O que altera a bioenergética cerebral?

A bioenergética cerebral refere-se aos processos metabólicos que fornecem energia para o funcionamento do cérebro. Essa energia é essencial para todas as atividades cerebrais, desde o pensamento e a memória até o controle motor e a emoção.

Quais são as causas de alteração da bioenergética cerebral?

As alterações na bioenergética cerebral podem ser causadas por uma variedade de fatores, incluindo:

  • Doenças neurodegenerativas: Doenças como o Alzheimer e o Parkinson estão associadas a disfunções nas mitocôndrias, as "usinas de energia" das células, levando a déficits energéticos no cérebro.

  • Traumatismo craniano: Lesões cerebrais traumáticas podem interromper o fornecimento de energia para as células cerebrais, causando danos a longo prazo.

  • Isquemia cerebral: A redução do fluxo sanguíneo para o cérebro, como em um acidente vascular cerebral, priva as células cerebrais de oxigênio e glicose, essenciais para a produção de energia.

  • Distúrbios metabólicos: Doenças como a diabetes e a hipertensão podem afetar o metabolismo cerebral e levar a alterações na bioenergética.

  • Envelhecimento: O envelhecimento natural está associado a uma diminuição gradual da função mitocondrial e da eficiência energética cerebral.

  • Fatores genéticos: Mutações em genes relacionados ao metabolismo energético podem predispor indivíduos a doenças neurodegenerativas e outras condições.

Quais são as consequências das alterações na bioenergética cerebral?

As consequências das alterações na bioenergética cerebral podem variar dependendo da causa e da extensão do dano, mas podem incluir:

  • Dificuldades cognitivas: Dificuldade em se concentrar, perda de memória, problemas com a linguagem e dificuldades em tomar decisões.

  • Alterações de humor: Depressão, ansiedade, irritabilidade e outros distúrbios do humor.

  • Distúrbios do movimento: Dificuldade em coordenar movimentos, tremores e rigidez muscular.

  • Convulsões: Atividade elétrica anormal no cérebro.

  • Perda de consciência: Em casos graves, a alteração da bioenergética cerebral pode levar à perda de consciência e ao coma.

Como as alterações na bioenergética cerebral são diagnosticadas?

O diagnóstico de alterações na bioenergética cerebral pode envolver uma combinação de:

  • Exame físico: Avaliação dos sintomas neurológicos.

  • Exames de imagem: Tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET-scan para avaliar a estrutura e o funcionamento do cérebro.

  • Exames de sangue: Para avaliar marcadores de inflamação e disfunção metabólica.

  • Exames genéticos: Para identificar mutações genéticas relacionadas ao metabolismo energético.

Quais são as opções de tratamento?

O tratamento das alterações na bioenergética cerebral depende da causa subjacente e pode incluir:

  • Medicamentos: Para tratar os sintomas e as causas subjacentes, como medicamentos para controlar a pressão arterial, melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir o colesterol e prevenir a coagulação sanguínea.

  • Terapia: Fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia para ajudar a recuperar as funções perdidas.

  • Cirurgia: Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para remover tumores ou reparar vasos sanguíneos danificados.

  • Mudanças no estilo de vida: Exercício regular e controle do estresse podem ajudar a melhorar a função cerebral e prevenir o declínio cognitivo.

  • Dieta cetogênica: a bioenergética é alterada em pessoas com resistência insulínica cererebral. A dieta cetogênica possui muito baixo teor de carboidratos, moderado de proteína e alto em gorduras. Na ausência de carboidratos o cérebro é forçado a usar corpos cetônicos (especialmente β-hidroxibutirato) como fonte energética. A exposição ao β-hidroxibutirato aumenta a massa mitocondrial e melhora a bioenergética por meio do eixo AMPK-SIRT-PGC1α-UCP (Hasan-Olive et al., 2019).

A bioenergética cerebral é um campo de pesquisa em constante evolução e novas terapias estão sendo desenvolvidas. Aprenda mais em https://t21.video.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Influência dos genes MAOA e COMT no TDAH

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento presente desde a infância. Uma interação complexa de fatores genéticos e ambientais pode estar por trás da variabilidade interindividual no TDAH.

Monoamina oxidase A (MAOA) e Catecol-O-metiltransferase (COMT) são dois genes que foram extensivamente estudados em relação ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Esses genes desempenham um papel no metabolismo de neurotransmissores, particularmente dopamina e norepinefrina, que estão implicados no TDAH.

