Metilfolato no preparo para engravidar e na gravidez

Exposições ambientais, como nutrição ou tabaco, podem ter consequências epigenéticas até a terceira geração em mulheres grávidas. Ou seja, as escolhas feitas, inclusive o que a mulher come e suplementa vai afetar a saúde própria, de seus filhos, netos e até bisnetos!

Vários fatores dietéticos impactam o estabelecimento e manutenção de marcas epigenéticas, influenciam a expressão gênica com efeitos na saúde e risco de doença. Um excesso ou deficiência em alguns micronutrientes (como vitaminas e oligoelementos) pode danificar diretamente o DNA através de quebras de cromossomos ou DNA, deleções ou alterações de nucleotídeos e encurtamento dos telômeros. Estima-se que o impacto das deficiências de micronutrientes na integridade do genoma seja da mesma ordem de magnitude que a radiação ultravioleta. De fato, alguns oligoelementos são fatores cruciais na manutenção da integridade do genoma por meio da precisão da replicação, resistência ao estresse oxidativo e eficácia dos mecanismos de reparo do DNA. Um exemplo é a vitamina B9 (folato).

O metilfolato é essencial ao longo de todo o período gestacional. Faz parte do processo de replicação celular e do momento de hipertrofia fetal, principalmente a partir de 28 semanas de gravidez.

Além disso, tem participação primordial no neurodesenvolvimento do feto e na maturação de mecanismos epigenéticos. A suplementação deste componente é uma das bases imprescindíveis e deve começar antes da mulher engravidar, mantendo-se durante toda a gestação, complementando uma dieta nutritiva, variada, rica em folhososos verde escuros.

Além de dosar ácido fólico no sangue, ácido folico eritrocitário, existem também exames genéticos para entendimento de variações que afetam o metabolismo do folato. O principal gene estudado é o MTHFR, mas existem vários outros de relevância. O ideal é fazer o exame genético pelo menos 6 meses antes de engravidar para que dê tempo de seguirmos com correções metabólicas que tornarão mãe, bebê es futuras gerações mais saudáveis.

Além do diálogo entre os nutrientes e o genoma, devemos também levar em conta o metagenoma (o material genético que compreende a microbiota associada ao ser humano). A microbiota é vista hoje como um “órgão” adicional em estado de simbiose com nosso organismo. A microbiota intestinal simbiótica participa da fisiologia do hospedeiro, incluindo estado nutricional, resposta ao estresse e comportamento e, portanto, modula a saúde e a doença do hospedeiro por meio de rotas metabólicas e imunológicas. Existem também exames para que possamos pesquisar a qualidade da microbiota, tanto genéticos como metagenômicos, além de exames de sangue, fezes e urina, que avaliam metabólitos bacterianos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/