Importância do magnésio

O magnésio é um nutriente dietético essencial e um dos minerais mais abundantes no corpo. Atua como eletrólito e é cofator de mais de 300 enzimas, é necessário para a produção de energia (ATP), metabolismo da glicose, síntese de DNA e proteínas, condução nervosa, saúde óssea e regulação cardiovascular, entre outras funções. Também desempenha um papel crucial na síntese e ativação da vitamina D.

Onde o magnésio é encontrado?

As fontes dietéticas de magnésio incluem vegetais de folhas verdes escuras, nozes e sementes, legumes, grãos integrais. Aproximadamente 20% a 40% do magnésio dietético que entra no corpo torna-se biodisponível. Mesmo com tantas fontes alimentares, mais de metade dos adultos não atingem a ingestão diária recomendada de magnésio (Pickering et al., 2020).

O principal motivo é que as dietas ocidentais tendem a ser muito baixas em alimentos ricos em magnésio e ricas em alimentos processados ​​e grãos refinados, que são pobres em magnésio. A deficiência de magnésio aumenta o risco de obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, enxaqueca e osteoporose.

A suplementação com magnésio reduz a glicose no sangue e melhora a sensibilidade à insulina, especialmente em pessoas resistentes à insulina e/ou com deficiência de magnésio e/ou em mulheres com diabetes gestacional.

O magnésio suplementar também parece reduzir a pressão arterial em pessoas com deficiência de magnésio e naquelas com pressão arterial elevada (hipertensão). A redução média na pressão arterial após a suplementação de magnésio é de 2–4 mmHg para pressão arterial sistólica e 2 mmHg para pressão arterial diastólica, embora as reduções possam ser maiores para indivíduos com diabetes tipo 2 (6–8 mmHg e 2–3 mmHg para pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente).

Há alguma indicação de que a suplementação de magnésio pode normalizar as mudanças nos padrões de sono relacionadas à idade ou melhorar o sono em pessoas com insônia ou com deficiência de magnésio, reduzir a frequência e intensidade da enxaqueca, e atenuam os sintomas pré-menstruais em mulheres.

No cérebro, o magnésio se liga e bloqueia as ações dos receptores NMDA, prevenindo assim a transmissão da depressão cortical disseminada dependente do glutamato – um mecanismo envolvido na patogênese da enxaqueca. O magnésio também é um GABAagonista. O magnésio afeta a função dos receptores de serotonina, influencia a agregação plaquetária e regula a síntese e liberação de vários neurotransmissores. Esses mecanismos explicam o benefício do magnésio para a enxaqueca, bem como o potencial do magnésio para melhorar o sono e outros aspectos da saúde neurológica.

A dose dietética recomendada (RDA) de magnésio para adultos é de 410–420 mg/dia para homens e 320–360 mg/dia para mulheres. Isso inclui magnésio de todas as fontes, como alimentos, bebidas, suplementos e medicamentos. O nível superior de ingestão (UL) de magnésio para adultos é de 350 mg; este valor inclui apenas o magnésio obtido a partir de suplementos alimentares e medicamentos.

O citrato de magnésio – especialmente o citrato de potássio e magnésio – e o lactato de magnésio possuem boa disponibilidade e apresentam baixo risco de efeitos colaterais gastrointestinais e diarreia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Microbiota, B12, colina, convulsões e enxaquecas

Estudo publicado na Nature Cell Biology por Mark Alkema, PhD, professor de neurobiologia, estabelece uma importante ligação molecular entre bactérias produtoras de B12 específicas no intestino e a produção de acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória e função cognitiva.

Mark Alkema, PhD, e Woo Kyu Kang, PhD, dissecam uma importante ligação molecular entre a função cerebral e o microbioma intestinal.

Dieta e a microbiota intestinal podem desempenhar um papel importante na saúde do cérebro. Mudanças na composição do microbioma têm sido associadas a distúrbios neurológicos como ansiedade, depressão, enxaquecas e neurodegeneração. No entanto, descobrir a causa e o efeito de bactérias ou nutrientes individuais na função cerebral tem sido um desafio.

A complexidade do cérebro, as centenas de espécies bacterianas que compõem o microbioma intestinal e a diversidade de metabólitos tornam quase impossível discernir como as bactérias afetam a função cerebral.

Para isolar o impacto de bactérias individuais em funções cerebrais específicas, o Dr. Kang alimentou vermes com uma mutação que resulta em um desequilíbrio na sinalização excitatória/inibitória no cérebro e leva a comportamentos semelhantes a convulsões. Uma mutação genética semelhante em humanos causa enxaquecas.

Kang alimentou esses mutantes Caenorhabditis elegans com dietas de uma única espécie bacteriana e observou mudanças na frequência das convulsões. Das 40 espécies bacterianas diferentes que ele testou, 18 reduziram o número de convulsões. Outras experiências mostraram que o atributo comum entre várias destas bactérias era a sua capacidade de produzir vitamina B12.