Gene MAOA

Decompõe neurotransmissores como dopamina e norepinefrina. O polimorfismo mais estudado é o rs6323. O genótipo GG para este snp aumenta a atividade da MAOA, enquanto o genótipo TT reduz a atividade do gene.

Mas, embora alguns estudos tenham sugerido uma conexão entre variantes MAOA e TDAH, a relação é complexa e não totalmente compreendida. Outros Mais sobre o gene MAOA aqui.

Gene COMT

Metaboliza a dopamina no córtex pré-frontal. A variante Val158Met do gene COMT foi associada ao TDAH em alguns estudos, particularmente em indivíduos com o genótipo Val/Val, que está associado a níveis mais baixos de dopamina (Millenet et al., 2018). Uma das hipóteses é de que a variante faria o cérebro dos portadores mais sensível aos insultos iniciais (Abraham, Scott, & Blair, 2020). Mas o cérebro é complexo e os resultados são conflitantes (Kang et al., 2020).

Genética e mudanças comportamentais no TDAH

Neri e colaboradores (2024) usaram técnicas de biologia molecular de alta resolução para investigar o impacto de algumas variações de MAOA no TDAH e comportamento agressivo em um grupo de 80 crianças italianas com TDAH e em 80 crianças controles neurotípicas.

Descobriram que os genótipos homozigotos de MAOA rs6323 e rs1137070 foram associados a um risco aumentado de TDAH, enquanto os genótipos heterozigotos (GT de rs6323 e CT de rs1137030) foram fortemente associados a um menor risco de desenvolvimento do transtorno.

Interações complexas

Os efeitos dos genes MAOA, COMT e outros podem interagir entre si. Além disso, mais de 40 genes candidatos a influenciarem o neurodesenvolvimento no TDAH já foram relatados.

Algumas variações genéticas envolvidas no TDAH (Neri e colaboradores, 2024)

Além disso, fatores ambientais, como estresse, dieta, baixo peso ao nascer, uso de álcool ou tabaco na gestação e experiências na primeira infância, também podem influenciar a expressão desses genes e seu impacto no TDAH.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Gene MAOA e emoções

O gene MAOA, ou monoamina oxidase A, é um gene que desempenha um papel crucial na quebra de neurotransmissores como dopamina, norepinefrina e serotonina. Variações neste gene foram associadas a vários aspectos do comportamento humano, incluindo neurodesenvolvimento, emoções e agressão.

Impacto no neurodesenvolvimento e emoções

Uma das associações mais bem estudadas das variantes do gene MAOA é com a agressão. Indivíduos com uma variante do gene MAOA de baixa atividade foram considerados mais propensos a comportamento agressivo, especialmente em resposta a provocação ou estresse.

O polimorfismo mais estudado é o rs6323. O genótipo GG para este snp aumenta a atividade da MAOA, enquanto o genótipo TT reduz a atividade do gene. Outras variantes estudadas podem ser encontradas no artigo de Kolla, & Bortolato (2020).

Papel da enzima MAO na degradação de serotonina, dopamina e norepinefrina. Outro gene importante é o ALDH (aldeído desidrogenase). Imagem: Kolla, & Bortolato (2020)

O gene MAOA influencia a regulação emocional. Indivíduos com uma variante de baixa atividade podem ter dificuldade em controlar suas emoções, particularmente raiva e impulsividade. Variações no gene MAOA foram associadas ao aumento da agressividade e impulsividade em alguns estudos. O genótipo GG para o rs6323 tem sido associado com menores níveis de agressividade e o genótipo TT com maiores níveis de agressividade, especialmente entre indivíduos que passaram por maus tratos na infância.

Experiências da infância, estresse e outros fatores ambientais podem influenciar significativamente como as predisposições genéticas se manifestam. É importante lembrar que a relação entre o genótipo MAOA rs6323 e a agressão é complexa e pode variar entre os indivíduos.

A ideia de usar a genética para prever ou explicar o comportamento levanta preocupações éticas uma vez que o neurodesenvolvimento depende de uma série de condições genéticas e ambientais.

Influência da nutrição na expressão do gene MAOA

Embora o gene MAOA influencie os níveis de alguns neurotransmissores, é importante observar que a dieta também pode desempenhar um papel na regulação dos mesmos. Certos nutrientes, como triptofano (um precursor da serotonina), tirosina (um precursor da dopamina e norepinefrina) e vitaminas B6 e B12, são essenciais para a produção de neurotransmissores.

Portanto, uma dieta balanceada rica nesses nutrientes pode ajudar a manter níveis saudáveis ​​de neurotransmissores e potencialmente mitigar alguns dos efeitos das variantes do gene MAOA.

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