A dieta cetogênica, principalmente conhecida por sua eficácia no tratamento da epilepsia, tem mostrado resultados promissores no manejo de transtornos de humor, incluindo o transtorno bipolar. Embora sejam necessários mais estudos, vários mecanismos potenciais podem explicar seus benefícios:
Efeitos Neuroprotetores
Cetonas como Combustível Alternativo: As cetonas, produzidas pelo corpo quando se está em uma dieta cetogênica, podem servir como uma fonte alternativa de combustível para o cérebro, potencialmente protegendo os neurônios de danos.
Redução do Estresse Oxidativo: As cetonas podem ajudar a reduzir o estresse oxidativo, um processo que pode danificar as células cerebrais e contribuir para transtornos de humor.
Efeitos Anti-inflamatórios
Redução da Inflamação: A dieta cetogênica pode ajudar a reduzir a inflamação no cérebro, que tem sido implicada no transtorno bipolar.
Melhora da Função Mitocondrial: As cetonas podem melhorar a função mitocondrial, que é essencial para a produção de energia e pode reduzir a inflamação.
Melhora da Saúde Metabólica
Perda de Peso: A dieta cetogênica pode levar à perda de peso, o que pode melhorar a saúde metabólica e reduzir o risco de comorbidades associadas ao transtorno bipolar, como diabetes e doenças cardiovasculares.
Sensibilidade à Insulina: A dieta pode melhorar a sensibilidade à insulina, o que pode ajudar a regular o humor e reduzir o risco de distúrbios metabólicos.
Equilíbrio de Neurotransmissores
Serotonina e Dopamina: A dieta cetogênica pode influenciar os níveis de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que desempenham um papel crucial na regulação do humor.
Embora esses mecanismos sejam promissores, é importante observar que são necessários mais estudos para entender completamente os efeitos da dieta cetogênica no transtorno bipolar. Por enquanto, vamos olhar o estudo de caso publicado por Nicole Laurent examinando os efeitos da dieta cetogênica em um paciente com transtorno bipolar do tipo II. O paciente tinha um histórico de depressão e ansiedade que remontava à adolescência. No início da intervenção, apresentava-se com alterações de humor resistente ao tratamento medicamentoso e sintomas depressivos.
A paciente iniciou uma dieta cetogênica terapêutica (30g de carboidratos, 7% do valor energético total diário, 77% de gordura e 16% de proteína), por 21 semanas sob a orientação de Laurent. Os alimentos da dieta incluiam carne vermelha, porco, frango, ovos, laticínios, salmão, triglicerídeos de cadeia média (TCM), óleo de abacate, manteiga, vegetais de baixo índice glicêmico e bagas como morangos, framboesas e mirtilos.
Os níveis de glicose e corpos cetônicos foram acompanhados diariamente e mantiveram-se em torno de 1,0 mmol/L. A paciente apresentou resultados significativos nos sintomas de ansiedade, depressão e estresse e maior estabilidade de humor. Podemos questionar o valor do estudo por ser o caso de um único paciente. Mesmo assim, para este indivíduo, o resultado positivo é muito significativo pois melhorou sua qualidade de vida.
Pesquisadores da Universidade James Cook University na Austrália, liderados pelos Drs. Calogero Longhitano e Zoltan Sarnyai publicaram recentemente um artigo detalhando o protocolo para um ensaio clínico em andamento sobre terapia cetogênica para esquizofrenia e transtorno bipolar. Pacientes com estes transtornos podem se inscrever no programa até maio de 2025 por este link.
Além dos testes neuropsicológicos, marcadores antropométricos, cardiovasculares, metabólicos, imunológicos e neuroendócrinos, serão também coletadas amostras fecais antes e depois das intervenções dietéticas, o que tornará possível estabelecer a possível contribuição do microbioma intestinal no desfecho dos pacientes. Você pode sempre aprender mais sobre estes temas na plataforma https://t21.video.