Cariótipo, microarray e exoma são três diferentes tipos de testes genéticos usados para detectar alterações no DNA. Cada um tem um nível de precisão e capacidade de identificar diferentes tipos de variações genéticas. Aqui está uma explicação detalhada de cada exame e suas diferenças:
1. Cariótipo:
O que é: O cariótipo é uma análise microscópica dos cromossomos inteiros. Ele examina o número e a estrutura dos cromossomos para detectar grandes alterações.
O que detecta:
Aneuploidias (alterações no número de cromossomos, como a Síndrome de Down, que tem um cromossomo 21 extra).
Deleções ou duplicações grandes (quando falta ou há cópias extras de grandes partes dos cromossomos).
Translocações (quando há trocas de material entre cromossomos).
Inversões e inserções cromossômicas.
Limitações:
O cariótipo não detecta pequenas mutações ou alterações de pequeno tamanho (como mutações em genes individuais ou pequenas deleções/duplicações).
É menos preciso para mutações moleculares e não vê alterações menores que 5 a 10 megabases.
Usado para: Diagnóstico de síndromes cromossômicas grandes, abortos recorrentes, e condições como síndrome de Turner, síndrome de Klinefelter e leucemias.
2. Microarray (CMA - Análise de Microarranjo Cromossômico):
O que é: O microarray é um exame molecular que detecta pequenas alterações no DNA. Ele examina o genoma em busca de variações no número de cópias (CNVs - Copy Number Variations) de segmentos de DNA, como deleções ou duplicações.
O que detecta:
Microdeleções e microduplicações (perda ou ganho de pequenas partes do DNA).
Alterações no número de cópias de segmentos de genes ou cromossomos (CNVs).
Limitações:
O microarray não detecta mutações pontuais (alterações em um único nucleotídeo) ou rearranjos cromossômicos equilibrados (como translocações que não envolvem perda ou ganho de material genético).
Não detecta mutações em regiões não codificantes do DNA, ou seja, fora dos genes.
Usado para: Diagnóstico de deficiência intelectual, autismo, malformações congênitas, ou casos onde o cariótipo não encontra alterações, mas ainda há suspeita de doenças genéticas. É mais preciso que o cariótipo para síndromes genéticas sutis, como Síndrome de DiGeorge ou Síndrome de Williams.
3. Exoma:
O que é: O sequenciamento do exoma analisa todas as regiões codificantes dos genes (ou seja, os exons, que compõem cerca de 1-2% do genoma humano, mas contêm a maioria das mutações que causam doenças genéticas).
O que detecta:
Mutações pontuais (alterações em uma única base do DNA).
Pequenas inserções e deleções (indels).
Pode identificar algumas CNVs, dependendo do tipo de análise feita.
Limitações:
O exoma não analisa as regiões não codificantes do genoma (intronas ou regiões reguladoras), que também podem conter mutações relevantes.
Não detecta alterações cromossômicas grandes (para isso, o cariótipo ou o microarray são mais indicados).
Não detecta todas as CNVs de maneira tão abrangente quanto o microarray.
Usado para: Diagnóstico de doenças genéticas que envolvem mutações nos genes, como doenças monogênicas (ex.: fibrose cística, síndrome de Marfan, distrofias musculares). É especialmente útil quando outras análises, como cariótipo ou microarray, não encontram a causa da doença.
Conclusão:
Cariótipo: Ideal para detectar grandes alterações cromossômicas e aneuploidias. Usado em diagnóstico de síndromes cromossômicas e cânceres hematológicos.
Microarray: Excelente para detectar pequenas deleções e duplicações (CNVs), especialmente em pacientes com distúrbios do desenvolvimento, deficiência intelectual, ou síndromes genéticas sutis.
Exoma: É o exame mais detalhado para identificar mutações pontuais e pequenas alterações nos genes. Útil para diagnósticos de doenças genéticas causadas por mutações em genes específicos.
Esses testes são frequentemente complementares, e a escolha do teste depende da suspeita clínica e do tipo de alteração genética que se espera encontrar.