Pessoas com Trissomia do Cromossomo 21 (também conhecida como Síndrome de Down) têm níveis elevados de estresse oxidativo devido a:
Aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (ROS).
Deficiências na neutralização desses radicais livres.
Isso ocorre porque o cromossomo 21, que está triplicado na T21, gerando uma superexpressão de genes que afetam o equilíbrio oxidativo, como o gene da superóxido dismutase (SOD1). Quanto maior a expressão de SOD1, maior é a produção de peróxido de hidrogênio (H₂O₂), um radical livre, que aumenta o estresse e oxidativo, a instabilidade genética, o risco de inflamação crônica, de disfunção mitocondrial e neurodegeneração mais acelerada.
Há também superexpressão do gene CBS (cistationina beta-sintase).A CBS está associada a vários impactos metabólicos, já que o gene está localizado no cromossomo 21, que é trissômico em indivíduos com T11. A CBS é uma enzima chave na via do metabolismo da homocisteína, e sua superexpressão pode afetar várias funções fisiológicas.
1. Alteração do Metabolismo da Homocisteína
A CBS converte homocisteína em cistationina no ciclo da metionina. Com a superexpressão do gene, há uma redução nos níveis de homocisteína plasmática, o que geralmente é observado em pessoas com síndrome de Down. Ao avaliar a homocisteína no exame de sangue, atente-se para o fato de que pode estar um pouco mais baixa na síndrome de Down.
Embora níveis baixos de homocisteína sejam protetores contra doenças cardiovasculares, podem haver efeitos secundários associados ao desequilíbrio de outros metabólitos relacionados. Dificuldades na sua reciclagem também podem afetar negativamente os processos de metilação e produção de neurotransmissores e gerar mais alterações no desenvolvimento neural e cognição.
2. Estresse Oxidativo Aumentado
A via metabólica impactada pela CBS também está relacionada ao metabolismo do enxofre e à produção de glutationa, um antioxidante crucial. A superexpressão pode levar a um desequilíbrio nos níveis de glutationa e outros metabólitos, resultando em maior vulnerabilidade ao estresse oxidativo, com implicações no envelhecimento precoce e em doenças neurodegenerativas.
Devido ao estresse oxidativo aumentado muitas pessoas pensam em suplementar N-acetilcisteína (NAC), um precursor da glutationa, o mais potente antioxidante endógeno.
No entanto, embora tenha potencial terapêutico, o uso da NAC na T21 deve ser avaliado com cautela devido a possíveis contraindicações e efeitos colaterais. Como o NAC é precursor da cisteína, esta vai aumentar ainda mais. Assim, a suplementação prolongada de NAC pode desequilibrar o metabolismo de enxofre, contribuindo para efeitos adversos, como sobrecarga de cisteína ou produção excessiva de taurina.
A NAC pode, em alguns casos, aumentar a produção de intermediários reativos no processo de metabolização do H₂O₂ em glutationa, agravando o estresse oxidativo em vez de mitigá-lo. A introdução de NAC pode levar a um acúmulo de intermediários oxidantes se não houver um equilíbrio adequado entre as enzimas envolvidas.
NAC em excesso também pode causar efeitos colaterais gastrointestinais, como náusea, vômito, que podem ser mais difíceis de gerenciar em pessoas com T21 devido a predisposições gastrointestinais comuns, como refluxo gastroesofágico e constipação.
Muitas vezes, pessoas com SD já utilizam outros suplementos antioxidantes (como vitamina C e vitamina E). O uso concomitante de NAC pode causar sobrecarga antioxidante, desregulando ainda mais o equilíbrio redox.
Assim, o uso de NAC deve ser cuidadosamente avaliado por um médico, considerando o histórico clínico, estado imunológico e metabólico do indivíduo.
Outros pontos de atenção
Saúde gastrointestinal: É importante corrigir problemas digestivos, como disbiose ou intolerâncias alimentares, antes de iniciar suplementações específicas.
EGCG (epigalocatequina galato): Após corrigir o intestino, o EGCG, um polifenol do chá verde, pode ser benéfico. Ele ajuda a modular vias metabólicas alteradas na SD, incluindo o estresse oxidativo e inflamação. Tratar a disbiose antes vai aumentar a biodisponibilidade de nutrientes e do EGCG. A disbiose também pode transformar o EGCG em catequinas menos antiinflamatórias.
Disfunção mitocondrial: É comum em pessoas com T21, afetando a produção de energia e aumentando o estresse oxidativo. O aumento da expressão de CBS foi associado a alteração na cadeia de transporte de elétrons na mitocôndria, maior consumo de oxigênio, alteração da atividade do Complexo IV, maior produção de radicais livres e menor geração de ATP (Panagaki et al., 2019).
Podemos trabalhar com outros nutrientes como coenzima Q10, vitamina E, ácido alfa lipoico, vitaminas B1, B2, B3, C, minerais como magnésio, além de carnitina e ômega-3.
Deficiência de minerais: Verificar níveis de zinco, selênio e outros micronutrientes importantes para o metabolismo antioxidante e imunidade.
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