Metabolômica das ceramidas na doença de Alzheimer

A metabolômica das ceramidas é uma área da metabolômica focada no estudo das ceramidas, que são uma classe de lipídios complexos envolvidos em diversas funções biológicas, incluindo a regulação da integridade da membrana celular, a sinalização celular e a apoptose (morte celular programada).

Aspectos principais da metabolômica das ceramidas:

  1. Identificação e quantificação – Técnicas como espectrometria de massas (MS) acoplada à cromatografia líquida de alta eficiência (LC-MS) são utilizadas para detectar diferentes tipos de ceramidas e seus metabólitos.

  2. Papel fisiológico e patológico – As ceramidas estão envolvidas em doenças metabólicas (como diabetes tipo 2), cardiovasculares, neurodegenerativas e câncer.

  3. Interação com vias metabólicas – Elas fazem parte do metabolismo dos esfingolipídios, regulando processos inflamatórios, resistência à insulina e estresse oxidativo.

  4. Biomarcadores – O perfil de ceramidas pode servir como biomarcador para diversas doenças, sendo usado para diagnóstico e prognóstico.

  5. Efeito da dieta e estilo de vida – O consumo de gorduras específicas e o exercício físico podem modular os níveis de ceramidas no organismo.

Estudo das ceramidas no Alzheimer

O papel da metabolômica da ceramida na compreensão da doença de Alzheimer (DA) é significativo, pois destaca o envolvimento do metabolismo dos esfingolipídeos na patogênese da doença.

As ceramidas estão implicadas na apoptose neuronal, particularmente por meio de mecanismos que envolvem estresse oxidativo e acúmulo de β-amiloide (Aβ). Níveis elevados de ceramida podem aumentar a produção de Aβ ao estabilizar a β-secretase, levando a um ciclo de retroalimentação que exacerba o dano neuronal [1].

Alterações no metabolismo da ceramida contribuem para a disfunção mitocondrial, comprometimento da autofagia e interrupção da homeostase neuronal, todos críticos na progressão da DA. Essa desregulação está ligada às características fisiopatológicas gerais da DA, incluindo declínio cognitivo e morte celular [2].

Estudos multiômicos recentes caracterizaram a via ceramida/esfingomielina como um alvo terapêutico. Essas análises identificaram variantes genéticas e alterações metabólicas associadas ao metabolismo da ceramida que se correlacionam com características de imagem em pacientes com DA, sugerindo potenciais caminhos para o tratamento [3].

A compreensão da metabolômica da ceramida abre possibilidades para intervenções terapêuticas que visam modular os níveis ou vias de ceramida. Por exemplo, agentes que influenciam o metabolismo dos esfingolipídeos podem ajudar a aliviar os comprometimentos cognitivos associados à DA [3].

Em resumo, a metabolômica da ceramida fornece insights sobre as vias bioquímicas envolvidas na doença de Alzheimer, destacando seu potencial como alvo para estratégias terapêuticas.

Aprenda mais sobre metabolômica no curso de 6 meses:

Referências

1) M Jazvinšćak Jembrek et al. Ceramides in Alzheimer's Disease: Key Mediators of Neuronal Apoptosis Induced by Oxidative Stress and Aβ Accumulation. Oxidative medicine and cellular longevity (2015). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26090071/

2) MR Chowdhury et al. Diverse Roles of Ceramide in the Progression and Pathogenesis of Alzheimer's Disease. Biomedicines (2022). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36009503/

3) P Baloni et al. Multi-Omic analyses characterize the ceramide/sphingomyelin pathway as a therapeutic target in Alzheimer's disease. Communications biology (2022). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36209301/

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/