Deleção de GSTT e GSTM

GSTT (Glutationa S-Transferase Teta) e GSTM (Glutationa S-Transferase Mu) fazem parte da família das glutationas S-transferases, enzimas que ajudam a desintoxicar compostos nocivos no corpo, incluindo toxinas ambientais, medicamentos e subprodutos do estresse oxidativo.

Essas enzimas catalisam a conjugação da glutationa (GSH), um potente antioxidante, com moléculas reativas para neutralizá-las. Indivíduos com deleções nesses genes (genótipos nulos) têm uma capacidade reduzida de desintoxicar espécies reativas de oxigênio (ERO) e outras substâncias nocivas, o que pode aumentar o estresse oxidativo e a suscetibilidade a doenças, como câncer de cólon e até infertilidade.

Reduzir o consumo de carnes vermelhas, evitar ao máximo carnes processadas e aumentar o consumo de brássicas para 4 vezes por semana fazem parte das estratégias compensatórias, assim como suplementação de NAC.

NAC como Precursor da Glutationa

O NAC é um precursor da glutationa, essencial para a desintoxicação e proteção das células contra danos oxidativos. Em indivíduos que carecem das enzimas funcionais GSTT ou GSTM, a disponibilidade de glutationa é ainda mais crucial, já que essas enzimas dependem da glutationa para desintoxicar compostos nocivos. A suplementação com NAC pode ajudar a repor os estoques de glutationa e melhorar o sistema de defesa antioxidante do corpo.

Benefícios Potenciais do NAC em Indivíduos Deficientes em GSTT/GSTM:

- Aumento dos Níveis de Glutationa: O NAC aumenta a produção de glutationa, o que pode compensar a capacidade reduzida de desintoxicação em pessoas com deleções nos genes GSTT e GSTM.

- Redução do Estresse Oxidativo: O NAC ajuda a neutralizar as ERO diretamente e através da reposição de glutationa, reduzindo o estresse oxidativo, que pode ser particularmente prejudicial em indivíduos com sistemas de desintoxicação comprometidos.

- Apoio às Vias de Desintoxicação: Mesmo sem as enzimas GSTT/GSTM, o NAC pode ajudar outras vias de desintoxicação e melhorar a capacidade antioxidante geral do corpo.

Pesquisa e Uso Clínico:

Pesquisas clínicas sugerem que indivíduos com genótipos nulos nos genes GSTT e GSTM podem se beneficiar da suplementação com NAC, especialmente em condições onde o estresse oxidativo é elevado, como em doenças crônicas (por exemplo, problemas respiratórios, doenças hepáticas) ou em ambientes com alta exposição a toxinas (poluentes, tabagismo).

Além de melhorar a desintoxicação, o NAC também tem sido estudado por seus potenciais benefícios no suporte à função hepática, saúde respiratória e na redução da inflamação.

Em resumo, a suplementação de NAC pode ser útil para pessoas com deleções nos genes GSTT e GSTM, pois ajuda a repor a glutationa, melhora as defesas antioxidantes do corpo e compensa a capacidade reduzida de desintoxicação causada pelas deleções genéticas. No entanto, a eficácia do NAC deve ser considerada no contexto da saúde geral, estilo de vida e fatores ambientais.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dieta mediterrânea e melatonina

A dieta mediterrânica (DM) é um padrão nutricional com propriedades de saúde amplamente conhecidas. Tradicionalmente, a DM é consumida em áreas geográficas onde se cultivam azeitonas (Olea europea L.) e uvas (Vitis vinifera L.), e onde se produzem e consomem regularmente azeite e vinho tinto.

Por seus benefícios, a DM foi declarada como parte do património imaterial da humanidade pela UNESCO, mas inclui mais que dieta. É um estilo de vida que inclui hábitos próprios dos países mediterrânicos, como a prática de exercício moderado até idades avançadas, junto com muita socialização.

