Muita gente tem medo de açúcar, mas a gordura em excesso também tende a ampliar a atividade dopaminergica em regiões que sinalizam estímulos salientes palatáveis associados esse nutriente (estriado ventral), bem como em regiões que estão relacionados ao desejo (estriado dorsal medial) e regiões relacionadas a formação preferência de sabor (estriado dorsal lateral). É comum prazer com lipídios, lembre de uma torta bem chocolatuda ou uma picanha com gordura na medida.
A gordura não somente altera atividade dopaminergica, mas também de seus receptores e transportadores, refletindo em maior comportamentos impulsivos e reativos diante de alimentos gordurosos no ambiente, estabelecendo mudanças persistentes na circuitaria neural.
Curiosamente, o efeito da gordura pode ser até maior que a sacarose (açúcar) quando ambos são oferecidos aos animais, onde a bebida associada a infusão de gordura levou a maior consumo de calorias e maior ganho de peso comparado com a bebida rica em açúcar, tanto a nível comportamental, quanto a nível neurobiologico através da maior atividade de determinadas áreas cerebrais.
A própria presença do estímulo gorduroso orossensorial (oral e olfativa) induziu respostas dopaminérgicas tão proeminentes que a própria sacarose. Açúcar tem facilidade de absorção, enquanto gordura tem um impacto no sistema mesolímbico.
Ou seja, é normal comermos mais quando há mais alimento hiperpalatável e mais gorduroso à mesa. Se isso irá virá um comportamento mal adaptado, em que só desejamos estes tipos de alimentos, já é uma história mais complexa. Leia também este outro artigo (como decidimos o que comer?).
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