No intestino, vários gases - incluindo hidrogênio (H2), metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), sulfeto de hidrogênio (H2S), óxido nítrico (NO) e compostos contendo enxofre - são gerados por meio de interações químicas ou ações metabólicas da microbiota residente com os alimentos consumidos. A flatulência também pode ser gerada quando a pessoa engole gases durante a alimentação ou com o consumo de bebidas carbonatadas, como refrigerantes. Como o N2 deglutido não é absorvido ou metabolizado durante sua passagem pelo intestino, seus níveis permanecem razoavelmente estáveis em todo o trato gastrointestinal. Outra fontes de gases no intestino delgado proximal, é a reação entre o bicarbonato (HCO3−), que é secretado pelo pâncreas, com o conteúdo de ácido clorídrico (HCl) vindo do estômago.
As pessoas são muito diferentes nisso tudo. Enquanto algumas sofrem demais com gases outras nunca têm esse problema. Para quem sofre com a flatulência mastigar bem os alimentos, consumir pouco alimento industrializado, evitar refrigerantes e cuidar da composição da microbiota intestinal estão entre as estratégias mais importantes. O volume e o perfil dos gases produzidos variam amplamente em função da abundância de bactérias e substratos.
Algumas pessoas produzem tantos gases que sofrem até com o consumo de alimentos saudáveis. Os carboidratos dietéticos são moléculas baseadas em carbono de diferentes comprimentos e tamanhos. Em uma dieta ocidental média, cerca de 40 g diários de carboidratos dietéticos escapam da digestão e absorção enzimática do hospedeiro no intestino delgado e atingem os segmentos fermentativos do intestino.
No intestino delgado, apenas os monossacarídeos são absorvidos diretamente, e a eficiência do processo de absorção difere entre os açúcares individuais. A glicose e a galactose, por exemplo, são absorvidas rapidamente, enquanto a frutose é absorvida mais lentamente. Má absorção de frutose, um evento fisiologicamente normal, ocorre quando o excesso de carga de frutose é alta, quando a velocidade de trânsito através do intestino delgado é rápido, ou quando a capacidade do intestino delgado para absorver o açúcar é diminuída. Dissacarídeos dietéticos (como lactose e sacarose) e oligossacarídeos liberados da digestão do amido mediada por amilase requerem digestão por enzimas de borda em escova antes da absorção. Assim, sua absorção falha quando a atividade dessas enzimas é baixa, como ocorre na deficiência de lactase ou sacarase-isomaltase.
Os carboidratos não absorvidos chegam ao cólon rico em bactérias, onde podem ser fermentados. Em geral, carboidratos de comprimentos de cadeia curta são fermentados mais rapidamente do que aqueles com um comprimento de cadeia longa, rendendo maiores quantidades de gás em um período de tempo mais curto. Os FODMAPs são justamente carboidratos de cadeia curta, de absorção lenta ou não digeríveis, que são prontamente fermentados. Quando a hipersensibilidade visceral está presente, sintomas como dor abdominal, distensão abdominal e alterações no hábito intestinal podem ocorrer em resposta à ingestão de FODMAP.
A dieta Low FODMAP é feito pela redução ou restrição de todos os alimentos com alto teor de FODMAP por um período, e reintrodução gradual dos mesmos, assim é possível perceber em qual grupo de FODMAP existe maior intolerância.
Lembre que ao realizar essa dieta e diminuir as quantidades de carboidratos fermentáveis, há também diminuição do combustível utilizado pelas bactérias benéficas da microbiota intestinal. Assim, essa dieta é capaz de diminuir a diversidade da microbiota e por isso não é recomendado executá-la por longos períodos. Por isso, ao executar a dieta FODMAP suplemente uma variedade de probióticos para amenizar a disbiose intestinal.