Alterações no metabolismo cerebral no transtorno de personalidade borderline

O transtorno de personalidade borderline (TPB) tem sido associado a alterações no metabolismo cerebral, incluindo o metabolismo glicolítico. Estudos de neuroimagem e neuroquímica indicam que pacientes com TPB podem apresentar disfunções no uso da glicose no cérebro, especialmente em áreas relacionadas à regulação emocional, controle de impulsos e processamento social.

Alterações no metabolismo glicolítico no TPB:

  1. Hipometabolismo em áreas específicas

    • O córtex pré-frontal (especialmente o córtex orbitofrontal e dorsolateral) tende a apresentar reduzida captação de glicose, o que pode explicar dificuldades no controle emocional, impulsividade e tomada de decisões.

    • A amígdala, envolvida no processamento de emoções, pode apresentar hiperatividade, contribuindo para respostas emocionais intensas e desreguladas.

  2. Diminuição da eficiência energética

    • Alguns estudos sugerem que o cérebro de pacientes com TPB pode apresentar menor eficiência na produção de energia via glicólise, impactando o funcionamento neuronal adequado.

    • Isso pode se relacionar a sintomas como fadiga mental, dificuldades cognitivas e maior vulnerabilidade ao estresse.

  3. Resistência à insulina e impacto no humor

    • Há hipóteses de que pacientes com TPB tenham maior predisposição a alterações no metabolismo da glicose periférica, podendo estar mais suscetíveis à resistência à insulina.

    • Como a insulina também regula neurotransmissores como serotonina e dopamina, qualquer disfunção nesse eixo pode piorar sintomas de impulsividade e instabilidade emocional.

Implicações nutricionais e estratégias possíveis:

  • Foco na estabilidade glicêmica → Dietas com baixo índice glicêmico podem ajudar a reduzir picos de glicose e melhorar a regulação emocional.

  • Evitar grandes oscilações de açúcar no sangue → Pequenas refeições ao longo do dia podem evitar quedas bruscas de glicose, que podem agravar irritabilidade e impulsividade.

  • Apoio a mitocôndrias e função energética → Alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, magnésio e vitaminas do complexo B podem favorecer a função cerebral.

Se o metabolismo glicolítico está comprometido, faz sentido pensar que ajustes nutricionais e estratégias metabólicas possam ajudar no manejo dos sintomas. É um campo ainda em estudo, mas pode abrir portas para novas abordagens no tratamento.

É importante lembrar que pacientes com transtorno de personalidade borderline realmente demandam um cuidado especial na construção do vínculo, e a nutrição pode ser um ponto delicado, principalmente se houver histórico de compulsão, restrições extremas ou uma relação disfuncional com a comida.

Metas nutricionais no transtorno borderline

  1. Pequenos passos e metas realistas – Nada de mudanças drásticas. Algo como “vamos incluir uma porção de proteína no almoço?” ou “que tal tentar beber mais água essa semana?”. Pequenos sucessos ajudam a fortalecer o vínculo e evitar frustrações.

  2. Flexibilidade – Um plano alimentar muito rígido pode gerar ansiedade e frustração. Melhor focar em direções gerais do que em regras fechadas.

  3. Evitar discurso de “certo e errado” – Em vez de falar “não pode comer isso”, tentar algo mais acolhedor, como “vamos buscar equilíbrio e entender os momentos em que essa comida aparece?”.

  4. Reforço positivo constante – Toda pequena conquista precisa ser validada, porque esses pacientes tendem a se desvalorizar muito.

  5. Atenção ao emocional – O comportamento alimentar pode estar totalmente ligado a momentos de instabilidade emocional. Vale incentivar que ela registre suas emoções junto com o que come (sem rigidez, só como um exercício de consciência).

  6. Evitar punições ou frustrações exageradas – Se ela “falhar” em alguma meta, não fazer disso um grande problema. O ideal é reformular a estratégia juntos, sempre com acolhimento.

No fundo, o mais importante é ir aos poucos, entendendo os gatilhos e garantindo que a alimentação não vire mais um fator de estresse. É um processo que exige paciência (muita!) e um vínculo bem construído, mas dá pra avançar.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/