Glutamato, TEA e TDAH

O glutamato é um neurotransmissor excitatório fundamental no cérebro, que desempenha um papel importante em várias funções cognitivas, como aprendizagem e memória. Em excesso, contribui para a neuroinflamação.

A imagem abaixo descreve a relação entre glutamato (Glu) e neuroinflamação, destacando como processos inflamatórios alteram sua homeostase e levam à excitotoxicidade. Aqui está uma análise detalhada das causas e consequências dessa ligação.

Causas da Ligação entre Glutamato e Neuroinflamação

  1. Ativação da Microglia e Macrófagos: Citocinas inflamatórias (IFNs, IL-1β, TNF) ativam a microglia, promovendo a liberação de espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (RNS), que intensificam a inflamação. Aumento da IDO (indoleamina 2,3-dioxigenase) converte triptofano em quinurenina (QUIN), um agonista dos receptores NMDAR.

  2. Disfunção dos Astrócitos: A inflamação reduz a expressão do transportador EAAT2, responsável pela recaptação de glutamato. Com menor remoção do glutamato da fenda sináptica, sua concentração extracelular aumenta.

  3. Ação de QUIN nos Receptores NMDAR: QUIN ativa receptores NMDAR extrasinápticos, potencializando a excitotoxicidade. Isso leva ao influxo excessivo de cálcio nos neurônios, desencadeando danos celulares.

Consequências da Neuroinflamação e Excitotoxicidade pelo Glutamato

  1. Excitotoxicidade Neuronal: O excesso de glutamato e ativação dos receptores NMDAR provoca sobrecarga de cálcio nos neurônios. Isso leva à ativação de cascatas apoptóticas, estresse oxidativo e danos mitocondriais.

  2. Redução do Fator Neurotrófico (BDNF): A inflamação reduz a produção de BDNF, essencial para a plasticidade e sobrevivência neuronal. Menos BDNF piora os déficits sinápticos e cognitivos.

  3. Disfunção Cognitiva e Doenças Neurológicas: A excitotoxicidade contribui para doenças como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla. Também está associada a transtornos psiquiátricos, como depressão e esquizofrenia.

TEA e Glutamato:

Estudos sugerem que há uma disfunção na regulação do glutamato no cérebro de pessoas com TEA. Um número de pesquisas indica que o glutamato pode estar em níveis elevados, o que poderia contribuir para a hiperexcitabilidade neuronal, que é uma característica observada em algumas pessoas com TEA. Essa alteração no sistema glutamatérgico pode afetar processos de comunicação entre os neurônios e, por consequência, influenciar comportamentos, interações sociais e habilidades cognitivas.

TDAH e Glutamato:

Em relação ao TDAH, a pesquisa também sugere que há uma relação entre níveis de glutamato e o desenvolvimento desse transtorno. Alguns estudos indicam que pode haver um desequilíbrio no metabolismo do glutamato, com níveis elevados em algumas áreas do cérebro e redução em outras. Isso poderia afetar a regulação da atenção e do comportamento impulsivo, características centrais do TDAH. Porém, como o TDAH é um transtorno multifatorial, com muitos fatores envolvidos, o glutamato seria apenas uma peça do quebra-cabeça.

Glutamato na Dieta:

O glutamato monosódico (MSG), um aditivo alimentar, é frequentemente citado em discussões sobre efeitos adversos em saúde, embora a maioria dos estudos científicos não tenha mostrado uma ligação direta entre o consumo de MSG e condições como TEA ou TDAH. No entanto, algumas pessoas sensíveis ao MSG podem relatar sintomas como dores de cabeça, mas esses efeitos são raros e ainda são motivo de debate.

Aprenda mais:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/