Shojin ryori refere-se à culinária budista tradicional. Acredita-se que alinhe a mente, o corpo e a alma. Esta culinária vegetariana com cunho espiritual foi aperfeiçoada por monges budistas ao longo de séculos. Por isso, é frequentemente mencionada como a cozinha da devoção. Recentemente essa culinária encontrou seu caminho para além dos mosteiros entrando em restaurantes chiques premiados no Japão com muitas estrelas Michelin.
Tradicionalmente, a culinária Shojin era uma atividade simples, que destaca a importância da seleção e equilíbrio dos ingredientes. Como alguns pratos exigem horas de preparo e muita paciência, como o tofu (que não era comprado pronto, mas sim feito pelos monges) com gergelim moído na hora, acabada servindo também como uma lição de controle da mente, paciência e domínio das expectativas do ego.
Além disso, afim de conseguirem cumprir suas atividades nos templos, os monges não podem comer nem pouco nem muito. Precisam encontrar o equilíbrio perfeito, alinhando as necessidades do corpo sem o causar danos.
Os pratos também precisam ser equilibrados em termos de sabores, oferecendo o equilíbrio perfeito entre doce, azedo, amargo, salgado e umami, além de um mix de técnicas (assado, cozido em água, frito, cru, grelhado, cozido no vapor…). Assim, aprendemos também a valorizar cada ingrediente, os cuidados com o preparo, o equilíbrio nutricional e o apelo aos cinco sentidos.
Pratos vegetarianos
Na culinária Shojin todos os pratos são feitos sem carne ou peixes e, em vez disso, concentra-se em vegetais sazonais e plantas locais. Sabores fortes como alho e cebola também são evitados afim de evitar estímulos excessivos.
Os pratos agradam também a não vegetarianos, uma vez que única refeição é composta por vários pratos pequenos, coloridos, saudáveis e reconfortantes. Nos restaurantes desta tradição os pratos também são lindos e cuidadosamente montados, o que por si só já é uma festa para o olhar.
Outras características da culinária Shojin
Ao sentarem para comer, os monges refletem sobre o cuidado e dedicação necessários ao plantio e preparo dos alimentos. As mãos juntam-se e recitam uma prece de agradecimento pela vida que estão recebendo em forma de uma deliciosa refeição, preparada com temperos antioxidantes, antiinflamatórios e que enfatizam os sabores dos alimentos.
As tigelas são pequenas e costumam conter arroz, uma sopa, vegetais com molho e um pires com vegetais cozidos ou fritos, além de algum picles. Shojin Ryori se preocupa em minimizar o desperdício, usando cascas e subprodutos para fazer alguns pratos saborosos. Por exemplo, o resíduo de soja pode ser transformado em outro prato, enquanto as cascas podem ser usadas para cozinhar o caldo, tornando esta culinária bastante nutritiva.
Tenzin Gyatso, o 14o Dalai Lama, está hoje gozando de saúde e vitalidade aos 86 anos. Ele, que sempre foi vegetariano acredita que viverá até os 110 anos. Como está sua saúde física, mental e espiritual?