Em termos de padrão nutricional, a DM é equilibrada em calorias e ingestão de macro e micronutrientes. Como componentes essenciais, a DM inclui cereais integrais, frutas, vegetais, legumes, nozes, iogurte, peixe e carne branca. Minerais, vitaminas e outros compostos bioativos estão incluídos em diferentes alimentos da DM como frutas, vegetais e azeite, entre outros.

Os hábitos alimentares do DM estão correlacionados com uma menor incidência de câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, quando comparados aos padrões alimentares de países mais industrializados.

Do ponto de vista fitoquímico, o DM é rico em fenilpropanoides, isoprenoides e alcaloides, compostos com alta atividade antioxidante. Polifenóis têm sido amplamente estudados em termos das propriedades antioxidantes. Bactérias intestinais convertem estes polifenóis em Urolitina A, composto relacionado à longevidade.

Além disso, estudos observacionais ligam a DM à menor incidência de transtornos como depressão, ansiedade, esquizofrenia, distúrbios alimentares (Madani et al., 2022).

Um outro motivo pelo qual a dieta mediterrânea beneficia a saúde mental é a maior produção de melatonina e melhoria da qualidade do sono. A melatonina é um hormônio que é biossintetizado a partir do aminoácido triptofano.

A síntese de melatonina é regulada pelo ciclo claro/escuro e as enzimas envolvidas no processo são expressas durante a noite, porque a luz inibe sua expressão. Em mamíferos, a melatonina é sintetizada em muitos tecidos e órgãos e apresenta notável versatilidade funcional, exibindo efeitos antioxidantes, oncostáticos, antienvelhecimento e imunomoduladores.

Diferentes alimentos e bebidas da dieta mediterrânea contém fitomelatonina (melatonina das plantas). O azeite de oliva é um subproduto da azeitona que é conhecido mundialmente por suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, enquanto o azeite de oliva virgem é o principal óleo usado na cocção na DM. O processo de refinamento reduz o teor de melatonina no azeite de oliva, embora o azeite de oliva refinado tenha apresentado um teor maior de melatonina do que o óleo de girassol.

O maior teor de melatonina foi detectado em frutas e vegetais, mas a quantidade de melatonina na mesma fruta varia dependendo das condições de colheita, como hora do dia, ano, maturidade e variedade. Uvas roxas, tomates, diferentes tipos de castanhas, incluindo amêndoas, pistaches, nozes também contém fitomelatonina, assim como leguminosas (especialmente lentilhas e brotos) e grãos.

Há evidências que sugerem que as plantas mediterrâneas, que crescem sob alta exposição à luz solar, têm maior conteúdo de melatonina, em comparação com as mesmas espécies que vivem sob menor exposição à luz solar em outros locais. Há ampla evidência em relação aos efeitos da suplementação de melatonina e acredita-se que o consumo periódico de alimentos típicos da DM pode contribuir para o aumento dos níveis de melatonina no sangue e impactar positivamente a qualidade do sono e no status antioxidante geral (Grao-Cruces et al., 2023).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Polifenóis e saúde intestinal

Polifenóis são os metabólitos secundários mais importantes produzidos por plantas. Além de as defenderem também defendem os seres humanos que adotam uma dieta baseada em plantas, rica em polifenóis. Possuem atividades antioxidantes, anti-inflamatórias, antibacterianas, antiadipogênicas e neuroprotetoras.

No entanto, devido às suas estruturas complicadas e altos pesos moleculares, uma grande proporção de polifenóis dietéticos permanece não absorvida ao longo do trato gastrointestinal, enquanto no intestino grosso eles são biotransformados em metabólitos fenólicos bioativos de baixo peso molecular através da microbiota intestinal residente. Assim, polifenóis dietéticos podem modular a composição de micróbios intestinais e, por sua vez, micróbios intestinais catabolizam polifenóis para liberar metabólitos bioativos.

Uma das moléculas benéficas produzidas pela microbiota a partir dos polifenois é a urolitina A. Escrevi sobre esta molécula ligada à longevidade neste outro artigo.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/