Causas do ganho de peso com uso de antidepressivos e/ou antipsicóticos

O ganho de peso causado por antipsicóticos e antidepressivos é um efeito adverso bastante comum e complexo, que resulta de uma combinação de fatores biológicos, metabólicos e comportamentais. Os principais mecanismos responsáveis incluem alterações no apetite, no metabolismo e na regulação hormonal. Abaixo, listo os principais mecanismos envolvidos:

1. Alterações no Sistema de Regulação do Apetite

  • Atuação nos receptores de serotonina (5-HT2C): Alguns antipsicóticos e antidepressivos, como a olanzapina e a clozapina, bloqueiam (antagonizam) os receptores 5-HT2C, que têm papel na saciedade. Isso leva a um aumento do apetite, contribuindo para o ganho de peso.

  • Bloqueio dos receptores de histamina (H1): O bloqueio desses receptores está relacionado a um aumento do apetite e da sedação, favorecendo o consumo excessivo de alimentos e a diminuição da atividade física. Esse efeito é comum em antipsicóticos como a quetiapina e antidepressivos tricíclicos, como a amitriptilina.

  • Aumento dos níveis de grelina: A grelina é um hormônio que estimula o apetite. Alguns estudos indicam que o uso prolongado de antipsicóticos pode aumentar os níveis de grelina, levando a um aumento da fome.

2. Alterações Metabólicas e Resistência à Insulina

  • Resistência à insulina e alteração na captação de glicose: Certos antipsicóticos e antidepressivos podem reduzir a sensibilidade à insulina, o que diminui a capacidade do corpo de utilizar glicose de maneira eficiente. Isso leva a um acúmulo de gordura e ganho de peso.

  • Aumento nos níveis de triglicerídeos e colesterol: Medicamentos como a olanzapina podem causar dislipidemia, elevando os níveis de triglicerídeos e colesterol, o que contribui para o aumento de peso e o acúmulo de gordura abdominal.

3. Alterações na Termogênese e no Gasto Energético

  • Redução do gasto energético basal: Alguns antipsicóticos diminuem a taxa metabólica basal, reduzindo a quantidade de energia que o corpo queima em repouso, o que favorece o acúmulo de gordura.

  • Inibição da termogênese induzida pela dieta: Os antidepressivos e antipsicóticos podem alterar a capacidade do corpo de gerar calor a partir dos alimentos, reduzindo o gasto calórico após as refeições e contribuindo para o ganho de peso.

4. Aumento da Sedação e da Fadiga

  • Efeito sedativo: Medicamentos que agem sobre receptores H1 e alfa-adrenérgicos, como a clozapina, podem causar sonolência e fadiga, reduzindo a disposição para a prática de atividades físicas, o que reduz o gasto calórico diário.

  • Alteração no ciclo sono-vigília: A sedação excessiva pode alterar o padrão de sono e vigília, levando a hábitos alimentares noturnos e ao aumento do consumo calórico.

5. Alterações na Regulação da Leptina e da Insulina

  • Aumento da leptina: Alguns pacientes em uso de antipsicóticos desenvolvem níveis elevados de leptina, um hormônio que regula o armazenamento de gordura, o que pode reduzir a capacidade do corpo de utilizar gordura como fonte de energia. A leptina age no hipotálamo, região do cérebro que controla apetite e saciedade. Quando os níveis de leptina no sangue aumenta há redução do apetite. Contudo, níveis persistentemente altos geram resistência a este hormônio e o cérebro deixa de responder à leptina. Com isso, há aumento da fome, redução no gasto energético e ganho de peso.

  • Desregulação da insulina: A insulina, que controla os níveis de glicose no sangue, também fica alterada. O uso de alguns medicamentos está associado a um aumento da resistência à insulina, predispondo o paciente ao ganho de peso e ao acúmulo de gordura abdominal.

6. Alterações Emocionais e Comportamentais

  • Alívio dos sintomas depressivos e ansiosos: Em alguns casos, antidepressivos aumentam o apetite devido à melhora do estado emocional do paciente, levando-o a consumir mais calorias.

  • Compulsão alimentar: Alguns antipsicóticos podem aumentar os episódios de compulsão alimentar, que contribuem significativamente para o ganho de peso.

Esses efeitos variam de acordo com o tipo de medicação, a dose e a sensibilidade individual do paciente, além de fatores como idade, sexo e estilo de vida.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/