Johannes Bohannon é um jornalista que publicou em maio um artigo contanto como enganou milhões pelo mundo com "ciência de péssima qualidade". Em artigo científico publicado junto com pesquisadores alemães mostrou que o consumo de chocolate amargo ajuda a emagrecer.
Fizeram ciência de verdade, recrutaram pessoas pelo Facebook, aplicaram questionários, fizeram exames de sangue e dividiram os participantes (n=16) em dois grupos. O primeiro grupo de 8 pessoas seguiu uma dieta com baixo teor de carboidratos e o segundo a mesma dieta adicionada de chocolate amargo.
Após 21 dias e análises estatísticas observou-se que ambos os grupos haviam perdido em média de 10 kg. Mas o grupo que consumiu o chocolate havia perdido peso 10% mais rápido, relatavam mais bem estar e tinham melhor perfil lipídico.
Mas na ciência é assim: mede-se qualquer coisa, com pouca gente e por pouco tempo e alguma diferença será encontrada. Com um grupo tão pequeno a chance de encontrar alguma diferença estatística era alta (pelo menos 60%).
Os autores do artigo sabiam que estavam enviesando a pesquisa. Sabiam que estavam fazendo uma "ciência ruim". Na verdade estavam fazendo propositadamente para a gravação de um documentário. Queriam saber os efeitos desta ciência ruim pelo mundo. E ele aconteceu. Jornalistas do mundo todo passaram a publicar os resultados como verdadeiros.
Aqui no Brasil revistas, jornais e blogs entraram na onda.
Existem lições para serem levadas para casa:
Jornalistas, blogueiros e outros divulgadores de informação precisam pesquisar bem suas fontes. Bom, é o básico da área. Precisam também ter conhecimento científico básico para distinguir ciência boa de ruim.
Algumas dicas:
- O estudo foi aprovado por comitê de ética? Neste caso, não foi!
- Os participantes assinaram consentimento livre e esclarecido? Neste caso, não.
- Em que revista científica o estudo foi publicado? Qual é a sua classificação/reputação?
- Qual foi o número de participantes do estudo?
No caso da nutrição, uma ciência nova, mas complexa, jornalistas deveriam buscar uma formação mínima na área. Ou pelo menos, entrevistar pesquisadores renomados da área para uma melhor interpretação dos estudos. Não custa nada...