Barreira hemato-humoral e hemato-tumoral

O termo “barreira hemato-humoral” pode ser entendida como uma barreira fisiológica que envolve componentes do sangue e do sistema imunológico (humoral) para proteger tecidos específicos. Geralmente, ele se relaciona com o conceito de barreiras biológicas que regulam a passagem de moléculas e células do sangue para tecidos específicos, evitando danos ou infecções.

Por exemplo:

  1. Barreira hematoencefálica (BHE) – embora chamada de “hematoencefálica”, também poderia ser pensada como hemato-humoral no sentido de controlar a entrada de substâncias do sangue para o cérebro, protegendo-o de toxinas e patógenos.

  2. Barreiras imunológicas humoral – envolvem anticorpos presentes no plasma, proteínas do complemento e citocinas que circulam no sangue, impedindo a disseminação de microrganismos para tecidos sensíveis.

  3. Barreira placentária – limita a passagem de células e certos anticorpos do sangue materno para o feto.

Então, resumindo: a barreira hemato-humoral se refere à proteção de tecidos por mecanismos presentes no sangue (humor), incluindo anticorpos, proteínas do complemento e outras moléculas imunes, que impedem infecções ou substâncias indesejadas de atingirem órgãos críticos.

O sangue contém componentes humoral (anticorpos, proteínas do complemento, citocinas) que podem:

  • Reconhecer células tumorais como “estranhas”.

  • Ativar o sistema imunológico para destruir essas células.

Isso é parte da imunovigilância, que é o monitoramento constante do organismo para prevenir que tumores se estabeleçam. Células tumorais muitas vezes desenvolvem mecanismos para driblar essas barreiras, por exemplo:

  • Secreção de fatores que inibem anticorpos ou células imunes.

  • Alteração de proteínas de superfície para “passar despercebidas” pelo sistema imune.

  • Criar um microambiente protetor que impede que células imunes cheguem até elas.

Metástase e barreira hemato-humoral

Quando células tumorais entram na circulação (tornam-se tumores metastáticos):

  • Elas encontram a barreira hemato-humoral do sangue e anticorpos circulantes.

  • Apenas células com estratégias de evasão conseguem sobreviver, se fixar em outros órgãos e formar novos tumores.

Compreender essa barreira é crucial para:

  • Desenvolver imunoterapias (anticorpos monoclonais, vacinas contra tumores).

  • Melhorar a entrega de drogas quimioterápicas que precisam atravessar essas barreiras.

E a barreira hemato-tumoral?

A barreira hemato-tumoral (BHT) é um conceito usado em oncologia para descrever as barreiras fisiológicas e estruturais que dificultam a penetração de células do sistema imune ou de fármacos antineoplásicos no interior de um tumor.

Principais componentes da barreira hemato-tumoral:

  1. Vasos sanguíneos tumorais anômalos

    • São tortuosos, permeáveis e desorganizados.

    • Podem ter fluxo irregular, causando regiões hipóxicas e com baixa distribuição de fármacos.

  2. Matriz extracelular (MEC) densa

    • Rica em colágeno e ácido hialurônico.

    • Funciona como barreira física para difusão de medicamentos.

  3. Pressão intersticial elevada

    • O acúmulo de fluido intersticial dentro do tumor dificulta a penetração de moléculas.

  4. Células do estroma tumoral

    • Fibroblastos associados ao câncer, células endoteliais e células imunes supressoras formam uma barreira biológica, liberando fatores que limitam o acesso terapêutico.

  5. Hipóxia e acidose tumoral

    • Alteram metabolismo local e podem reduzir eficácia de alguns fármacos.

Impacto clínico:

  • Quimioterapia: eficácia reduzida, pois a droga não chega uniformemente às células tumorais.

  • Imunoterapia: infiltração limitada de linfócitos T citotóxicos.

  • Terapia alvo / nanomedicina: estratégias tentam superar essa barreira (ex.: uso de nanopartículas, agentes que degradam MEC, normalização da vasculatura tumoral).

O papel da nutrição

O microambiente tumoral, que inclui a matriz extracelular densa, hipóxia e acidez, pode ser influenciado por fatores nutricionais. Por exemplo:

  • Dietas ricas em determinados aminoácidos (como glutamina) podem alterar o metabolismo das células tumorais.

  • A ingestão de nutrientes antioxidantes pode impactar o estresse oxidativo e a inflamação no microambiente tumoral.

Relevância: A nutrição pode ajudar a modular o microambiente, possivelmente afetando a permeabilidade da BHT e a resposta a terapias.

A pressão elevada e a hipóxia favorecem adaptações metabólicas das células tumorais. Estratégias nutricionais podem auxiliar a manutenção do estado metabólico do paciente, evitando caquexia e perda de massa muscular, que impactam a tolerância à quimioterapia e imunoterapia. Nutrientes como proteínas de alto valor biológico e água ajudam a manter o equilíbrio hídrico e a composição corporal, indiretamente apoiando a distribuição de fármacos.

A barreira hemato-tumoral limita a infiltração de linfócitos T. Uma boa nutrição pode:

  • Apoiar a função imunológica, aumentando a quantidade e atividade das células imunes circulantes.

  • Garantir níveis adequados de micronutrientes essenciais (vitaminas A, D, C, zinco, selênio) que participam da resposta imune.

Embora a BHT dificulte a entrada de células T no tumor, pacientes bem nutridos podem ter imunidade mais eficiente, potencialmente ajudando terapias imunológicas.

Precisa de ajuda? Marque sua consulta de nutrição online

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/