a ativação dos receptores GABA-A pode resultar em um fluxo de cloro para fora da célula, despolarizando a membrana.

    • Exemplo: Desenvolvimento do sistema nervoso em bebês.

  • Função Inibitória: Na maioria dos casos, GABA atua através de receptores GABA-A e GABA-B para hiperpolarizar a célula.

    • Exemplo: Controle da ansiedade e regulação do sono.

6. Glutamato

Embora seja predominantemente excitatório, em certas condições pode ter efeitos inibitórios.

  • Função Excitatória: Ativação de receptores como AMPA e NMDA, promovendo despolarização e potenciação sináptica.

    • Exemplo: Papel no aprendizado e na memória.

  • Função Inibitória: Em alguns circuitos e tipos de receptores metabotrópicos (mGluRs), o glutamato pode reduzir a excitabilidade neuronal.

    • Exemplo: Modulação da liberação de outros neurotransmissores.

7. ATP e Adenosina

  • Função Excitatória: ATP pode atuar em receptores P2X (ionotrópicos), promovendo a excitação celular.

    • Exemplo: Sinalização sensorial, incluindo dor.

  • Função Inibitória: Adenosina, um metabólito do ATP, atua principalmente em receptores A1 para inibir a atividade neural.

    • Exemplo: Papel na indução do sono.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dieta e Saúde Mental: Atualizações Recentes

Estudos recentes reforçam a conexão profunda entre dieta e saúde mental, explorando como nutrientes específicos afetam os mecanismos moleculares do cérebro e o bem-estar psicológico. A seguir, um resumo alguns dos temos importantes nesta área:

1. Eixo Intestino-Cérebro: O Papel Central

O eixo intestino-cérebro, que conecta o sistema digestivo ao cérebro, é fundamental para a saúde mental. A dieta influencia esse sistema de várias maneiras:

  • Microbiota intestinal: Uma microbiota equilibrada melhora o humor e a cognição, enquanto desequilíbrios estão associados a ansiedade e depressão.

  • Produção de neurotransmissores: Bactérias intestinais produzem serotonina, dopamina e outros compostos que regulam o humor.

2. Inflamação e Estresse Oxidativo

Dietas ricas em alimentos ultraprocessados e pobres em antioxidantes podem aumentar inflamações e o estresse oxidativo, fatores que contribuem para transtornos como depressão e ansiedade. Por outro lado, uma dieta anti-inflamatória, rica em frutas, vegetais e gorduras saudáveis, ajuda a proteger o cérebro.

3. Nutrientes Essenciais para o Cérebro

Certos nutrientes têm um papel chave na saúde mental:

  • Ácidos graxos ômega-3: Encontrados em peixes e sementes, reduzem inflamações e melhoram a comunicação neuronal.

  • Vitaminas do complexo B: Cruciais para a produção de energia e neurotransmissores, especialmente a B6, B9 (folato) e B12.

  • Polifenóis: Presentes em frutas, chá verde e cacau, ajudam a combater o estresse oxidativo e promovem a plasticidade cerebral.

4. Dietas Específicas e Saúde Mental

  • Dieta Mediterrânea: Rica em frutas, vegetais, grãos integrais e azeite de oliva, é consistentemente associada à redução de transtornos mentais.

  • Dietas ricas em probióticos e fibras: Melhoram a saúde intestinal e, consequentemente, o bem-estar psicológico.

  • Dieta cetogênica: A dieta cetogênica é uma abordagem alimentar rica em gorduras, moderada em proteínas e muito baixa em carboidratos. Seu principal objetivo é induzir a cetose, um estado metabólico em que o corpo utiliza corpos cetônicos como principal fonte de energia.

  • Dieta mind: A dieta MIND combina elementos da dieta mediterrânea e da dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), focando em alimentos que promovem a saúde cerebral. O objetivo é prevenir o declínio cognitivo e doenças neurodegenerativas.

Perspectivas Futuras

A pesquisa continua avançando para compreender como intervenções alimentares podem ser usadas como coadjuvantes no tratamento de transtornos mentais. Investigações personalizadas em nutrigenômica (como a dieta interage com genes) prometem terapias mais eficazes no futuro. Aprenda mais sobre nutrição e cérebro em https://t21.video

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/