COMO TIREÓIDE E INTESTINO CONVERSAM? CONHEÇA O EIXO INTESTINO-TIREÓIDE

Quando a tireóide não produz hormônios em quantidade suficiente (ou se produz em excesso) todo o metabolismo é desregulado. São várias as causas das desordens tireoidianas, incluindo-se polimorfismos genéticos, doenças autoimunes, radiação, problemas na pituitária que reduzem a produção de TSH, gestação, deficiência de iodo, selênio, zinco ou ferro, intolerância ao glúten, disbiose e uso de medicamentos.

Uma microbiota intestinal saudável mantém cérebro, sistema imune e também a tireóide saudáveis. É muito comum que doenças intestinais (como doença celíaca, sensibilidade ao glúten não celíaca) ou síndrome do intestino irritável) coexistam com alterações da tireóide como tireoidite de Hashimoto.

Quando a barreira intestinal é danificada há aumento da permeabilidade intestinal, permitindo que antígenos passem mais facilmente para a corrente sanguíneo, ativando o sistema imune, o que pode gerar autoimunidade contra a tireóide. Pessoas com alteração da tireóide muitas vezes apresentam também disbiose intestinal.

A composição da microbiota intestinal também influencia a forma como as células responsáveis pela absorção de nutrientes comporta-se. Um intestino pouco saudável absorve menos nutrientes fundamentais para o bom funcionamento da tireóide. Iodo, ferro e cobre são cruciais para a síntese do hormônio tireoidiano, selênio e zinco são necessários para converter T4 em T3 e a vitamina D auxilia na regulação da resposta imunológica. Esses micronutrientes costumam ser deficientes em pessoas com doenças autoimunes da tireóide.

A suplementação de probióticos mostrou efeitos benéficos sobre os hormônios tireoidianos. As carências nutricionais também precisam ser corrigidas. A anemia ferropriva, por exemplo, é um problema global de saúde pública. Estima-se que, no mundo, entre 20 a 25% das pessoas sofram de anemia, principalmente crianças até o 6o ano de vida. Pelo menos 50% dos casos de anemia é causado pela deficiência de ferro. Os demais casos são causados por carências diversas como vitamina A, B12, folato e doenças como malária, anemia falciforme, HIV e outras doenças infecciosas.

Dados extensos de estudos em animais e humanos indicam que a deficiência de ferro prejudica o metabolismo da tireóide. O ferro também é um ativador do receptor do hormônio da tireóide, além de ser fundamental para a adequada utilização do iodo. Assim, a anemia precisa ser tratada. A causa da anemia deve ser primeiramente investigada (polimorfismo genético, baixo consumo de ferro, aumento de perda sanguínea, disbiose?). A anemia é comumente associada a aumento do TDAH em crianças e a redução do T3 livre.

Como vimos, a disbiose é responsável por muitas deficiências nutricionais. Bactérias intestinais são reservatórios de T3, prevenindo flutuações exageradas dos hormônios da tireóide. A necessidade de ajuste de T4 medicamentoso é significativamente menor quando são usados suplementos probióticos (Spaggiari et al., 2017).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/