GABA e esclerose lateral amiotrófica: benefícios e limitações

O GABA (ácido gama-aminobutírico) é um neurotransmissor inibitório fundamental no sistema nervoso central. Ele desempenha um papel crucial ao reduzir a excitabilidade neuronal e promover um efeito calmante no cérebro e na medula espinhal. Na esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa que afeta os neurônios motores, essa função regulatória pode ser importante para o equilíbrio entre neurotransmissores excitatórios e inibitórios. A desregulação na excitabilidade neuronal na ELA pode contribuir para a degeneração neuronal, o que desperta o interesse no uso de moduladores do GABA.

Potenciais Benefícios do GABA na ELA

Embora o GABA não seja amplamente estudado como um tratamento direto para ELA, algumas de suas propriedades podem ser valiosas no manejo dos sintomas e na neuroproteção:

  1. Redução da Excitotoxicidade
    Na ELA, ocorre uma excitabilidade excessiva dos neurônios motores, que pode acelerar sua degeneração. O glutamato, neurotransmissor excitatório, é encontrado em níveis elevados em pacientes com ELA, levando à excitotoxicidade, um processo no qual os neurônios são danificados pela estimulação excessiva. O GABA, com sua ação inibitória, pode ajudar a equilibrar esse excesso de atividade excitatória, protegendo os neurônios contra danos.

  2. Alívio de Espasmos Musculares
    Pacientes com ELA frequentemente sofrem de espasmos musculares e espasticidade (rigidez muscular), sintomas relacionados à disfunção motora. O GABA pode oferecer alívio, pois tem um efeito relaxante nos músculos esqueléticos, ajudando a reduzir a rigidez e o desconforto.

  3. Efeitos Ansiolíticos e Relaxantes
    Além de seu papel no sistema motor, o GABA também tem propriedades ansiolíticas e calmantes. Pacientes com ELA muitas vezes enfrentam ansiedade e dificuldades para dormir devido à progressão da doença. O GABA pode contribuir para uma melhora na qualidade do sono e na redução da ansiedade, promovendo uma melhor qualidade de vida.

Mecanismos Relacionados ao GABA e a ELA

  1. Disfunção do Sistema GABAérgico
    Pesquisas sugerem que a função do sistema GABAérgico pode estar comprometida em doenças neurodegenerativas como a ELA. Essa disfunção pode piorar a desregulação entre excitação e inibição neuronal, acelerando a progressão da doença. Embora a suplementação direta com GABA não restaure completamente essa função, ela pode ajudar a modular a excitabilidade neuronal.

  2. Moduladores do GABA em Tratamento
    Em vez de usar GABA diretamente, alguns estudos investigam medicamentos que aumentam sua função no sistema nervoso central. O baclofeno, por exemplo, é um agonista do receptor GABA-B, utilizado para tratar a espasticidade muscular em pacientes com ELA. Ele age estimulando os receptores GABA para reduzir os espasmos musculares e a rigidez.

Limitações do GABA na ELA

  • Baixa Penetração da Barreira Hematoencefálica
    Uma das dificuldades do uso do GABA como suplemento é sua baixa capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, que protege o cérebro. Isso significa que grande parte do GABA consumido não chega ao cérebro em quantidades suficientes para ser eficaz. Como resultado, fármacos como o baclofeno, que atuam diretamente nos receptores GABA, são geralmente mais eficazes.

  • Eficácia Limitada
    Embora o GABA tenha alguns benefícios potenciais, como a redução da excitotoxicidade e alívio dos espasmos musculares, sua eficácia como suplemento isolado na ELA ainda é limitada. A maioria das terapias que afetam o sistema GABAérgico foca em medicamentos prescritos, como o baclofeno, que são mais eficientes em atingir os receptores GABA no sistema nervoso central.

Embora o GABA tenha um papel potencial como modulador inibitório, sua eficácia como suplemento isolado para ELA é limitada. Terapias que visam aumentar a função GABAérgica de forma mais direta, como baclofeno, são geralmente mais indicadas no tratamento da doença. Converse com um médico. Para acompanhamento nutricional, marque aqui sua consulta online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/