Metabolismo do triptofano

O triptofano é um aminoácido essencial ao organismo humano. Como não é produzido no corpo humano deve estar presente na dieta para que consigamos produzir nossas proteínas.

Este aminoácido também é matéria prima para a produção do neurotransmissor serotonina e para a produção de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD). Para que o triptofano seja convertido em serotonina não pode faltar vitamina B6. E para que seja convertido em NAD são necessários os nutrientes ferro, B2 e B6.

Com a melhor produção de serotonina e NAD, o sono melhora, há alívio da depressão e ansiedade, maior bem-estar emocional e redução de dores. Embora o triptofano consumido através dos alimentos seja normalmente seguro, algumas pessoas experimentam efeitos adversos da forma de suplemento. Os efeitos colaterais mais comuns, principalmente gastrointestinais são azia, dor de estômago, arrotos, redução do apetite e náuseas.

O triptofano geralmente não é prescrito junto com medicamentos que aumentam demais serotonina, pois o risco de síndrome serotoninérgica aumenta.

O que é síndrome serotoninérgica?

Manifestação clínica do excesso de serotonina no sistema nervoso central. Gera (1) excitação neuromuscular (tremores, rigidez muscular, hiperreflexia, espasmos musculares, movimentos oculares caóticos), efeitos autonômicos (transpiração excessiva, taquicardia, febre, náuseas, vômitos, diarreia, hipertensão) e alteração do estado mental (ansiedade, agitação, delírios). Em relação à toxicidade, a síndrome varia do grau leve ao grave.

Portanto, evita-se o uso do triptofano com medicações como antidepressivos tricíclicos (TCAs), Inibidores da MAO (MAOIs), analgésicos como tramadol e meperidina, medicamentos para enxaqueca, xarope para tosse que contém dextrometorpan, inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs), como citalopram, fluoxetina, sertralina. Sempre avise seu médico sobre o uso de qualquer suplemento, caso esteja fazendo uso de medicamentos.

Caso não esteja usando tais medicamentos pode considerar o uso de triptofano. Contudo, apenas 5% do triptofano será convertido em serotonina (Cervenka, & Ruas, 2017). Por isto, para melhoria do sono, ansiedade ou depressão, ao invés de triptofano, podemos recomendar que você tome suplementos de 5-HTP, que é o triptofano antes de ser totalmente convertido em serotonina.

Outra explicação é que o 5-HTP não é substrato para as enzimas indoleamina-2,3-dioxigenase (IDO) e triptofano dioxigenase (TDO). Por que isto é importante. A IDO é sensível à inflamação e a TDO é sensível ao estresse prolongado. Estes dois fatores desviam o metabolismo do triptofano para a via de ácido quinolínico, com efeito neurotóxico.

Triptofano e formação de substâncias neuroativas

Além de precursor do neurotransmissor serotonina, a molécula neuroprotetora ácido quinurênico, a molécula neurotóxica 3-hidroxiquinurenina (3-HK) e o produto de degradação neurotóxico de 3-HK, ácido quinolínico são formados a partir do triptofano.

A quebra inicial do triptofano em quinurenina é realizada pela enzima indoleamina-2,3-dioxigenase 1 (IDO1). A IDO1 pode ser induzida por vias inflamatórias, principalmente pelo IFNɣ.

Grande parte desta formação acontece no intestino. Após tratamento com antibióticos os níveis circulantes de triptofano aumentam. Isto acontece porque as bactérias morrem no intestino e mais triptofano é absorvido. Já quando há muita bactéria no intestino o triptofano é utilizado para fabricação das substâncias acima. O intestino é o maior fabricante de serotonina (95%), enquanto o cérebro fabrica apenas 5% da quantidade deste neurotransmissor no corpo.

Bactérias probióticas (boas) como B. infantis 35624 e L. reuteri faz com que a quantidade de ácido quinurênico (neuroprotetora) aumente. Já quando o estresse é alto, a microbiota sofre, bactérias como Lactobacillus spp. morrem e a quantidade de quinurenina eleva-se. Lembrando que a quinurenina é neurotóxica e está associada à mais ansiedade e depressão.

O L. reuteri ATCC 23272 também produz peróxido in vitro, um radical livre inibidor da enzima IDO1, que é sensível a espécies reativas de oxigênio. Os níveis de peróxido fecal são diminuídos em camundongos estressados, mas elevados em camundongos tratados com L. reuteri ATCC 23272.

Fibras prebióticas, que alimentam bactérias boas, também ajudam a reduzir os níveis circulantes de triptofano em um contexto semelhante à depressão. Esses padrões sugerem que o esgotamento da microbiota intestinal aumenta o triptofano disponível na circulação, pois não está sendo metabolizado com tanta frequência por micróbios comensais.

Por outro lado, probióticos e prebióticos ajudam a apoiar o crescimento da microbiota saudável, o que levaria ao aumento da competição de triptofano e níveis mais baixos na circulação. Não é que a via das quinureninas seja sempre deletéria. Vimos que o ácido quinurênico é neuroprotetor. Mas para prevenir que o mesmo continue até ácido quinulínico precisamos de um ambiente desinflamado. Aprenda mais sobre a relação intestino cérebro:

Como inflamação e estresse diminuem disponibilidade de triptofano, para combater a depressão, adote dieta antiinflamatória e utilize-se de estratégias para gerenciamento da sua saúde mental. Vale fazer atividade física, terapia, yoga, meditação, ouvir música… Além disso, cuidar do intestino e suplementar vitamina D para que níveis sanguíneo estejam próximos de 50 ng/ml. Esta estratégia ativa a triptofano hidroxilase 2, enzima fundamental à conversão de 5-HTP em serotonina. Além disso, a vitamina D ajuda a combater a neuroinflamação.

APRENDA A TRATAR SEU INTESTINO

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/