O que acontece no cérebro antes do diagnóstico de autismo?

Um transtorno é uma faixa onde pessoas diferentes encontram-se dentro de um espectro. Algumas características são marcantes no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) como dificuldades de comunicação e socialização, além de comportamentos restritivos e repetitivos.

Várias características cerebrais foram identificadas durante o período pré-sintomático no autismo. Mesmo antes do desdobramento dos sintomas característicos do TEA observa-se crescimento da área de superfície cortical (entre 6 e 12 meses de idade), fator preditivo de um eventual diagnóstico de autismo

Há também aumento do volume de líquido cefalorraquidiano (LCR) extra-axial aos 6 meses de idade (ou seja, LCR no espaço subaracnóideo; colorido em vermelho), igualmente associado ao diagnóstico de autismo, déficits motores precoces e gravidade posterior do autismo. É comum conectividade aberrante da substância branca aos 6 meses de idade, fator preditivo da gravidade dos comportamentos repetitivos e da responsividade sensorial no momento do diagnóstico.

Essas características neurais são concomitantes com sinais comportamentais precoces no primeiro ano de vida, seguidos pelo desdobramento de sintomas diagnósticos no segundo ano de vida, e consolidação de sintomas comportamentais que levam ao diagnóstico de autismo. Além do cérebro o autismo afeta outros sistemas.

Autismo é uma desordem sistêmica

O TEA é uma desordem sistêmica que afeta também o cérebro. Uma de suas características é a inflamação (especialmente neuroinflamação e inflamação gastrointestinal). Até 70% dos indivíduos com TEA apresentam queixas digestivas.

A alergia ao leite é comum, cursando com sintomas como diarreia, dermatite, atopia (reações de hipersensibilidade mediada por IgE), refluxo, quadros inflamatórios de repetição (otite, amigdalite, monilísase). Ao longo da vida pode contribuir para artrite e poliartrite.

A terapia alimentar pode envolver a substituição do alimento causador de mau estar por outros igualmente nutritivos. Quando há seletividade alimentar indica-se terapia com plano de encadeamento de alimentos baseados em texturas, cores, sabores e questões sensoriais, de modo a ampliar aceitação alimentar.

Um cérebro com maturação deficiente, pouco concretizada com tendência inflamatória, poderá ter produção ou uso alterado de neurotransmissores. Observa-se comumente no TEA uma baixa atividade GABAergica e alta atividade glutamatérgica. O glutamato é um neurotransmissor excitatório. Seu excesso agrava a hiperatividade, irritabilidade.

Estratégias que reduzam a neuroinflamação e apoiem o aumento de GABA (neurotransmissor relaxante) são indicadas. Falo mais sobre estes temas em https://t21.video (a plataforma do cérebro).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/