O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), também conhecido por perturbação de hiperatividade e déficit de atenção (PHDA) ou perturbação hipercinética é uma das perturbações neurocomportamentais mais frequentes na criança e no adolescente. Pode persistir ao longo da vida, acarretando várias comorbilidades. Caracteriza-se por um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, que interfere no funcionamento e desenvolvimento normais, tendo impacto negativo nas atividades sociais, acadêmicas e profissionais.
Apesar das causas permanecerem desconhecidas existe uma componente multifatorial que envolve fatores genéticos, psicológicos, sociais e ambientais. Estima-se que a patologia prevaleça no adulto em cerca de 60% dos casos. Eu mesma só recebi o diagnóstico este ano, aos 45 anos, e tudo faz mais sentido agora.
O tratamento da PHDA inclui uma abordagem educacional, psicossocial e farmacológica, que pode ser complementada por técnicas psicoterapêuticas cognitivo-comportamentais e treino de competências sociais. O uso de medicamentos é, em muitos casos, a primeira opção médica. Contudo, o diagnóstico correto é fundamental, evitando os riscos inerentes ao excesso de medicação desnecessária. Se você tem dúvida sobre seu diagnóstico precisará conversar com um profissional capacitado na área (psiquiatra, neurologista ou psicólogo). Antes da consulta pode fazer os testes a seguir para entender melhor seu quadro:
É importante lembrar que nem todas as pessoas hiperativas, desatentas ou impulsivas têm TDAH. Esses comportamentos também podem ser causados por ansiedade ou por uma variedade de outras condições psicológicas, bem como por dificuldades de aprendizado. Para confirmar um diagnóstico preciso de TDAH antes da prescrição de medicamentos, os comportamentos característicos devem ser mostrados como crônicos (que existiam antes dos 12 anos de idade e por pelo menos 6 meses) e difundidos (observados em pelo menos dois contextos de vida - na escola, no trabalho, em casa, com colegas e assim por diante).
Por que o diagnóstico demora tanto?
Nem toda criança é hiperativa. Algumas crianças com déficit de atenção passam despercebidas. São quietinhas. Contudo, podem ter outras características que aumentam o sofrimento ou isolamento. Podem ser hipersensíveis a barulhos, toques, luzes, sons. Suas hipersensibilidades aumentam a ansiedade e tornam difícil manter o foco e a organização. Podem também ser emocionalmente sensíveis. Isso inclui sensibilidade às críticas, profunda empatia pelos sentimentos dos outros e reações impulsivas ou exageradas às mais diversas situações, deixando os outros magoados e confusos.
Ao longo dos anos, mesmo sem diagnóstico, pessoas com TDAH vão encontrando estratégias para redução do estresse e da ansiedade. Optam por lugares mais tranquilos, roupas mais confortáveis, ambientes mais silenciosos, usam maquiagem apropriada para peles sensíveis, substituem perfumes e produtos de limpeza por produtos naturais feitos a partir de óleos essenciais, buscam profissões com horários mais flexíveis, e assim por diante.
Cuidados no uso da medicação
Após a escolha da medicação o paciente deve ser monitorado mensalmente. O médico verificará a presença de sintomas para avaliar se os remédios estão funcionando, se a dosagem está adequada, se a opção foi a melhor (e isso é feito por tentativa e erro). Por exemplo, uma pessoa pode se dar melhor com uma droga não estimulante, como um antidepressivo tricíclico. A dose correta é exclusiva para cada pessoa. Como todo mundo tem uma resposta única à medicação e a metaboliza a uma taxa diferente, os efeitos colaterais também serão distintos. Estimulantes podem causar problemas no sono, perda de apetite, dor de cabeça, tiques e dor de estômago. Um antidepressivo pode causar sonolência, aumento do apetite ou queda da libido. Prós e contras precisam então ser pesados.
Não deixe sua alimentação sabotar seu tratamento
O acompanhamento com nutricionista é muito importante. Refeições ricas em gordura ou vitamina C podem atrapalhar a absorção do metilfenidato, comprometendo a eficácia do medicamento. Carboidratos refinados (que contêm quase nenhuma fibra) estimulam a liberação de dopamina, assim como os medicamentos estimulantes e a adrenalina. Isso significa que as pessoas com TDAH adquirem o hábito de se encher de pães ou doces para obter a dopamina que o cérebro não produz naturalmente. Só que acabam ganhando peso excessivamente, fazendo com que a autoestima piore ainda mais.
O intestino também precisa estar funcionando adequadamente. Pessoas com disbiose intestinal também tem o cérebro mais inflamado. Sensibilidades e alergias também precisam ser tratadas pois afetam o comportamento. Glúten e laticínios costumam ser os alimentos que mais causam problema, mas isso também é individual.
A água compõe 75% do nosso cérebro. Pessoas desidratadas também podem apresentar mais sintomas do TDAH. Atente-se também ao consumo de ômega-3, já que baixos níveis deste ácido graxo levam à inflamação crônica em todo o corpo. A correção dos níveis de ômega-3 ajuda não só na redução da neuroinflamação, mas também na regulação dos níveis de dopamina no cérebro. Você pode adicionar ômega-3 à sua dieta comendo salmão selvagem, sardinha, atum, chia, linhaça e nozes, ou tomando um suplemento de óleo de peixe ou óleo de linhaça.
Seu corpo também requer várias vitaminas e minerais para produzir dopamina (ferro, niacina, folato e vitamina B6). Além disso, vários outros suplementos e alimentos antiinflamatórios têm sido associados ao aumento dos níveis de dopamina, como magnésio, vitamina D, curcumina, extrato de orégano e chá verde.
Não fique sem tratamento. Nossa equipe de nutricionista e psicóloga podem lhe ajudar com muitas estratégias para que consiga navegar melhor pela vida. Agende sua consulta.
Práticas integrativas no tratamento do TDAH
Com a melhoria dos sintomas os medicamentos costumam ser descontinuados. Isto costuma acontecer, em média, após 2 anos de tratamento (van de Loo-Neus, Rommelse, Buitelaar, 2011). Para manutenção do bem-estar outras estratégias são sugeridas. Meditação, yoga, música agradável, contato com a natureza também contribuem para o aumento dos níveis de dopamina e redução dos sintomas (Cerrillo-Urbina et al., 2015). Algumas pesquisas sugeriram que o neurofeedback, uma técnica na qual as pessoas são treinadas para alterar seus padrões de ondas cerebrais, pode melhorar os sintomas do TDAH, mas vários pequenos estudos que compararam a intervenção ativa com outros procedimentos não encontraram diferenças entre os tratamentos (Hurt, Arnold & Lofthouse, 2014; Sudnawa et al., 2018).
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