Consumo de açúcar e risco de declínio cognitivo e doença de Alzheimer

A insulina é um peptídeo secretado pelo pâncreas e desempenha um papel importante na regulação do metabolismo da glicose nos tecidos periféricos. Evidências emergentes de estudos em humanos e animais indicam que a insulina influencia a bioenergética cerebral, aumenta a viabilidade sináptica e a formação da coluna dendrítica e aumenta a renovação de neurotransmissores, como a dopamina.

A insulina também tem um papel na proteostase, influenciando a depuração do peptídeo β amilóide e a fosforilação da tau, que são características da doença de Alzheimer. A insulina também modula a função vascular através de efeitos na vasorreatividade, metabolismo lipídico e inflamação. Através dessas múltiplas vias, a desregulação da insulina pode contribuir para a neurodegeneração (Kellar, & Craft, 2020).

A resistência à insulina ocorre quando as células dos músculos, gordura, cérebro e fígado não respondem bem à insulina e não podem usar a glicose do sangue para obter energia. Para compensar, o seu pâncreas produz mais insulina. Com o tempo, os seus níveis de açúcar no sangue aumentam. Você não pode dizer que tem resistência à insulina pela forma como se sente. Você precisará fazer um exame de sangue que verifique os seus níveis de açúcar e insulina no sangue.

FATORES DE RISCO PARA RESISTÊNCIA INSULÍNICA

  • Obesidade, especialmente acúmulo de gordura na barriga

  • Estilo de vida inativo (sedentarismo)

  • Dieta rica em carboidratos simples (como pão, biscoito, macarrão, refrigerante, açúcar e doces)

  • Doença hepática gordurosa não alcoólica

  • Síndrome dos ovários policísticos

  • História familiar de diabetes

  • Tabagismo (pare de fumar)

  • Idade - é mais provável depois dos 45 anos, em pessoas com estilo de vida não saudável

  • Distúrbios hormonais como síndrome de Cushing e acromegalia

  • Uso de medicamentos como esteróides, antipsicóticos e medicamentos para o HIV

  • Problemas de sono como apneia do sono

RESISTÊNCIA INSULÍNICA E RISCO DE ALZHEIMER

A insulina modifica a atividade neuronal promovendo plasticidade sináptica e melhora a função de memória no cérebro de mamíferos. Notavelmente, vários estudos mostram que a sinalização da insulina é prejudicada no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer. A resistência neuronal à insulina é mediada pela ativação de TNF-α e problemas na sinalização dos receptores de insulina. Tem grande impacto na disfunção sináptica, plasticidade sináptica prejudicada e perda de sinapse. Por isso, as drogas antidiabéticas exercem efeitos benéficos na cognição, proteção de sinapses, déficits de sinalização de insulina e inflamação crônica.

Os produtos finais de glicação avançada (AGEs) também representam uma característica comum no diabetes e na doença de Alzheimer. AGEs são o produto de reações inespecíficas e descontroladas entre proteínas ou lipídios com açúcares. Os AGEs aumentam durante o envelhecimento normal, mas sua formação é promovida em ambientes ricos em glicose. Assim, comer açúcar acaba fazendo muito mal ao cérebro, especialmente a partir dos 40 anos.

O aumento de AGEs eleva a produção de proteína β-amilóide, hiperfosforilação de tau e formação de emaranhados proteicos que contribuem para o declínio cognitivo e neurodegeneração. Os AGEs prejudicam a integridade da barreira hematoencefálica, principalmente em pacientes com mutação do gene APOE4.

O aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica é ainda maior em indivíduos obesos, permitindo o influxo de ácidos graxos livres e AGEs para o cérebro, causando ativação da microglia e astrócitos e a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Esta inflamação de baixo grau crônica do cérebro leva a eventos prejudiciais nos neurônios, incluindo resistência à insulina, preparando o cérebro para comprometimento cognitivo e doença de Alzheimer.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/