A depressão é um transtorno que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. O transtorno é complexo, difícil de estudar e compreender, sendo um dos maiores desafios da medicina e das neurociências. Podemos buscar a definição de depressão e os critérios diagnósticos no DSM-5. Mas o documento não mostra o sofrimento, a desesperança, os desafios dos transtornos mentais.
O relato acima é comum entre pacientes com depressão moderada a grave. Quando um relato desse chega ao consultório já é motivo de comemoração pois a falta de energia que acompanha a depressão faz com que muitas pessoas nem consigam buscar ajuda. E esta é fundamental. Uma equipe multiprofissional com minimamente psiquiatra, psicoterapeuta e nutricionista aumenta as chances de retomada da vida. Se você está ou conhece alguém que está com cinco ou mais destes sintomas nas últimas duas semanas, busque ajuda, por favor:
Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias (o que significa? Tristeza, sensação de vazio ou desesperança)
Acentuada diminuição do interesse (avolia) ou prazer (anedonia) em todas ou quase todas as atividades, na maior parte do dia, quase todos os dias
Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (pelo menos 5% de alteração de peso para cima ou para baixo no último mês)
Insônia ou hipersonia (sono excessivo) quase todos os dias
Agitação ou lentificação quase todos os dias
Fadiga ou perda de energia quase todos os dias
Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva inapropriada quase todos os dias
Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias
Pensamentos recorrentes de morte ou uma tentativa de suicídio ou plano de autoextermínio
Por que a depressão ocorre?
Envolvimento genético (contribuição de aproximadamente 35%), traços de personalidade predisponentes, adversidades (perda de emprego, insegurança financeira, doença crônica, problemas de saúde com risco de vida, exposição a violência, separação, luto) contribuem para a vulnerabilidade ao transtorno depressivo.
Mudanças neurobiológicas acabam ocorrendo no cérebro. Hoje, temos mais compreensão dos mecanismos moleculares conectados à depressão, particularmente neuroinflmação, resposta ao estresse, alterações na microbiota intestinal e na atividade do fator neurotrófico cerebral. Falo mais sobre o tema na minha plataforma de cursos https://t21.video.
Marcadores neurobiológicos conhecidos em estudos de imagem, como atrofia do hipocampo, redução de neurotransmissores, estresse oxidativo, resistência insulínica, disrupções da barreira hematoencefálica são outros fatores associados à piora dos sintomas da depressão, transtornos de humor, ansiedade e também bipolaridade.
Sem cuidados ou com cuidados insatisfatórios há neuroprogressão. Ou seja, o paciente tende a piorar e entrar em um estado crônico. A neuroprogressão está muito ligada aos fatores acima não tratados, incluindo a resistência insulínica cerebral.
Em 50% dos pacientes a medicação gera resposta em 2 a 3 semanas e a remissão dos sintomas chega com 4 a 8 semanas de tratamento, seguida de manutenção por 6 a 12 meses, dependendo do quadro. Contudo, recaídas e recorrências podem ocorrerem, especialmente se os fatores neurobiológicos não forem considerados.
A figura abaixo mostra a importância de tratamentos que vão além da medicação. Indica-se o acompanhamento de biomarcadores para inflamação (como PCR, TNFalfa, IL-6, IL-1beta), para resistência insulínica (HOMA-IR, insulina de jejum) e apoio do tratamento tradicional com novos tratamentos incluindo atividade física, dieta low carb de características antiinflamatórias ou cetogênica (a depender do caso), uso de diversos suplementos, que variam com a condição a ser tratada.
As terapias focadas na correção do metabolismo cerebral foram batizadas de terapias metabólicas, tema apaixonante que você pode conhecer na plataforma https://t21.video.
Consultas de nutrição: https://andreiatorres.com/consultoria