Desvendando o Alzheimer: Como cientistas estão atacando a proteína tau — o "vilão" escondido nos neurônios

Você já ouviu falar da proteína tau? Para quem está mergulhando no universo do Alzheimer, ela é uma das grandes protagonistas — infelizmente, do lado "vilão". Essa proteína, que normalmente ajuda a manter a estrutura dos neurônios, pode se transformar em um pesadelo quando sofre alterações e se acumula no cérebro.

Mas calma! A ciência está correndo atrás. A imagem acima mostra as estratégias que pesquisadores estão desenvolvendo para combater o Alzheimer atacando diretamente a proteína tau. Vamos destrinchar isso juntos?

Como a tau se transforma em problema?

Na imagem anterior, você vê diferentes formas da tau:

  • Monômero (forma normal)

  • Oligômero (quando começa a se agrupar)

  • Agregado (acúmulo tóxico)

  • Truncada (forma cortada e ainda mais tóxica)

Essas formas alteradas se espalham pelos neurônios, atrapalhando a comunicação e levando à morte celular.

Frentes de batalha contra a tau

  1. Inibidores de agregação de tau
    Evitam que as proteínas se juntem e formem aglomerados tóxicos.

  2. Inibidores de expressão de tau
    Reduzem a produção da proteína tau nas células.

  3. Moduladores de autofagia ou digestão proteossomal
    Estimulam o “sistema de reciclagem” celular para destruir tau defeituosa.

  4. Imunoterapia (ativa ou passiva)
    Usa o sistema imunológico (ou anticorpos artificiais) para reconhecer e remover tau anormal.

  5. Agentes estabilizadores de microtúbulos
    Reforçam a estrutura dos neurônios, compensando a perda causada pela tau.

Zoom molecular: como regular tau na prática?

No canto direito da imagem, temos um zoom nos microtúbulos (os “trilhos” dos neurônios) mostrando várias formas de impedir que a tau se torne tóxica:

  • Inibidores de caspase: evitam o corte da tau.

  • Inibidores de OGA (enzima que remove glicose da tau): regulam sua estabilidade.

  • Inibidores de quinases / ativadores de fosfatases: controlam a fosforilação (uma modificação que pode deixar a tau disfuncional).

  • Inibidores de acetilação: evitam alterações químicas que promovem acúmulo da tau.

E o futuro?

Ao atacar a tau por todos os lados — da produção ao descarte — os cientistas estão abrindo novas possibilidades para terapias eficazes, além das já conhecidas para a proteína beta-amiloide.

Ainda há um caminho a percorrer, mas cada uma dessas estratégias é uma peça essencial do quebra-cabeça. E com o avanço da neurociência, estamos mais perto de mudar o curso dessa doença devastadora. Aprenda mais sobre o cérebro em https://t21.video

O que você pode fazer já

Um estilo de vida saudável faz parte dos cuidados com o cérebro. Quando o corpo está saudável o cérebro fica mais saudável também.

1. Prevenção da agregação da proteína tau

  • Polifenóis e flavonoides: Compostos encontrados em alimentos como chá verde (EGCG), cúrcuma (curcumina), uvas e frutas vermelhas (resveratrol, quercetina) mostram capacidade de inibir a agregação da tau.

  • Ômega-3 (DHA e EPA): Ácidos graxos presentes em peixes de águas frias auxiliam na manutenção da saúde neuronal e podem reduzir a formação de agregados.

  • Melatonina: Hormônio natural que tem efeito antioxidante e pode prevenir a agregação da tau em modelos experimentais.

2. Redução da produção excessiva da tau patológica

  • Dieta balanceada e rica em antioxidantes: Alimentos como frutas, verduras, oleaginosas, e especiarias (ex. açafrão, gengibre) reduzem o estresse oxidativo e a inflamação, fatores que modulam a expressão da tau patológica.

  • Exercícios físicos regulares: Atividade física melhora a neuroplasticidade e pode reduzir a produção aberrante de tau, por meio da regulação de vias celulares e redução do estresse.

3. Estímulo do descarte e degradação da tau anormal

  • Ativação do sistema autofágico: A autofagia é uma via celular que degrada proteínas mal dobradas. Compostos naturais como a espermidina (encontrada em vegetais e grãos integrais e em suplemenos) e jejum intermitente podem ativar essa via.

  • Probióticos e saúde intestinal: A microbiota influencia o sistema imune e pode ajudar no clearance (eliminação) de proteínas tóxicas no cérebro.

Considerações adicionais

  • Sono de qualidade: O sono ajuda na remoção de toxinas e proteínas acumuladas no cérebro, incluindo a tau.

  • Redução do estresse crônico: O estresse inflamatório pode aumentar a produção da tau patológica.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/