O conectoma intestinal

Células secretoras são células especializadas que possuem um conjunto de organelas e estruturas que lhes permitem sintetizar, armazenar e liberar substâncias específicas. Essas substâncias podem ser hormônios, enzimas, muco, suor, leite, etc.

Tipos de células secretoras

  • Células glandulares: Fazem parte das glândulas, órgãos especializados em secreção. Podem ser exócrinas (liberam substâncias através de ductos) ou endócrinas (liberam substâncias diretamente na corrente sanguínea).

  • Células caliciformes: Produzem mucina, uma substância viscosa que forma o muco. São abundantes no epitélio das vias respiratórias e digestivas.

  • Células principais: Presentes no estômago, secretam pepsinogênio, precursor da pepsina, uma enzima digestiva.

  • Células parietais: Também no estômago, secretam ácido clorídrico, essencial para a digestão.

As células secretoras do intestino desempenham um papel fundamental no processo digestivo, produzindo uma variedade de substâncias que auxiliam na quebra dos alimentos e na proteção da mucosa intestinal.

Tipos de Células Secretoras no sistema digestório (Brasil) /digestivo (Portugal) e suas Funções

Fonte: Unifal

  • Células Caliciformes:

    • Forma: Semelhantes a um cálice, com o núcleo basal e o ápice repleto de grânulos de mucina.

    • Função: Produzem mucina, uma glicoproteína que, ao entrar em contato com a água, forma o muco. O muco lubrifica o trato intestinal, facilitando a passagem do bolo alimentar e protegendo a mucosa contra danos mecânicos e químicos.

    • Localização: Presentes em todo o trato gastrointestinal, com maior concentração no intestino grosso.

  • Células Enteroendócrinas ou neuroendócrinas:

    • Forma: Dispersas entre as outras células epiteliais.

    • Função: Produzem hormônios que regulam a digestão, como a gastrina, secretina e colecistocinina. Esses hormônios controlam a secreção de ácidos e enzimas digestivas, a motilidade intestinal e a liberação de bile.

  • Células de Paneth:

    • Forma: Localizadas na base das criptas intestinais, com grânulos basais grandes.

    • Função: Secretam lisozima e peptídeos antimicrobianos, que ajudam a manter a microbiota intestinal saudável e protegem a mucosa contra a proliferação de bactérias patogênicas.

  • Enterócitos (células absortivas):

    • Forma: Células colunares com microvilosidades na borda em escova.

    • Função: Embora primariamente envolvidas na absorção de nutrientes, os enterócitos também secretam enzimas digestivas, como a lactase e a sacarase, que atuam na digestão de açúcares.

Identificação das células enteroendócrinas (ou neuroendócrinas)

Compostos lipofílicos e pequenos hidrofílicos de até 600 Da podem atravessar a barreira intestinal através de múltiplas rotas, por exemplo, através de rotas transcelulares (ou seja, difusão passiva na bicamada lipídica e/ou pequenos poros aquosos) e paracelulares. Os pequenos compostos neuroativos produzidos no intestino também podem usar estas últimas vias para se difundirem na lâmina própria, isto é, em contato com aferentes neurais intrínsecos e/ou extrínsecos, ou na circulação portal, e, portanto, possivelmente exercerem efeitos extra-intestinais.

Os terminais de alguns nervos aferentes vagais podem responder a uma variedade de compostos neuroativos secretados por linfócitos e mastócitos, como histamina, 5-HT (serotonina), prostaglandinas e diversas citocinas. Além disso, foram identificados receptores de neuropeptídeos em mastócitos, sugerindo assim uma comunicação bidirecional entre os sistemas nervoso e imunológico.

As células enteroendócrinas representam menos de 1% das células epiteliais do intestino; no entanto, constituem o maior órgão endócrino do corpo (Mayer, 2011). Mais de 20 tipos diferentes de células endoendócrinas foram identificados, e estes diferem de acordo com o(s) tipo(s) de peptídeos reguladores (por exemplo, peptídeos semelhantes ao glucagon, GLPs, peptídeo pancreático YY, PYY, colecistocinina, CCK, secretina) ou moléculas bioativas que eles secretam.

As células enteroendócrinas regulam as funções digestivas através dos circuitos do sistema nervoso entérico e comunicam-se com o SNC (por exemplo, com o hipotálamo), seja diretamente, isto é, através de vias endócrinas, ou através de sinalização parácrina para aferentes vagais.

As células secretoras são frequentemente identificadas por letras. O hormônio secretado pode ser endócrino (E), parácrino (P) ou neurócrino (N). Os hormônios neurócrinos fazem efeito nos neurônios e, por isso, estão bastante ligados ao que chamamos de eixo intestino-cérebro.

O conectoma intestinal

Assim como o cérebro possui um conectoma (mapa das conexões neurais), o intestino também possui uma rede complexa de neurônios e conexões. Essa rede neural intestinal, ou conectoma intestinal, desempenha um papel crucial na comunicação entre o intestino e o cérebro. Muitos neurônios partem do intestino para o cérebro, especialmente por meio do nervo vago. Leia aqui outras formas de comunicação intestino-cérebro.

A maior parte da comunicação parte do intestino para o cérebro (80%). Mas existem várias questões que mexem com o intestino. Por exemplo, pessoas muito ansiosas podem ter mais problemas intestinais. É a comunicação cérebro-intestino, que corresponde a cerca de 20% de toda a comunicação deste eixo.

As vias imunológicas e enteroendócrinas não são rotas distintas do eixo intestino-cérebro. Na verdade, podem influenciar-se mutuamente até certo ponto. De fato, foi relatado que a liberação de interleucina-4 e 13 de células T CD4+, em um modelo de inflamação intestinal de camundongo, aumenta a secreção de colecistocinina em células enteroendócrinas. As células enterocromafins (ECs) foram descritas como capazes de modular a inflamação intestinal através da sinalização 5-HT.

Aprenda mais no curso de modulação intestinal.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/