Suplementos que contribuem para a remielinização de neurônios na esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica.

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa do neurônio motor caracterizada por inflamação sistêmica e do sistema nervoso, além de disfunção mitocondrial. A autoimunidade também é questão característica na doença e estes fatores resultam em desmielinização severa do sistema nervoso central (SNC) que afeta 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo. A perda da mielina resulta em perda rápida e progressiva das funções motoras periféricas.

Até o momento, o tratamento medicamentoso é deficiente, sendo que a maioria dos pacientes falece 5 anos após o diagnóstico. Foi reconhecido que a promoção da remielinização é uma estratégia promissora para o tratamento da doença. Os oligodendrócitos são as células mielinizantes do SNC. A morte dos oligodendrócitos é a essência da desmielinização.

Os polissacarídeos do Astragalus (APS), o principal componente bioativo da planta Astragalus membranaceus, previnem desmielinização e aliviam as disfunções neurocomportamentais causadas pela desmielinização. É composto por seis monossacarídeos - manose, glicose, xilose, arabinose, ácido glucurônico e ramnose. Numerosa literatura relatou que o APS possui diversas atividades biológicas, como antiinflamatória, antioxidante, antiviral, principalmente.

O extrato de Astragalus aumenta a atividade motora e reduz a perda de neurônios motores em camundongos. Além disso, reduz significativamente os níveis de proteínas inflamatórias e proteínas relacionadas ao estresse oxidativo nos músculos esqueléticos e na medula espinhal de camundongos. Regula ainda a autofagia e aumenta junção neuromuscular.

Modulação intestinal na esclerose lateral amiotrófica

Apesar da contribuição genética, acredita-se que 90 - 95% de todos os casos não sejam familiares, mas ambientais. A exposição a substâncias tóxicas como o glifosato parecem estar entre os fatores de risco para a doença. O glifosato, ingrediente ativo do herbicida Roundup®, desempenha um papel na ELA, principalmente através da substituição equivocada da glicina durante a síntese protéica, interrupção da homeostase mineral e estabelecimento de um estado de disbiose intestinal. O estado disbiótico inicia uma cascata de eventos inicialmente prejudicando o metabolismo no intestino e, finalmente, através de uma série de estágios intermediários, levando ao dano de neurônios motores, como observado na ELA. O lipopolissacarídeo, um subproduto tóxico da disbiose que contribui para a patologia, mostra-se estatisticamente maior em pacientes com ELA (Seneff et al., 2016).

Uma menor abundância de bactérias produtoras de butirato, associada à permeabilidade intestinal, foi detectada em um modelo murino da doença. Foi demonstrado que camundongos transgênicos Sod1 (Sod1-Tg) propensos a esclerose lateral amiotrófica alteraram a microbiota e a composição de metabólitos, juntamente com a exacerbação da doença e tratamento com antibióticos. Estudos em humanos ainda estão no início mas cuidar do intestino é importante para todas as pessoas com condições neuroinflamatórias.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/