Segundo o Dr. Alkema e Kang, a B12 reduz os níveis de colina no corpo. A colina, um composto encontrado em vários alimentos e essencial para o metabolismo da gordura no fígado, pode ser usada no ciclo metionina/S-adenosil metionina dependente de B12 (Met/SAM), uma via metabólica que produz metionina (um aminoácido adquirido por humanos através da dieta que é essencial para o metabolismo) no intestino.

A colina também é usada para produzir o neurotransmissor acetilcolina no sistema nervoso. O excesso de acetilcolina leva ao desequilíbrio excitatório que causa o comportamento semelhante a uma convulsão nos vermes mutantes.

Quando mais B12 está presente, mais colina é usada no ciclo Met/SAM, liberando menos colina para produzir acetilcolina. A redução da quantidade de acetilcolina restaura o equilíbrio excitatório/inibitório no sistema nervoso e reduz a atividade convulsiva em C. elegans.

Os investigadores salientaram que o impacto da “conversa cruzada” entre o microbioma, a vitamina B12, a função cerebral e o comportamento só se torna aparente em condições em que o organismo está estressado, quer genética quer ambientalmente. A deficiência de vitamina B12 em humanos tem sido associada a distúrbios neurológicos caracterizados por desequilíbrio excitatório/inibitório, como esquizofrenia, depressão e enxaquecas.

Será interessante determinar se os mecanismos moleculares descobertos no verme também podem explicar o impacto da vitamina B12 na sinalização excitatória em vários distúrbios neurológicos humanos, disse Alkema.

Ao utilizar outros modelos de vermes para outras doenças humanas e testar outros metabolitos e bactérias, Alkema e colegas esperam revelar outras ligações entre o microbioma intestinal e a função cerebral que também podem ser usadas para melhorar a saúde humana.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Modulação do estresse oxidativo pelo sistema endocanabinoide

O ambiente redox celular constitui um equilíbrio delicado entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e sua remoção por enzimas antioxidantes e antioxidantes de pequeno peso molecular. Em baixas concentrações, as ROS estão envolvidas na regulação de vários eventos fisiológicos, incluindo sua capacidade de mediar a transdução de sinal de receptores de membrana, facilitando assim a ativação de múltiplas proteínas e enzimas.

No entanto, o acúmulo excessivo de ROS intracelular causa estresse oxidativo, que pode danificar as membranas celulares, promover lesão mitocondrial e induzir a morte celular, impactando negativamente a função e a sobrevivência das células. Isso se deve em grande parte aos efeitos prejudiciais que os radicais livres exercem sobre os lipídios celulares, proteínas e DNA, prejudicando assim sua função normal.

A desregulação da homeostase redox tem sido associada ao desenvolvimento de várias patologias, incluindo aquelas associadas a distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2 e obesidade, doenças cardiovasculares, bem como vários distúrbios neurodegenerativos (por exemplo, doença de Alzheimer, doença de Parkinson e esclerose múltipla).

Há evidências acumuladas que apoiam um papel fundamental do sistema endocanabinoide na modulação da produção de ROS em diferentes tipos de células. Por exemplo, foi relatado que a anandamida atenua a neurotoxicidade em resposta ao estresse oxidativo. Tanto a ativação de recepotres CB1 quanto CB2 parecem contribuir para este efeito.

Mecanismos moleculares de modulação do sistema antioxidante

A ativação de receptores CB1 e/ou CB2 estimula e/ou reprime a atividade de enzimas implicadas na geração de ROS. Por exemplo, a ativação do receptor canabinoide pode agir para suprimir a ativação dependente de AMPc de PKA, reprimindo assim a expressão e/ou atividade de enzimas como a NADPH oxidase.

Alternativamente, a estimulação do receptor canabinoide pode ativar isoformas de PKC e o eixo de sinalização MEK/ERK a jusante que foram implicados na regulação positiva da atividade da NADPH oxidase.

Endocanabinoides como a anandamida também demonstraram ter como alvo o receptor vaniloide TRPV1. Neste caso, a ativação do TRPV1 promoveria um aumento na sinalização de cálcio intracelular que, por sua vez, pode impactar na expressão/atividade de enzimas geradoras de ROS, por exemplo, por meio da estimulação da atividade da CAMKII. Além disso, níveis elevados de cálcio também podem promover um aumento na geração de ROS dentro das mitocôndrias.

Endocanabinoides como a anandamida também podem transmitir efeitos protetores ao induzir a expressão de enzimas antioxidantes como catalase, superóxido dismutase e glutationa peroxidase por meio da ativação de receptores CB1R ou PPAR. Após sua absorção nas células, por exemplo, por meio de transportadores como isoformas de proteína de ligação a ácidos graxos (FABP), endocanabinoides como a anandamida também podem impactar diretamente na geração de ROS mitocondrial ao direcionar o CB1R residente nessas organelas.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/