Por que os hormônios da tireoide precisam ser tomados em jejum?

O tratamento padrão para o hipotireoidismo envolve o uso de hormônios da tireoide, geralmente o T4 (tiroxina), ao invés da T3 (triiodotironina). A tiroxina (T4) é o hormônio tireoidiano sintético mais comumente prescrito para o tratamento do hipotireoidismo. É administrado na forma de medicamentos como a levotiroxina, que imita a ação do T4 produzido naturalmente pela glândula tireoide.

O T4 é convertido em T3 (triiodotironina) nos tecidos periféricos do corpo, onde exerce a maioria de seus efeitos metabólicos. Assim, a maioria das células do corpo converte T4 em T3 conforme necessário.

A escolha do T4 sobre o T3 se deve ao fato de que o T4 tem uma meia-vida mais longa e uma ação mais estável no corpo. Isso permite uma administração mais simples (geralmente uma vez ao dia) e uma regulação mais suave dos níveis hormonais no organismo.

Quando pode ser considerado o uso de T3?

Em casos específicos de hipotireoidismo resistente ao tratamento com T4, ou quando há problemas na conversão de T4 em T3 nos tecidos periféricos, pode ser necessário adicionar T3 à terapia. No entanto, isso é menos comum e requer monitoramento cuidadoso devido ao potencial de efeitos colaterais e ajustes frequentes de dosagem.

Mesmo assim, em situações de descompensação aguda da tireoide devido a cirurgia, doença ou outros fatores, pode ser necessário administrar T3 para normalizar rapidamente os níveis hormonais. O T3 também é usado em testes de supressão ou estimulação da tireoide para diagnóstico de doenças tireoidianas.

É importante destacar que a prescrição de hormônios tireoidianos, incluindo T3, deve ser feita por um médico especialista, como endocrinologista, após avaliação completa do quadro clínico e dos resultados de exames laboratoriais. O uso inadequado ou sem supervisão médica pode levar a complicações sérias, como arritmias cardíacas e outros problemas de saúde.

Horário de tomada dos hormônios da tireoide

Em geral, os hormônios são tomados pela manhã, em jejum. Tanto no início do dia, quanto em outros horários, a administração ocorre tipicamente 30 minutos a uma hora antes das refeições. Isto porque embora ainda possam ser absorvidos com comida, certos alimentos e suplementos, especialmente aqueles ricos em fibras, cálcio ou ferro, podem interferir na absorção. Essas substâncias podem se ligar ao hormônio e reduzir sua biodisponibilidade.

Manter uma rotina consistente em relação ao horário da dose e das refeições pode ajudar a controlar a absorção e a eficácia do hormônio. As respostas individuais aos hormônios e absorção podem variar. Algumas pessoas podem não perceber diferenças significativas, quer tomem com ou sem alimentos, enquanto outras podem notar um impacto considerável.

Sempre siga as instruções específicas fornecidas pelo seu médico, pois ele pode adaptar os conselhos com base nas suas necessidades de saúde individuais e na formulação específica da medicação que você está usando.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Crianças com autismo possuem mais problemas com caseína e glúten?

O maior estudo até o momento, realizado na Suécia, descobriu que as pessoas com TEA tinham três vezes mais probabilidade de ter anticorpos positivos para glúten, mesmo na ausência de doença celíaca. Ou seja, possuem mais sensibilidade não celíaca ao glúten.

Outro estudo, liderado por pesquisador da Universidade de Columbia, concluiu que o sistema imunitário de algumas crianças autistas parece reagir ao glúten, mas não da mesma forma que o sistema imunitário das pessoas com doença celíaca reage ao glúten.

Outro estudo publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders descobriu que crianças com autismo tinham níveis mais elevados de anticorpos contra caseína (proteína encontradas em laticínios) em comparação com crianças sem autismo. No entanto, é essencial interpretar estes resultados com cautela, uma vez que os mecanismos específicos subjacentes à relação entre os laticínios e os sintomas do autismo ainda não são totalmente compreendidos.

Referências

  • Psiquiatria JAMA. 2013;70(11):1224-30. doi: 10.1001/jamapsiquiatria.2013.2048

  • PLoS UM. 2013;8(6):e66155. doi:10.1371/journal.pone.0066155

  • J Allergy Clin Immunol Pract. 2019; 7(7): 2481–2483.e1.
    doi: 10.1016/j.jaip.2019.04.013

  • Journal of Autism and Developmental Disorders 2:374-401. DOI:10.1007/s40489-015-0059-4

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Intestino e neuroplasticidade

A neuroplasticidade refere-se à capacidade dos circuitos cerebrais de reorganizar e alterar as propriedades da rede, resultando em alterações na função e no comportamento cerebral. Tradicionalmente, acredita-se que a neuroplasticidade é influenciada por estímulos externos, aprendizagem e experiência. Curiosamente, há novas evidências que sugerem que os sinais endógenos da periferia do corpo podem desempenhar um papel. A microbiota intestinal, uma comunidade diversificada de microrganismos que vivem em harmonia com o seu hospedeiro, pode ser capaz de influenciar a plasticidade através da sua modulação do eixo intestino-cérebro.

Curiosamente, a maturação da microbiota intestinal coincide com períodos críticos do neurodesenvolvimento, durante os quais os circuitos neurais são altamente plásticos e potencialmente vulneráveis. Como tal, a disbiose (um desequilíbrio na composição da microbiota intestinal) durante o início da vida pode contribuir para a perturbação das trajetórias normais de desenvolvimento, levando a distúrbios do neurodesenvolvimento.

Existem várias maneiras pelas quais as mudanças na microbiota podem influenciar a plasticidade cerebral. Alguns dos mecanismos incluem a regulação da expressão genética, a produção de moléculas neuroativas e a modulação da atividade microglial.

As bactérias intestinais sintetizam uma variedade de moléculas neuroativas, incluindo GABA, triptofano e serotonina, que potencialmente influenciam a produção e/ou concentração de neurotransmissores no cérebro. A microbiota intestinal também pode afetar a plasticidade neuronal, regulando a maturação e função da microglia, num mecanismo que envolve a ação dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e/ou modulação de moléculas neuroativas.

Os AGCC um produto da fermentação microbiana de fibras alimentares não digeríveis, pode participar na remodelação epigenética da cromatina em uma variedade de células cerebrais, como demonstrado para a microglia. A expressão de microRNA cerebral foi recentemente proposta para ser regulada pela microbiota intestinal.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/