Melhorando o intestino, melhoramos o cérebro. E existem muitas formas de fazer isto como o uso de polifenóis e de probióticos. Em um estudo uma mistura de probióticos sobre dois desfechos principais: adiposidade abdominal (acúmulo de gordura na região abdominal) e estado antioxidante (a capacidade do organismo de neutralizar o estresse oxidativo).
Mulheres com excesso de peso ou obesidade receberam Simfort, uma mistura probiótica (Lactobacillus acidophilus e casei; Lactococcus lactis; Bifidobacterium bifidum e lactis; ( n = 21) ou placebo (n = 22) durante 8 semanas. Ambos os grupos receberam também uma prescrição dietética.
A composição corporal foi avaliada por antropometria e absorciometria de raios X de dupla energia. Foram analisados o perfil lipídico, o produto de acumulação lipídica, os ácidos gordos plasmáticos, o lipopolissacárido, a interleucina-6, a interleucina-10, o fator de necrose tumoral-α, a adiponectina e as atividades das enzimas antioxidantes.
Em comparação com o grupo de intervenção dietética, o grupo de intervenção dietética + mistura de probióticos apresentou uma maior redução da circunferência da cintura (-3,40% vs. -5,48%, P = 0,03), relação cintura -altura (-3,27% vs. -5,00%, P = 0,02), índice de conicidade (-2,43% vs. -4,09% P = 0,03) e ácidos gordos polinsaturados plasmáticos (5,65% vs. -18,63%, P = 0,04) e um aumento da atividade da glutationa peroxidase (-16,67% vs. 15,62%, P < 0,01).
A suplementação de uma mistura probiótica reduziu a adiposidade abdominal e aumentou a atividade das enzimas antioxidantes de forma mais eficaz do que uma intervenção dietética isolada (Gomes et al., 2017).
Como a suplementação de probióticos melhora a saúde metabólica?
O microbioma intestinal influencia a homeostase energética e a inflamação. Algumas bactérias intestinais ajudam a reduzir a permeabilidade intestinal, diminuindo inflamações crônicas e aumentando a sensibilidade à insulina.
Ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) produzidos pelas bactérias a partir da fermentação de fibras têm papel crucial no controle de peso, inibindo o acúmulo de gordura. Em indivíduos com obesidade, os níveis de AGCC costumam estar reduzidos devido a alterações no microbioma.
Bactérias boas também beneficiam-se de compostos bioativos. Metabólitos derivados do triptofano e bactérias específicas regulam a inflamação e o metabolismo em tecidos adiposos.
Na obesidade, há uma produção excessiva de citocinas inflamatórias pelos adipócitos. Estas citocinas atravessam a barreira hemato encefálica e chegam até o cérebro provocando ativação da micróglia ( o sistema imune do cérebro).
A ativação da micróglia provoca redução da produção de serotonina e aumento dos níveis de glutamato no cérebro, aumentando as chances de alterações de humor, sono, fadiga, percepção de dor, além de alterações cognitivas.
Estudos mostram que a suplementação de resveratrol e de curcumina melhoram a composição da microbiota e conferem neuroproteção. A curcumina também altera a razão de bactérias benéficas/patogênicas, com aumento da abundância de bifidobacterias e lactobacilos e reduzindo enterobactérias, enterococos e outras bactérias com perfil mais inflamatório (Di Meo et al., 2019).
O cérebro inflamado (neuroinflammaging) é caracterizado por uma regulação negativa do sistema vitagênico, de regeneração e reparo celular (Hsp 70, γ-GCS, HO-1, Trx e Sirt1) e da atividade do Nfr2 com a consequente regulação positiva da ativação do NF-κB. O aumento da ativação do NF-κB, também através dos recetores semelhantes a ferramentas 4 (TLR4), induz, por sua vez, o aumento de fatores pró-inflamatórios, como o TNFα, IL1b, IL6, COX2 e iNOS. O desequilíbrio entre as moléculas anti-(IL10) e pró-inflamatórias leva a um aumento da inflamação, estabelecendo-se um círculo vicioso que favorece a neuroinflamação.
A curcumina é neuroprotetora pois induz a sobre-regulação do sistema vitagênico e do Nrf2, inibindo a ativação do NF-κB e, em seguida, quebrando o círculo vicioso da doença neurodegenerativa. Assim, polifenois como a curcumina possui efeito no intestino e direto cerebral.
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