Leite materno, apego seguro e neurodesenvolvimento

O contato mãe-bebê, especialmente durante a amamentação, desempenha um papel crucial no neurodesenvolvimento e na saúde cerebral da criança. Esse vínculo pode influenciar positivamente vários aspectos do desenvolvimento neural, imunológico e emocional do bebê.

Benefícios da Amamentação para o Neurodesenvolvimento

1. Nutrientes Essenciais: O leite materno é rico em nutrientes essenciais, incluindo ácidos graxos ômega-3 (DHA), que são fundamentais para o desenvolvimento do cérebro. A composição nutricional do leite materno é perfeitamente adaptada para promover o crescimento e o desenvolvimento neuronal.

2. Desenvolvimento Cognitivo: Estudos mostram que crianças amamentadas tendem a ter melhor desempenho em testes de inteligência e de desenvolvimento cognitivo. A amamentação tem sido associada a um aumento no QI e a melhor desempenho acadêmico.

3. Regulação Hormonal: A amamentação estimula a liberação de hormônios como a oxitocina, tanto na mãe quanto no bebê. A oxitocina, conhecida como o "hormônio do amor", está associada à formação de vínculos afetivos e pode influenciar o desenvolvimento social e emocional.

Contato Afetivo e Prazeroso

1. Apego Seguro: O contato próximo e a interação durante a amamentação ajudam a construir um apego seguro entre a mãe e o bebê. Esse vínculo é crucial para o desenvolvimento emocional saudável e pode proporcionar uma base segura para a exploração do mundo e o desenvolvimento de habilidades sociais.

2. Redução do Estresse: O contato pele a pele e a presença amorosa da mãe durante a amamentação ajudam a reduzir os níveis de cortisol (hormônio do estresse) no bebê, promovendo um ambiente neuroquímico mais favorável ao desenvolvimento cerebral.

3. Estímulo Sensorial: A interação constante com a mãe durante a amamentação fornece estímulos sensoriais importantes, incluindo toque, voz e contato visual, que são cruciais para o desenvolvimento neural.

Epigenética e Predisposição Genética

1. Modificação Epigenética: A amamentação e o contato afetivo podem influenciar a expressão gênica através de mecanismos epigenéticos. Fatores ambientais, como o cuidado materno, podem levar a modificações no DNA do bebê que regulam a expressão de genes relacionados ao desenvolvimento neural e à resposta ao estresse.

2. Desligamento de Genes de Predisposição: Algumas pesquisas sugerem que o ambiente afetivo positivo pode "desligar" genes associados a predisposições para doenças neurológicas ou transtornos psiquiátricos. Esse processo é mediado por alterações epigenéticas que modificam a forma como os genes são expressos sem alterar a sequência do DNA.

A amamentação, quando acompanhada de um contato amoroso e prazeroso com a mãe, oferece inúmeros benefícios para a saúde cerebral e o neurodesenvolvimento do bebê. O ambiente afetivo positivo, a nutrição adequada e a regulação hormonal colaboram para um desenvolvimento cognitivo, emocional e social saudável. Além disso, esses fatores podem influenciar a expressão gênica de maneira benéfica, contribuindo para a saúde a longo prazo.

Mas e a mãe que não amamenta? Como desenvolverá apego seguro com o bebê, apoiando seu neurodesenvolvimento?

O desenvolvimento de um apego seguro com o bebê não depende exclusivamente da amamentação. Saiba que mesmo que você não consiga ou possa amamentar, poderá fortalecer o vínculo mãe-bebê de diversas formas:

1. Contato físico: Segurar o bebê, abraçá-lo e fazer pele com pele são ótimas maneiras de criar uma conexão emocional forte. O toque físico transmite segurança e conforto.

2. Olhar e comunicação: Olhar nos olhos do bebê, sorrir e conversar com ele desde cedo ajuda a criar um laço afetivo. Mesmo que o bebê não entenda as palavras, ele sente a atenção e o carinho.

3. Rotina e consistência: Estabelecer uma rotina previsível ajuda o bebê a sentir-se seguro. Saber o que esperar e quando esperar cria um ambiente de confiança.

4. Responder às necessidades do bebê: Atender às necessidades da criança, como fome, sono e conforto, mostra que ele pode confiar na mãe e nos seus outros cuidadores para obter o que precisa.

5. Jogo e interação: Brincar com o bebê, cantar canções de embalar e ler histórias são formas divertidas e eficazes de criar uma conexão emocional.

6. Tempo de qualidade: Passar tempo de qualidade com o bebê, sem distrações, permite que a mãe e o bebê criem memórias e fortaleçam seu vínculo.

7. Apoio emocional: Demonstrar amor e apoio, estar presente emocionalmente e criar um ambiente seguro e amoroso são essenciais para o desenvolvimento de um apego seguro.

Cada mãe e bebê são únicos, e é importante encontrar o que funciona melhor para ambos. O amor e a dedicação da mãe são os principais fatores que contribuem para um vínculo seguro e saudável.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/