Prisão de ventre e depressão

A constipação intestinal é geralmente considerada um sintoma físico comum de depressão ou um efeito colateral de tratamentos antidepressivos. No entanto, de acordo com a hipótese do eixo intestino-cérebro, a associação entre depressão e constipação pode ser bidirecional. Estudo publicado em 2024 investigou a associação entre prisão de ventre e depressão.

Foi realizado um estudo de coorte retrospectivo usando dados do UK Biobank. Foram incluídos indivíduos livres de depressão entre 2006 e 2010. O estado de prisão de dentre foi determinado usando códigos de diagnóstico de registros eletrônicos de saúde ou um questionário inicial. Dados sobre covariáveis, incluindo características sociodemográficas, fatores de estilo de vida, condições de saúde e uso regular de medicamentos, também foram coletados por meio de um questionário inicial. O desfecho primário é a depressão incidente, que foi extraída de internações hospitalares, cuidados primários, autorrelato e dados de óbitos desde o início até 2022. O desfecho secundário são sintomas depressivos, que foram avaliados pelo Patient Health Questionnaire – 9 (PHQ-9 ) de uma pesquisa on-line em 2016.

Entre os 449.459 participantes incluídos no estudo, 18.596 (4,1%) apresentaram constipação intestinal no início do estudo e 18.576 (4,1%) desenvolveram depressão durante um período médio de acompanhamento de 12,3 anos. A prisão de ventre esteve associada a um risco 2,28 vezes maior de depressão. Depois de ajustar as co-variáveis, observou-se que aqueles com constipação ainda tinham um risco 48% maior de desenvolver depressão (taxa de risco ajustada [aHR] 1,48; IC 95%, 1,41–1,56) do que aqueles sem constipação.

Os participantes com constipação tinham maior probabilidade de relatar sintomas depressivos do que as pessoas sem (odds ratio ajustada 2,18; IC 95%, 1,97–2,43). Esses achados permaneceram consistentes nas análises de sensibilidade e sugerem que a constipação pode ser um fator de risco independente ou um sintoma prodrômico de depressão (Yun et al., 2024).

Alimentos para quem tem intestino preso

  • Laranja

  • Kiwi

  • Mamão

  • Abacate

  • Cereja

  • Kefir

  • Iogurte natural

  • Aveia

  • Chia

  • Linhaça

  • Psyllium

  • Amêndoas

Não esqueça da hidratação!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

As melhores estratégias para prevenção e tratamento do câncer

A melhor estratégia para a prevenção e o tratamento do câncer é um estilo de vida saudável: atividade física, sono de qualidade, manejo do estresse, dieta saudável.

Desequilíbrios metabólicos favorecem o crescimento de tumores. É por isso, que além de quimio e radioterápicos são usados medicamentos para controle da glicemia, excesso de glutamina e assim por diante. A depender da história e necessidade de cada paciente.

Existem mais de 100 tipos de tumores, alguns são hipo, outros hiper e outro normocatabólicos. Para cada tipo de tumor a estratégia muda e pode ir mudando ao longo do tratamento. Antioxidantes não devem ser usados sem critério. Podem proteger células boas, mas também as células tumorais. O que é fato é que se você fizer exercício não vai sobrar muito nutriente para tumor. Assim, movimento é essencial.

A dieta também varia. Avaliamos composição corporal, tipo de tumor, estadiamento, efeitos colaterais das terapias. Também é importante lembrar que o a célula tumoral também pode se adaptar. Tiramos açúcar e ela começa a usar ômega-6 ou glutamina... A célula vai se adequando aos desequilíbrios presentes. Por isso, o acompanhamento nutricional é importante e os protocolos vão mudando ao longo do tratamento.

Estudos:

- Envelhecimento acelerado em mulheres pós câncer de mama: Rentscher et al., 2023. DOI: 10.1002/cncr.34818

- Glutationa e câncer: Marini et al., 2023. https://doi.org/10.3390/biomedicines11082226

- Alterações metabólicas no câncer: Hammoudi et al., 2011. doi: 10.5732/cjc.011.10267

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Diferença entre recaída e recorrência na depressão

Assisti a uma aula com o Dr. João Quevedo que explicou que a diferenciação entre Relapse (recaída) e Recurrence (recorrência) é fundamental na depressão resistente ao tratamento. O que se busca com o tratamento (medicação+terapia+outras estratégias) é a remissão.

A remissão é o alvo ideal, mas nem sempre factível. O primeiro alvo é a resposta que é a diminuição pela metade. Em um paciente gravemente deprimido isto é muito importante pois reduz o risco de suicídio e gera funcionalidade. Por exemplo, pacientes graves podem voltar a tomar banho, namorar, trabalhar etc.

Os pacientes sem boa resposta tem mais recaídas. Se ele fica em um intervalo de pelo menos 2 meses (alguns autores falam de 6 a 12 meses) e deprime de novo chamamos de recorrência.

Recaída significa que o paciente não saiu do episódio depressivo. Já a recorrência é um episódio novo de depressão e é mais perigosa. Quando o paciente está deprimido pela primeira vez recomenda-se um ano de tratamento. Em um segundo episódio depressivo recomenda-se 3 anos de tratamento. Em um terceiro episódio depressivo 5 anos de tratamento na versão americana e para a vida toda na versão/recomendação européia.

Depressão resistente

Para a escola americana de psiquiatria e o FDA nos EUA a depressão resistente significa uma falha na remissão com o uso correto e na dose adequada de pelo menos dois antidepressivos, por 6 a 8 semanas.

Para a agência européia a depressão resistente significa o uso correto e na dose adequada de pelo menos dois antidepressivos de classes diferentes, por 6 a 8 semanas.

Tratamentos na depressão resistente

No mundo real os pacientes com depressão resistente acabam testando entre 4 e 10 diferentes medicamentos sem sucesso. Além disso, para dizermos que o tratamento falhou o paciente precisa ter, além do uso uso da medicação, passado por psicoterapia com evidência científica (como cognitivo-comportamental) por pelo menos 15 semanas.

Quando tudo falha, a psiquiatria intervencionista indica outros fármacos (ketamina/cetamina intravenousa ou esketamina intra-nasal ou ainda psilocibina) e terapias não farmacológicas (terapias de estimulação cerebral).

A neuromodulação pode ser não invasiva (estimulação magnética transcraniana, terapia eletroconvulsiva ou magnética) ou invasiva, com implantes (estimulação do nervo vago ou estimulação cerebral profunda). Cada um dos tipos de terapias possui vantagens e desvantagens que serão discutidas com o psiquiatra.

O fato é que a depressão é uma doença complexa e a maioria dos pacientes precisarão de uma combinação de terapias e modificações de estilo de vida para alcançar melhoria e funcionalidade. Não existe uma fórmula mágica e o acompanhamento com a equipe multidisciplinar é fundamental.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/