Mecanismos imunológicos da depressão

Neurônios superexcitados atrapalham o sono, podem gerar mais dor, causar convulsões, alucinações, ansiedade, sintomas depressivos, ataques de pânico, alterações na cognição ou na forma de sentir o mundo. Não sabemos o motivo de determinadas células estarem excessivamente excitadas, mas sabemos que há componente metabólico envolvido. Tanto é que atividade física, dieta cetogênica, jejum, que são estratégias também empregadas no tratamento de diabetes e obesidade, funcionam em várias doenças mentais e neurológicas.

Médicos podem prescrever ainda medicamentos que reduzem a produção de ATP pelas mitocôndrias. Por exemplo, medicações que reduzem as convulsões, podem salvar vidas. O mesmo em pacientes que estão com ideação suicida ou em ataque psicótico. O medicamento suprime o funcionamento da célula. O problema é que o uso crônico da medicação pode alterar de forma permanente a bioquímica cerebral tornando o controle da doença mais difícil ao longo do tempo.

Medicações são importantes em vários casos, não podem ser descontinuadas por conta própria, o paciente deve manter sempre o acompanhamento psiquiátrico e psicológico. De novo, medicamentos frequentemente salvam vidas! Mas existem já muitas evidências de que os mesmos devem ser combinados com estratégias para melhorar a integridade e metabolismo das células.

Se o paciente está muito acima do peso, sedentário, comendo mal, inflamado, dificilmente a doença será controlada. E os medicamentos não atuam aí. Nas últimas duas décadas, surgiram evidências convincentes indicando que os mecanismos imunológicos podem contribuir para a patogênese do transtorno depressivo maior. Pacientes com depressão e biomarcadores pró-inflamatórios elevados são menos propensos a responder a drogas antidepressivas convencionais.

Uma variedade de marcadores imunológicos foi associada ao transtorno depressivo maior. Estes incluem elevação de citocinas pró-inflamatórias, aumentos em tipos de células imunes inatas e mudanças na diferenciação de células T e outros tipos de células imunes. Para o controle da inflamação são adotadas estratégias como a redução do consumo de carboidratos simples, eliminação de alimentos alergênicos, modulação da microbiota intestinal, tratamento da síndrome metabólica, prática de atividade física, meditação...

A elevação de citocinas pró-inflamatórias é observada no líquido cefalorraquidiano, que pode vir da periferia - entrando no sistema nervoso central através da barreira hematoencefálica (centro da figura) ou pelo sistema linfático dural. Substâncias inflamatórias também podem ser produzidas no cérebro, especialmente pelas células da glia.

Dieta antiinflamatória, de características cetogênicas, costuma reparar o problema. Todas as estratégias de tratamento mental e metabólico estão interligadas. Entenda a melhoria da sua saúde mental e metabólica como uma jornada. Tenha paciência, seja bondoso consigo mesmo, cerque-se de profissionais competentes.

Lembre: não faça a ajustes de medicamentos por conta própria, sem a supervisão do seu médico. Profissionais de saúde interessados em nutrição podem aprender o passo a passo da dieta cetogênica terapêutica na plataforma https://t21.video.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/